terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Agradecer...




Chega o final de mais um ano e, acredito que não há data mais especial, para fazermos sempre aquele "balanço" geral de como foi o ano que passamos. É impossível não rememorar fatos tão importantes e por em pauta o que deu certo, o que precisa ser revisto, o que definitivamente é uma página virada. Embora eu tenha uma dificuldade incrível em virar páginas. 
Mas este ano, eu quero agradecer...
Em primeiro lugar há essa força divina que salvou meus pais de um grave acidente de trânsito. Eu jamais vou esquecer daquela data, daquelas horas e da alegria que foi chegar ao hospital e ver meu pais vivos. São nesses momentos que você vê como a vida é frágil e, por este motivo é preciso amar muito, muito mesmo.
Sou abençoada por ter pais tão maravilhosos e agradeço a isso também. Jurinha e Taninha são as pessoas mais iluminadas que conheço, pais que educam,  respeitam, ensinam e vivem cada conquista ao lado das suas filhas. Quando nasci ganhei um presente, poder ser filha deles. Sem contar na atmosfera de harmonia e de amor que os dois transmitem. Também fico imensamente feliz, por ver que a mamãe está realizando seu sonho, ser professora. É encantador ouvir ela comentar com tanta doçura dos seus pequenos e das horas que ela fica na mesa da cozinha a preparar as lições, com todo carinho. 
Agradeço pela irmã maravilhosa que tenho, exemplo que a gente deve correr atrás dos nossos sonhos, batalhadora, trilhando com dedicação seu caminho na música com a banda Corina. Sou sua fã, admiro e respeito muito o seu trabalho.
Iniciei 2013 namorando uma pessoa maravilhosa, devo agradecer e muito! Apesar de nunca fazermos planos, vivíamos o dia a dia de maneira muito agradável, nem ele pode imaginar o quanto bem, ele me fez. Não houve erros e nem desafetos, só escolhemos seguir caminhos diferentes. Mas admiro muito você, sua inteligência, seu humor irônico e inigualável, sua capacidade de se socializar com todo mundo e se tornar o queridinho de todos. Obrigada por tudo. Jamais esquecerei você.
Agradeço ao meu trabalho, não há como citar nomes, pois agradeço a todos, pessoas importantes, professores, alunos, comunidade e funcionários. Esse ano, passei mais tempo na escola do que na minha própria casa, então, a escola foi e é a extensão da minha vida. Procurei fazer o meu trabalho da melhor maneira, sei que houve muitas falhas, há muito a se fazer, quando falamos em educação. Mas quem ainda permanece é porque acredita que podemos mudar alguma coisa, pois ainda temos esperança.
Este ano também fui presenteada por ser uma das orientadoras de estudos do Pacto, programa federal de formação continuada para professores e tive a oportunidade de trabalhar com professoras maravilhosas, criativas e dinâmicas. Agradeço a todas. E sem contar na equipe de formadoras, viagens a UNICAMP, ideias, power points, lembrancinhas, horas de estudo pela madrugada afora e como estudamos! 
E novamente seria injusto citar nomes, pois agradeço a todos que passaram pelo meu caminho este ano, alguns de forma mais intensa, outros bem passageira, teve gente que me desapontou, mas também sei que desapontei muita gente. Tem gente que conheci e que amei, logo de cara! Afinidades que foram sendo lapidadas. Também vi como as pessoas podem ser desonestas, egoístas e maldosas. Mas também vi um número bem maior de  gente ao meu redor: gentil, feliz e que se preocupa com o outro. 
Também quero deixar registrado o quanto agradeço ao meu ex marido Carlos. Quanto aprendi e quanto cresci nessa experiência de ser casada. Espero de coração que ele possa estar muito feliz! Obrigada!
Acho que a cada ano, passamos por tudo isso... encontramos as mais variadas pessoas, vivemos inúmeras situações, aprendemos e erramos muito. 
Esquecemos de olhar nos olhos de quem amamos e dizer um sonoro: eu te amo. 
Esquecemos de olhar a lua e seu espetáculo, de ver as flores que a  árvore nos presenteia, de beber a água como uma benção, de saborear a comida feita com carinho. Esquecemos de sorrir mais, de elogiar mais, de fazer gentilezas. Esquecemos o quanto a nossa vida é curta. 

2013, gratidão, essa palavra tudo.

"Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança, vestirmos-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmos-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na  nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa."                                                                                        Mário Quintana



segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Receita para viver melhor



 Dê mais às pessoas, MAIS do que elas esperam, e faça com alegria.
· Decore seu poema favorito.
· Não acredite em tudo que você ouve, gaste tudo o que você tem e durma tanto quanto você queira.
· Quando disser "Eu te amo" olhe as pessoas nos olhos.
· Fique noivo pelo menos seis meses antes de se casar.
· Acredite em amor à primeira vista.
· Nunca ria dos sonhos de outras pessoas.
· Ame profundamente e com paixão.
· Você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida completamente.
· Em desentendimento, brigue de forma justa, não use palavrões.
· Não julgue as pessoas pelo seus parentes.
· Fale devagar mas pense com rapidez.
· Quando alguém perguntar algo que você não quer responder, sorria e pergunte: "Porque você quer saber?".
· Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos.
· Ligue para sua mãe.
· Diga "saúde" quando alguém espirrar.
· Quando você se deu conta que cometeu um erro, tome as atitudes necessárias.
· Quando você perder, não perca a lição.
· Lembre-se dos três Rs: Respeito por si próprio, respeito ao próximo e responsabilidade pelas ações.
· Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.
· Sorria ao atender o telefone, a pessoa que estiver chamando ouvirá isso em sua voz.
· Case com alguém que você goste de conversar. Ao envelhecerem suas aptidões de conversação serão tão importantes quanto qualquer outra.
· Passe mais tempo sozinho.
· Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores.
· Lembre-se de que o silêncio, às vezes, é a melhor resposta.
· Leia mais livros e assista menos TV.
· Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e olhar para trás, você poderá aproveitá-la mais uma vez.
· Confie em Deus, mas tranque o carro.
· Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia.
· Em desentendimento com entes queridos, enfoque a situação atual.
· Não fale do passado.
· Leia o que está nas entrelinhas.
· Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.
· Seja gentil com o planeta.
· Reze. Há um poder incomensurável nisso.
· Nunca interrompa enquanto estiver sendo elogiado.
· Cuide da sua própria vida.
· Não confie em alguém que não fecha os olhos enquanto beija.
· Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.
· Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar os outros, enquanto você for vivo. Esta é a maior satisfação de riqueza.
· Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor de um pelo outro é maior do que a necessidade de um pelo outro.
· Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir.
· Lembre-se de que seu caráter é seu destino.
· Usufrua o amor e a culinária com abandono total.
Dalai Lama

domingo, 29 de dezembro de 2013

Despedida


Sozinha, nas noites de melancólia, mas de calor intenso, o suor escorria pelos seus cabelos, deixava-se abraçar pelas recordações. Detinha a pensar nos pais rígidos e de que nunca pudera ir a um baile. Ajudava a mãe na costura, alinhavava e bordava os vestidos, sorria para as moças que experimentavam e ouvia tudo, alfinetando ora uma bainha, ora seu dedo, por falta de atenção. Como sonhava entrar no salão, dançar e se sentir cortejada. Mas sua vida se resumia ao único passeio que o pai consentia, a matinê do cinema lá no centro da cidade. Era um ritual sagrado, tomava um banho, se perfumava com a água de laranjeira e vestia-se com seu mais bonito vestido, o estampado de florzinhas amarelas. Então, sentava na soleira da porta a esperar pela tia velha. 
Lembrava então do moço de bigode, que sempre esperava por elas na porta do cinema e sempre tentava puxar conversa. A cidade inteira não gostava dele, pois o moço tinha uma ideias bem diferentes dos outros da cidade. Ele até que tentou uma aproximação com bilhetes, estava disposto a conversar com o pai. Mas logo ela soube que o moço partira pra longe, atrás das tais ideias revolucionárias, sem ao menos dizer adeus. Mais velha, já com a mãe doente, sua vida era a máquina de costura. Tinha orgulho dos modelos confeccionados por ela. Um pedaço dela ia aos bailes - seus vestidos.
O tempo foi passando, outros se aproximaram, mas não ficaram. A maioria deixava a moça que já estava ficando velha, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Perdeu os pais, perdeu a juventude e só lhe restava os filmes para acalentar o coração que vivia em soluços. Já velha, numa dessas noites de calor intenso, com os cabelos presos de tanto suor, ela viu pela janela um brilho que não parecia de estrela. 
Aquele luminosidade ia crescendo e se aproximando da janela. E por incrível que pareça, ela não teve medo. A luz entocava uma canção e, ao se aproximar, estendeu sua mão luminosa e a moça que era de carne e osso como  eu e você, saiu pela janela, voando, voando com a luz e nunca mais apareceu. 

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você


sábado, 28 de dezembro de 2013

Distimia


Não adianta quem tem depressão, terá depressão a vida toda. Há um post antigo, no qual eu me referia a depressão como um monstro que carregava um saco. Imaginação à parte, ela é mesmo um monstro terrível que leva de você a vontade de viver. Muitos se suicidam. Ela te impede de realizar tarefas simples, atividades diárias e o que você mais quer é uma cama, pra dormir e esquecer de tudo.
Eu tenho distimia e, tive uma crise há dias atrás. As pessoas acham que mudar de humor é normal, mas quando acontece do nada e sem motivo, ela acaba prejudicando você e quem está ao seu lado. (diga-se de passagem, pretendentes a namorados, ex namorados, colegas de trabalho e minha família, principalmente a santa da minha mãe).
A distimia é uma depressão leve mais persistente, você vive normalmente, ela não te derruba como outras doenças, mas ela afeta o seu humor. Ou você vê a vida cheia de borboletas ou sombria como as trevas do reino de Hades. Não é muito fácil expor essas fragilidades, mas escrever é garantia de que posso me ajudar e também posso ajudar outros. Quando temos um problema como esse é muito comum as pessoas dizerem que não é nada, que se você não tivesse uma perna, um braço, ou fosse cego (enfim, dizem barbaridades) você entenderia o que é sofrer. Mas não caia nessa, "cada um sabe a dor de ser quem é". Você não precisa ser um deficiente ou viver na Etiópia pra não se sentir que o mundo às vezes não é tão colorido assim. Aliás o mundo não é nada colorido, temos que nos adaptar a cada instante. E não são todos que se adaptam com facilidade. Se tem uma coisa boa que posso tirar da distimia e, que ela me proporciona uma melancólia intensa que me faz bem, são nesses momentos que escrevo e penso melhor, apesar de estar sempre sozinha. 


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Foi tudo para o lixo?

Essa imagem, me remete a um quadro que a vovó tinha na sala e, que quando pequena eu ficava horas a observar e vem dessa observação que eu quero escrever hoje, pois escrever, de certa maneira me faz entender melhor as coisas. Mesmo que eu não possa consertá-las.
Será que o amor foi realmente torneira abaixo? 
Será ilusão acreditar que os relacionamentos podem ser duradouros? 
Será que a geração dos meus pais, perpetuam a solidez, mesmo enfrentando problemas?
Por que as pessoas se encontram e, vivem em relacionamentos de bolso, do tipo que se pode dispor quando necessário e depois tornar a guardar. Por que é mais fácil dizer que não pode ajudar o outro, do que sentar e ver "o que podemos resolver juntos". Por que é mais fácil odiar a tudo e a todos? Por que é mais fácil mentir e enganar sobre desejos com alguns e depois tomá-los com outros? Por que é tão difícil perdoar?
Em uma época que utensílios cada vez mais sofisticados são descartados, para que outros assumam seu lugar, as relações interpessoais não poderiam ser diferentes. Ainda ontem vi uma reportagem que o Brasil tem tanto lixo eletrônico que nem sabe o que fazer para descartá-lo. 
Antes descartávamos o necessário, na época de nossos antepassados, nossos ancestrais sabiam o significado da palavra erosão e velho. O ferro oxidava, a madeira apodrecia, a porcelana trincava e ia se passando de geração a geração. O ouro escurecia, guardava-se para os filhos e netos, as joias da família. Havia um sentimento de coletividade, de respeito ao objeto usado, de carinho ao antepassado, a história daquele objeto e a pessoa que o usou. 
E a famosa colcha de retalhos, era uma herança sem valor. Cada pedacinho, uma história, um momento... E a colcha adornava a cama da avó, da mãe, da filha. 
Até que as coisas foram para o lixo sem pensar... tudo se tornou descartável. 
Efêmero, de curta duração e nossa maior perda foi justamente a capacidade emocional de assistir ao desgaste das coisas. Não temos paciência, não temos tempo e, tudo vai para o lixo.
A partir do momento em que tudo é usado é também facilmente descartado, as relações pessoais também se tornaram assim. O suposto amor que a gente vive hoje, acaba e recomeça no outro dia, no e-mail, no face, no site de relacionamento. Desligados, precisamos nos conectar e preencher uma lacuna, sem garantia de permanência. Sem o reconhecimento de que as coisas se desgastam, ou que é preciso ser tolerante e auxiliar o outro, vivemos eternamente frustrados
Essa sociedade veloz nos ensinou a querer tudo de uma vez, dinheiro, eficiência, velocidade, amor, qualidade, quantidade, beleza, perfeição. Não há poesia alguma se você não é perfeito, não perdoam marcas de acne e nem gordurinhas e, assim nos distanciamos de tudo que poderia nos trazer alegria, do simples, para vivermos eternamente frustrados, deprimidos, doentes, ansiosos e mais sozinhos do que nunca.

sábado, 21 de dezembro de 2013

indulgência


O final do ano passado, foi há dias atrás. O tempo está veloz demais é chegada a hora de mais um balanço de ano, de ver o que precisa ser jogado fora, o que precisa fazer parte da rotina, o que é preciso dar  mais atenção, o que é preciso correr atrás... É chegada a hora de estabelecer novas conquistas, novos desejos, novos planos... pois a vida é um sopro. 
Sempre falamos como sujeitos pro ativos que é preciso estabelecer metas, superar desafios, ganhar mais dinheiro, consumir mais, trabalhar mais, dar melhores resultados. O que acontece e, que nesse processo esquecemos de coisas tão simples, mas tão importantes. A vida nos leva e, não levamos a vida. Eu fiz uma pergunta: Estaria eu, Tatiana, satisfeita com a minha vida? Acho que esse ano pisei na bola com muitas coisas, principalmente a minha vida, o meu lazer, os meus amores, as coisas que considero fundamentais.
Me remeto então a palavra autoindulgência, que significa ser gentil com você mesma, ser tolerante, ter paciência , saber perdoar suas próprias falhas. Assim, em 2014 vou ser indulgente comigo mesma, vou diminuir o ritmo, vou olhar mais para as minhas plantinhas, afinal, tenho tão poucas, mas nem sequer vejo que daqueles pequenos botões sairam mini rosas, sem cheiro, mas de beleza grandiosa. Vou agarrar as orelhas do Nicolas, apertá-las, passear com ele de carro, ver alegria dos meus bichos, cuidar do Tião, da Duda, dar mais atenção a Theodora e marcar finalmente um banho medicinal para a minha  gata Frida. Quero levar meus  pais pra fazer passeios que fiquem guardados na retina e no coração. Quero colocar em pauta meus projetos de voltar ao violão, de contar histórias, de ser doadora de sangue e, de tudo mais. Dedicar mais aos aspectos pedagógicos da minha escola, de abraçar mais os meus alunos, de alimentar as pessoas com elogios. De olhar mais vezes para a minha amiga lua, de tomar mais cerveja com os amigos, de fazer uma atividade física que realmente me dê prazer, de cuidar mais da minha saúde, dormir melhor, comer melhor, viver melhor, consumir menos, ler mais, aprender sempre. Quero estar em harmonia e paz. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Feliz Aniversário Taninha

Para Sempre 
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade



Taninha, 

Feliz aniversário, você é a pessoa mais importante da minha vida. 
Obrigada por tudo.
Te amo muito! 


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

amor versus saudades



Há uma visão que demonstrações de amor, necessitam de dinheiro, que o amor é exibicionista. Ter o nome em uma faixa em pleno céu azul, na praia com os dizeres "Fulana, eu te amo" ou ter outdoors na cidade, naquela avenida mais movimentada, ou ter uma banda cantando sua música preferida na porta da sua casa,  receber flores em excesso ou ter aquela cena "nonsense" de comédia romântica, quando a mulher abre aquela caixinha aveludada e logo depois vem um pedido de "vamos ficar juntos".
Acho que grande parte das pessoas querem um amor assim, um amor público, um amor para que todos vejam. Acho que as pessoas querem assim, para efetivarem ao mundo que encontraram alguém, ou que são importantes na vida de outro. Eu odeio a alto piedade, mas sempre tive vontade de ser importante na vida de alguém, talvez tenha até sido, mas desconheço pelo histórico afetivo. Demonstrar amor, não necessita de conta bancária cheia. Demonstrar amor é cuidar, ligar, abraçar com força, beijar com vontade, oferecer colo , fazer amor se preocupando com o outro...  e sentir saudades. 
Quando não há mais saudades, o amor já foi...Descobrir que alguém já não sente saudades de você é a primeira reação de histeria, a primeira crise de nervosismo, seguida do abandono.
Amar alguém é algo tão simples, mas que o mundo se faz tão complexo. E demonstrar amor é algo tão fácil, como mandar uma mensagem, ligar no meio do dia, mandar um e-mail, dormir juntinho, passar a mão nos cabelos, preparar um café da manhã. 
Gostar de alguém é se preocupar é confiar e querer contar tudo o que se passa é pedir ajuda ou gritar por socorro. 



terça-feira, 19 de novembro de 2013

doce de leite

         


           Hoje choveu pedra, não foram muitas, mas o suficiente para me remeter a minha infância, sempre achei incrível cair pedras de gelo do céu, saia em disparada a pegar as tais pedras e colocá-las na boca. Que gosto bom, elas desapareciam, eram mágicas. 
          Como as coisas mudaram, conversando com um amigo, nos lembramos da época em que carregávamos nos bolsos, fichas telefônicas a tilintar. Você sempre avisava a pessoa do outro lado da linha - Olha só tenho mais uma ficha, pronto, a conversava não terminava, ficava um gosto de quero mais. 
          Se era conversa de amor, ficava um - puxa vida! Não deu tempo de falar como eu te amo. 
            Se era conversa entre neta e avó - puxa vida! esqueci de pedir doce de leite.
          Eu adorava doce de leite da vovó, eu lembro do leite na panela, um leite grosso, não cheirava muito bem, tinha cheiro de vaca. Mas era quando ela colocava o açúcar que começava a minha angústia... o doce demorava demais! Eu sentava na cadeira laranja, lia os rótulos dos produtos e olhava para o relógio... eu não queria brincar, queria me concentrar porque acreditava que pudesse fazer o tempo passar mais depressa. Depois de horas no fogo, o cheiro de vaca, abria caminho para o cheiro do doce de leite, hum, cheiro bom, mas minha ansiedade aumentava mais ainda, porque depois era preciso esperar para o doce "secar" endurecer, para só depois de muito frio cortar. Vovó era diferente até para cortar doce de leite, cortava em formato de losangos. Eu amava aquela geometria. Muitas vezes mesmo sendo avisada, queimava dedos e língua. E quando esfriava, a vovó colocava num belo pote de vidro e deixava em cima da geladeira. Então era aquela vida, de subir na cadeira laranja, pra pegar os doces, um, dois, três, ia até quatro de uma vez. Só depois de tudo isso, eu conseguia brincar com a minha tia e o meu primo, depois de ingerido, o doce sorria na minha barriga e eu não tinha mais preocupações de espera. 
          De gelo fui pra doce, que conversa mais maluca, vai ver que é porque hoje eu deveria ingerir mais gelo e esquecer definitivamente os doces. 
          Tem hora que eu fico pensando por que as coisas desaparecem, surgem outras, inovadoras manifestações do futuro, mas se ganhamos muita coisa, também perdemos outras tão importantes. Hoje as pessoas se falam a quilômetros de distância, sem perigo da ficha cair, a conexão pode cair, mas isso só em casos de internet como a minha - uma porcaria. Já me peguei em uma sala, com umas cinco ou seis pessoas, sozinha, silêncio absoluto, elas estavam hipnotizadas pelo celular, onde conversavam o tempo todo. Mas nenhuma se dirigia a outra e dizia aquela conversa fiada pra puxar assunto - tá calor né?
Essas coisas me preocupam, ninguém teria a paciência de esperar o doce de leite ficar pronto, porque hoje tudo é pronto, acabado, finalizado e pronto pra começar de novo.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Baobá, árvore sagrada





Eu deveria estar fazendo um relatório, mas comecei a pesquisar sobre os baobás, minha árvore favorita. Com certeza fui um baobá em outra existência, pois me fascina essa árvore bela, mistíca, onde tudo se aproveita. Sagrada, símbolo das histórias, símbolo da África, país que tanto almejo conhecer. Houve um tempo em que eu dormia com uma gravura do baobá embaixo do travesseiro, eu acreditava que poderia em sonhos abraçá-lo, ou entrar dentro dela. Ela vive muito mais de cem, de mil anos... Ela é a árvore de onde se colhem as histórias.
Eu adoro histórias de baobás...
Existe uma que começa assim...
Quando a vida começou, o criador, fez surgir tudo no mundo, mas ele criou primeiro foi o BAOBÁ!
Mas do lado do baobá, havia um charco e, o baobá se olhava, naquele espelho d´água e dizia insatisfeito:
Por que não sou como aquela outra árvore? Ora achava que poderia ser mais magra, ter mais cabelos, ser mais lisa... e assim ia... vivia reclamando da sua aparência.
O Criador que tudo ouvia, vivia a dizer que ela era linda, que havia sido sua primeira criação.
Mas o baobá implorava tanto por mudanças, que o criador que já estava com seu serviço atrasado, pois ainda tinha que fazer os homens, ficou tão irritado, mas tão irritado que agarrou o baobá, arrancou-o do chão e o plantou novamente, só que dessa vez... De cabeça para baixo, para que a árvore ficasse de boca calada. Isso explica a sua aparência, é como se as raizes ficassem em cima, na copa, parece uma árvore virada de cabeça pra baixo. Até hoje, dizem que os galhos do baobá, voltados para o alto, parecem braços, que continuam a clamar pelo Criador. Também existem outras histórias de baobás, uma delas, tem a presença de um coelho e de uma hiena, seja como for, o baobá sempre têm histórias pra contar!


sábado, 5 de outubro de 2013

A serra do Rola Moça




A Serra do Rola-Moça
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...

Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puserem de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.

Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.

As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.

Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.

E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.

Mário de Andrade
(1893-1945)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O Canário



 Katherine Mansfield morreu muito jovem, com 34 anos de idade, viveu tão pouco, mas escreveu de forma tão intensa.  Esse é um dos contos que mais adoro. 



...
Você vê aquele grande prego à direita da porta da frente? Dificilmente olho para ele, mesmo agora, e até hoje não tive vontade de arrancá-lo. Gostaria de pensar que ele fosse permanecer ali, mesmo depois de mim. Às vezes imagino as pessoas no futuro a dizerem: "Deve ter havido uma gaiola pendurada ali." E isso conforta-me; sinto que ele não está inteiramente esquecido.

... Você não pode avaliar como era maravilhoso o seu canto: não .cantava como os outros canários. E isto não é apenas fantasia minha. De minha janela, eu costumava ver as pessoas pararem em frente ao portão, para ouvir melhor, ou encostarem-se na cerca perto da falsa-laranjeira, um bocado de tempo, emocionadas. Suponho que você vá achar isso um absurdo — não acharia se o tivesse ouvido cantar —, mas parecia, realmente, que ele cantava as canções completas, com começo e fim.

... Por exemplo: à tarde, quando eu terminava o serviço, mudava de blusa e trazia minha costura para a varanda, ele costumava pular de um poleiro para o outro, bater contra as grades da gaiola, como se fosse para atrair minha atenção, bebia um gole d'água, tal como o faria um cantor, e punha-se a executar uma canção tão afinada que eu tinha de largar a agulha para ouvi-lo. Não sou capaz de descrevê-lo; bem que gostaria. Era sempre igual, toda tarde, e eu sentia que compreendia cada nota emitida.

... Eu o amava. Como eu o amava! Talvez não importe muito que coisa amamos neste mundo. Mas devemos amar alguma coisa. É claro, eu tinha minha casinha e o jardim, mas, por algumas razões, não era o bastante. Flores são maravilhosas, mas não sabem demonstrar simpatia. Naquela ocasião eu amava a Estrela Dalva. Isto lhe parece uma tolice? Eu tinha o costume de ir para o jardim, depois do pôr-do-sol, e esperá-la até que brilhasse por cima do eucalipto escuro. Eu costumava murmurar: "Aí está você, minha querida." E exatamente nesse instante ela parecia brilhar só para mim. Ela parecia compreender isso... alguma coisa que é como um anseio, mas não é um anseio. Ou lamento — sim, é mais parecido com lamento. E, no entanto, lamento por quê? Eu tenho tantos motivos para ser grata!

... Mas depois que ele entrou em minha vida, esqueci a Estrela Dalva; não precisei mais dela. Mas foi estranho. Quando o chinês chegou à minha porta vendendo pássaros, ele, em sua pequena gaiola, em vez de se debater contra as grades, como aqueles pobres pintassilgos, soltou um trinado fraco e curto, e eu me vi dizendo, como havia dito para a estrela por cima do eucalipto: "Aí está você, meu querido." Desde aquele momento, ele foi meu.

... Até hoje me surpreendo, quando me lembro de como ele e eu partilhávamos nossas vidas. Na hora em que eu descia, pela manhã, e retirava a toalha que cobria sua gaiola, ele saudava-me com uma notinha sonolenta. Sentia que ele queria dizer: "Tia! Tia!" Então, pendurava a gaiola no prego do lado de fora, enquanto servia o café aos meus três rapazes, e nunca o levava de volta para dentro enquanto não tínhamos a casa só para nós dois. Depois, enquanto eu lavava a louça, era uma diversão completa. Eu abria um jornal sobre um canto da mesa e, logo depois que eu punha a gaiola sobre o jornal, ele costumava bater as asas desesperadamente, como se não soubesse o que ia acontecer. "Você é um perfeito ator", eu gostava de dizer-lhe com ar de zangada. Eu raspava o fundo da gaiola, espalhava areia em cima, renovava a água e o alpiste das latinhas, espetava um pedaço de couve e meia pimenta malagueta na grade. Tenho plena certeza de que ele compreendia e apreciava cada item dessa pequena operação. Sabe, ele era por natureza muito asseado. Nunca havia uma sujeira em seu poleiro. E era preciso ver como gostava de se banhar, para se perceber que ele tinha verdadeira paixão por limpeza. Sua banheira era colocada por último; no mesmo instante ele pulava nela. Primeiro batia uma asa, depois a outra; então, mergulhava a cabeça e umedecia as penas do peito. Gotas d'água espalhavam-se por toda a cozinha, mas ele ainda não queria parar. Eu costumava dizer-lhe: "Agora basta. Você está apenas se exibindo." E por fim ele pulava para fora e, de pé sobre uma das pernas, começava a se bicar para enxugar-se. Finalmente sacudia-se, dava uma pirueta, um gorjeio, levantava a cabeça e... Ah! como dói lembrar. Nessa hora eu estava sempre enxugando as facas e quase me convencia de que elas também cantavam quando eu as esfregava para brilharem em cima da tábua.

... Companhia! É isso, veja, isso é o que ele era. Uma companhia perfeita. Se você algum dia viveu só, compreenderá o quanto isto é precioso. É verdade que havia meus três rapazes, que chegavam para o jantar todas as tardes e algumas vezes ficavam na sala, lendo o jornal. Mas eu não podia esperar que eles se interessassem pelas pequenas coisas corriqueiras do meu dia-a-dia. Por que se interessariam? Eu nada era para eles. Na verdade, eu os ouvira certa vez na escada referindo-se a mim como "O espantalho". Não importa. Não tem importância. Eu entendo muito bem. Eles são jovens. Por que haveria eu de ficar ressentida? Mas lembro-me de me sentir grata por não estar inteiramente só, naquela noite. Eu lhe disse, depois que os rapazes tinham ido embora. Eu lhe disse: "Você sabe de que nome eles chamam a Tia?" E ele deixou cair a cabeça para um lado e olhou-me com seu olhinho brilhante até que eu não pude conter o riso. Aquilo pareceu diverti-lo.

... Você já criou pássaros? Se não, tudo isto vai talvez parecer-lhe exagerado. As pessoas têm idéia de que os pássaros são seres sem coração, pequenas criaturas frias, ao contrário de cães e gatos: Minha lavadeira costumava dizer, nas segundas-feiras, quando queria saber por que eu não criava "um bonito fox-terrier": "Ter um canário não traz conforto, senhora." Não é verdade. É um grande engano. Lembro-me de uma noite. Eu tinha tido um sonho horrível — os sonhos podem ser muito cruéis — do qual, mesmo depois de acordada, não podia livrar-me. Então, vesti minha camisola e desci à cozinha, para tomar um copo d'água. Era uma noite de inverno e chovia forte. Acho que eu estava ainda meio adormecida. Pela janela da cozinha, que não tinha veneziana, a escuridão parecia estar olhando fixamente para dentro, espionando. E de repente senti que era insuportável não ter alguém a quem pudesse dizer: "Tive um sonho tão horrível" — ou "Defenda-me da escuridão." Até mesmo cobri meu rosto, por um momento. Então veio o agradável som "Psiu! Psiu!" A gaiola estava em cima da mesa, e o pano que a cobria havia escorregado, deixando uma fenda, por onde entrava um raio de luz. "Psiu, psiu!" — disse o encantador bichinho outra vez, docemente, como para dizer "Estou aqui, Tia! Estou aqui!" Aquilo soou tão agradável e confortante para mim, que quase chorei.

... E agora ele se foi. Nunca mais terei um outro pássaro, nem qualquer outro animal de estimação. Como poderia ter? Quando o encontrei, deitado de costas, os olhos turvos, as patinhas retorcidas, quando percebi que nunca mais ouviria seu canto tão querido, alguma coisa pareceu morrer em mim. Meu coração ficou vazio, como se fosse a gaiola dele. Eu hei de superar isso. É claro. Preciso fazê-lo. Com o tempo as pessoas se recuperam de qualquer coisa. Dizem que eu sempre estou bem-disposta, e têm razão. Graças a Deus, estou.

... Contudo, sem ser mórbida e mexendo nas lembranças, devo confessar que vejo nisto alguma coisa de triste na vida. Não me refiro à tristeza que todos nós conhecemos, como a doença, a pobreza e a morte. Não, é algo diferente. É lá no fundo, bem no fundo, faz parte da gente, como a respiração. Por mais que trabalhe, por mais que me canse, basta parar para sentir que essa coisa está lá, esperando. Muitas vezes eu me pergunto se todo mundo sente do mesmo jeito. Nunca se pode saber. Mas não é extraordinário que dentro de seu canto alegre, doce, tudo o que eu ouvia era: tristeza? ah, o que é isto?


                                                                                                                             Katherine Mansfield
 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Coração de macaco



Há muito tempo atrás, lá na África, vivia uma velha tartaruga que teve um sonho estranho e maravilhoso, com uma árvore mágica que dava todas as frutas que havia no mundo. Ela contou o sonho aos amigos e todos saíram a procura do lugar secreto em que ficava a tal árvore.
A tartaruga foi na frente, depois foi o leão e atrás deles, o hipopótamo, a girafa, o elefante, o macaco, a zebra, a hiena e a gazela.
Procuraram por todo lado, até que acharam o lugar secreto, onde estava a árvore. Era a coisa mais linda que os animais já tinham visto, uma árvore com todas as frutas do mundo. A tartaruga pronunciou a palavra mágica para as frutas descerem até eles e todos comeram até se fartar. Estavam prestes a voltar para casa, quando a tartaruga declarou:
- cada um de nós vai ter que levar uma semente diferente para plantar, de modo que no mundo todo haja árvores de todos os tipos.
E foi exatamente isso que os animais fizeram.
O macaco pegou uma semente de manga e a plantou em seu lugar preferido, à beira do rio. A mangueira cresceu e passou a produzir mangas docinhas e deliciosas. O macaco foi morar naquela árvore para comer aquelas mangas suculentas e como ele era bom e generoso, compartilhava as frutas com os outros animais da floresta. Todos os dias, seus amigos vinham rodear a mangueira: o leão, o hipopótamo, a zebra, a girafa, a tartaruga e muitos outros. Ficavam conversando e brincando, enquanto comiam as frutas.
Um dia, um crocodilo veio nadando rio acima e, ao ver os animais em volta da mangueira, parou a uma certa distância para ver o que estava acontecendo. O macaco deu com o crocodilo, que ele nunca havia visto antes, e convidou-o para saborear as mangas deliciosas.
-Aceita uma manga?
-Nunca experimentei - falou o crocodilo.
- Pegue! gritou o macaco
O crocodilo comeu a manga e disse:
- Que delícia macaco, obrigado
Então o macaco foi jogando para baixo mais e mais mangas. Depois disso, todos os dias, o crocodilo ia visitar o macaco, e eles até se tornaram amigos.
Certo dia, eles estavam conversando sobre isso ou aquilo, quando o crocodilo mencionou que morava com um grupo de crocodilos e que tinha um chefe muito importante e inteligente. O macaco disse: 
-Você devia ter me falado antes desse seu chefe, para eu mandar uma mangas deliciosas de presente para ele.
O crocodilo achou que de fato, o chefe ia gostar muito de experimentar a manga. Então o macaco colheu um monte de mangas e jogou-as dentro da boca do crocodilo. O crocodilo nadou de volta para casa, com a boca cheia de mangas, e dividiu as frutas entre o chefe e os outros crocodilos do grupo. Então também contou sobre seu amigo macaco.
O chefe gostou muito das mangas e pediu para o crocodilo trazer mais. O crocodilo prometeu que traria mais mangas sempre que fosse visitar o macaco.
Depois de um tempo, o chefe pensou:
-Se o macaco come essas mangas tão deliciosas todos os dias, o próprio macaco deve dar um jantar maravilhoso!
Ah! Se eu pudesse fazer o macaco ir até lá. Mas o chefe sabia que o crocodilo gostava muito de seu amigo e, por isso seria dificil jantar o macaco. Então ele teve uma ideia brilhante.
Quando o crocodilo voltou de sua visita, o chefe se deitou no fundo do riu e fingiu que estava muito doente. O crocodilo nadou até onde ele estava e perguntou preocupado:
- O que aconteceu chefe?
- Estou muito doente, respondeu o chefe. O curandeiro disse que só um coração de macaco é capaz de me curar. Se você não me trouxer um coração de macaco, com certeza vou morrer.
O crocodilo ficou sem saber o que fazer? Onde iria encontrar um coração de macaco? Macaco era bicho difícil de pegar. De repente ele se lembrou do seu amigo, muito triste pensou:
- Ai, o que eu faço? Eu adoro aquele macaquinho, ele é meu melhor amigo. mas também adoro o meu chefe, meu grande líder,e ele vai morrer se não comer o coração de macaco.
O pobre crocodilo andava em círculos, tentando decidir o que fazer. Finalmente decidiu que o chefe era mais importante e foi buscar o macaco.
Na manhã seguinte, ele foi, pensando em um plano.
O macaco ficou muito feliz em rever seu amigo. Mas o crocodilo foi logo colocando o plano em ação:
- Macaco - ele disse - ultimamente você tem sido muito bom pra mim, oferecendo essas frutas para o meu grupo. Gostaria de retribuir a gentileza e convidá-lo para ir até a minha casa, conhecer o meu chefe.
O macaco respondeu:
- É muita gentileza sua, eu também gostaria de conhecer o seu chefe e seu grupo, mas como posso ir até lá? Vocês moram na água, eu morreria afogado se tentasse chegar até à sua casa, eu não sei nadar.
- Isso se resolve - respondeu o crocodilo, suba nas minhas costas, que eu carrego você até lá.
O macaco aceitou, estava feliz por ter um amigo tão bom, pulou do alto da mangueira nas costas do crocodilo. E o crocodilo saiu nadando, levando o macaco. Ao chegar no meio do rio, o crocodilo foi afundando, afundando, cada vez mais. Achou que seria bom, afogar o macaco antes de chegarem em casa.
E assim, eles foram afundando na água. O macaco gritou:
- Estou me molhando, por favor crocodilo não me afunde mais.
o crocodilo não disse nada e foi afundando, afundando. O macaco percebeu que alguma coisa estava errada e gritou: -O que você está fazendo? Se afundar mais eu vou me afogar.
O crocodilo respondeu:
- Meu caro amigo, não posso esconder a verdade de você. Meu chefe está muito doente e se não comer coração de macaco vai morrer.
O macaco ficou apavorado, mordeu o lábio para não gritar, precisava pensar em algum modo de se salvar.
Finalmente disse com muita calma:
- Ora amigo, por que não disse antes, que precisava do meu coração para salvar seu chefe? Eu o teria trazido comigo
- O quê? Você não trouxe o seu coração? perguntou o crocodilo surpreso.
- Não! disse o macaco, quando saio, sempre deixo o coração na mangueira, vamos voltar depressa para buscá-lo.
Rapidamente, o crocodilo fez meia volta e nadou até a mangueira, o macaco pulou na árvore em segurança e lá de cima, ele gritou:
- Crocodilo bobo! Então você não sabe que os macacos carregam o coração no peito igual a todo mundo?
E o macaco ria, ria...
- Volte para o seu lugar, nossa amizade acabou
O crocodilo foi descendo o rio, muito envergonhado, verteu uma grande lágrima de crocodilo ao perceber a bobagem que tinha feito e ainda tinha perdido seu melhor amigo.
E dizem que até hoje, o crocodilo chora de arrependimento.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

fuga ou um simples inseto


Foi difícil para ela tomar essa decisão, pensava nas meninas, ainda pequenas e, no que poderia acontecer com elas, mas tudo era melhor do que continuar na humilhação daquela vida de barata. Não aguentava mais as agressões, os gritos e a sensação de solidão. Esperou que ele adormecesse e tirou as meninas da cama, ainda sonolentas, não entendiam pra onde iam e, ela não tinha ideia, de qual caminho tomar. Atravessaram a casa, uma rua que significava um grande perigo e enfim, encontraram um buraco. Meteram-se lá dentro mãe e filhas, andaram e chegaram a um local todo iluminado e branco, avistaram, grandes peixes, vários produtos, um cheiro insuportável de sabonete, não queriam ficar ali, estavam só de passagem. Mas bastou um grito, uma palavra horrível e logo, a mulher gigante voltou detentora do poder de ter nas mãos, um frasco de inseticida. E como ela usou sem dó, as meninas nem conseguiram se mover, vi as duas morrendo na minha frente. Não pude ao menos, protegê-las, meus olhos cegaram, e não vi mais nada.

Ainda de manhã:
- Mãe se me faz um favor, tira aquela barata horrível do banheiro.

Na hora do almoço, após escovar os dentes:
- Mãe, estou penalizada, junto da barata, havia mais duas baratinhas, pareciam filhinhas, acho que fugiam...
- Viu o que você fez, você matou a mãe e as filhas, quem vê a gente criando estas histórias, acha que somos malucas.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013


A princesa calada

     Era uma vez um rei muito poderoso, mas muito triste. Sua filha desde que nascera, não pronunciava nem uma palavra, nem mesmo sorria.
     Quando chegou a idade de se casar, o rei ofereceu a mão da princesa, aquele que a conseguisse falar, ou ao menos sorrir, fosse ele um nobre ou um simples camponês.
     O primeiro que apareceu foi um príncipe com suas ricas joias e vestimentas, contou sobre seu reino, seu povo... Mas a princesa, a princesa nem se animou.
     O segundo que tentou conquistar o coração da princesa, foi um guerreiro que lhe contou sobre suas batalhas, vitórias e inimigos, mas a princesa... Ah... A princesa nem se animou.
     O terceiro foi um mercador, que contou sobre suas viagens aos quatro cantos do mundo, mas a princesa... Ah... A princesa nem se animou.
     E assim, muitos pretendentes passaram, mas a princesa não se animava com nenhum.
     Não tão longe dali, na floresta, um simples camponês que passeava pela floresta, pensou consigo mesmo - Ora eu não tenho nem mais e nem menos, vou-me apresentar à princesa calada.
     E no caminho, o camponês encontrou uma velhinha, carregando um pesado fardo de lenha. O camponês com dó e querendo ser gentil, levou toda a lenha até a casa da senhora, que muito agradecida, perguntou pra onde o moço ia?
     - Vou ver a princesa calada - respondeu o camponês.
     Ah! eu sei da história dela, há muitos anos atrás, a princesa veio ao mundo sob a forma de uma lagarta, dessas inofensivas. Um dia estava tomando sol, com seu companheiro, quando ouviu gritos de mulheres, que aterrorizadas pisotearam em seu companheiro. Dias depois ela morreu de tristeza.
     Muitos anos depois, a princesa voltou, agora sob a forma de uma andorinha, que voava livre e feliz, construíra junto do companheiro um belo ninho, numa frondosa árvore, porém, numa bela manhã, um grupo de meninos por pura maldade, apedrejaram o ninho, matando seu companheiro. A andorinha de tristeza, morreu dias depois.
     Depois de mais alguns anos, a princesa renasceu, agora sob a forma de uma lebre, saltitante com seu companheiro pela floresta, mas a ambição dos homens fez que ateassem fogo na floresta e seu companheiro, morreu queimado. A lebre conseguiu fugir, mas morreu dias depois de tristeza.
     O tempo passou mais uma vez, e a princesa renasceu desta vez sob a forma de mulher, sendo hoje a filha do rei, a princesa que nada diz, porque lembra de todas as maldades dos homens.
     Mas a velhinha mal terminou de dizer as últimas palavras, o moço saiu correndo rumo ao palácio, chegando lá, ajoelhou-se diante da princesa e disse:
     - Princesa, estou aqui, porque me lembrei que fui um lagarto pisoteado pelo medo dos homens.
     - Princesa, estou aqui, porque me lembrei que fui uma andorinha, apedrejada pela crueldade dos homens.
     - Princesa, estou aqui, porque me lembrei que fui uma lebre queimada, pela ganância dos homens.
     - E estou aqui hoje, Princesa, porque hoje sou um homem e tenho uma nova chance de ser feliz.
     A princesa, então abriu um sorriso e disse:
     - Ah! Era você que eu tanto esperava.
     E eles se casaram e são felizes até hoje.

     Gosto de contar esta história, porque muitas vezes, nos sentimos como lagartas, andorinhas ou lebres, diante as mazelas e maldades humanas, mas sempre temos a chance de sermos felizes novamente.





segunda-feira, 2 de setembro de 2013

venha




Noticia que deixa chocada
você tem prazo,
como prazo de validade
como uma caixa de ovos

Eu sempre disse NÃO,
mas no fundo, sempre quis o SIM
Penso que posso conhecer
algo que a humanidade fala
que é o verdadeiro amor.

Se você vier,
Será bem vindo.

domingo, 1 de setembro de 2013

Dorinha



Mesmo sem pedir permissão, quero escrever sobre essa mulher que conheci há poucos meses, mas que fez uma grande diferença na minha vida de mulher. 
Mulher sem preconceitos, mulher experiente, vivida e calejada pelas mazelas da vida. Teve filhos, um infelizmente perdeu em consequências trágicas, os outros estão por aí, permeando a vida dela, sem muita presença. Teve a perda do companheiro, teve dores e doenças. Mas nada disso a deixa de ser menina!
Ela gosta de músicas antigas e, canta tão bem, tem a voz doce.
Seus olhos castanhos, ficam marejados ao ouvir um elogio, por mais bobo que o seja.
Mente a idade, como toda boa mulher,  mas pra mim, ela não tem idade.
Uma menina, que sorri e ri da vida, independente se o dia esteja nublado ou com sol.
Que come, as guloseimas como quem experimenta pela primeira vez, se lambuza e ainda pedi bis.
Uma mãe,  uma avó sábia que todos gostariam de ter ao lado,  ou contando histórias, ou dando conselhos, ou aferindo a febre, ou trazendo um consolo nos braços.
O que ela quer... é somente ser feliz
Ser amada nas pequenas e singelas oportunidades da vida. 

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver 
E a primeira estrela que vier 
Para enfeitar a noite do meu bem 
Hoje eu quero a paz de criança dormindo 
E o abandono de flores se abrindo 
Para enfeitar a noite do meu bem 
Quero a alegria de um barco voltando 
Quero a ternura de mãos se encontrando 
Para enfeitar a noite do meu bem 
Ah! eu quero o amor o amor mais profundo 
Eu quero toda beleza do mundo 
Para enfeitar a noite do meu bem 
Ah! como este bem demorou a chegar 
Eu já nem sei se terei no olhar 
Toda ternura que eu quero lhe dar. 
Dolores Duran

sábado, 31 de agosto de 2013

O que é o amor




O amor é um sentimento que proporciona paz e aconchego. Vem lá da experiência uterina. O amor é o remédio para a dor do desamparo quando nascemos. Saímos do útero, somos expulsos do paraíso, surgindo o desespero, que em breve passa, porque o primeiro aconchego vem da mãe, é o amor remédio para aliviar a sensação da solidão.O amor se sente. Stendhal define o nascimento do amor: por admiração e esperança. Assim nasce o amor. Amar é ter prazer em ver, sentir através de todos os sentidos e tão perto quanto possível do objeto amável. Se perder a admiração pelo oposto o amor se esvai. O amor tem que ser tratado de maneira delicada, acabou a admiração, então também acabou o amor. Somos dependentes desse amor que nos cria, o amor cristalizado dos contos de fadas, Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, ou o próximo par romântico da novela que acabaram juntos. Mas o amor é uma equação, pode ser atemorizante como a morte é um desejo conflitante de apertar e afrouxar os laços. O amor é a capacidade de enfrentar a incerteza, ele é inadequado, bagunceiro, inusitado, às vezes te irrita, outras causa pranto. Amar significa abrir-se ao destino, sem humildade, paciência e coragem não há amor, essas qualidades são exigidas em escalas grandiosas. Pergunte a você sobre o que é o amor...

A avó feiticeira

Strega Nona, a avó feiticeira é um livro de Tomie de Paola, que conta a história de uma vovó lá da Calábria, conhecida como uma feiticeira, apesar da população cochichar sobre ela, as pessoas a procuravam quando tinham um problema, até mesmo os padres e freiras iam consultá-la, porque Strega Nona tinha um poder especial, ela fazia magias boas.
Ela sabia curar dor de cabeça, com água, óleo e um grampo.
Fazia poções para as moças que queriam arranjar um marido.
E, sempre conseguia acabar com as verrugas.
Mas Strega Nona, estava ficando bem velhinha e precisava de alguém para ajudar a cuidar da casa, do jardim, foi então, que ela teve uma ideia, colocou um anúncio na praça da cidade.
O Tonhão, que era um moço bem distraído foi falar com ela, ele deveria varrer a casa, lavar a louça, capinar o jardim, buscar água e em troca de tudo isso, Strega Nona, lhe daria pouso, comida e ainda três moedas de ouro.
Mas a única coisa que ele jamais poderia fazer era mexer no caldeirão. O caldeirão era muito valioso!
E assim os dias se passaram e Tonhão fazia seu trabalho, Strega Nona, também atendia a todos que lhe procuravam.
Um dia, Tonhão ouviu Strega Nona cantando diante do caldeirão, ela cantava:

"borbulha, borbulha, caldeirão
cozinha a massa e o macarrão
Estou com fome e está na hora de jantar
cozinha bastante para me alimentar"

E o caldeirão ferveu e ficou repleto de macarrão, quentinho e gostoso, Então Strega Nona cantou mais uma vez:

"Chega, chega, caldeirão
já está pronto meu macarrão
por isso se acalme , meu caldeirão fervente, 
até que eu tenha fome novamente"

- Que maravilha! disse Tonhão, é um caldeirão mágico de verdade. E Strega Nona chamou Tonhão para jantar, mas Tonhão coitado não viu que Strega Nona jogava três beijinhos para o caldeirão mágico.
No dia seguinte, quando foi buscar água, Tonhão contou para a cidade inteira sobre o tal caldeirão, é claro que as pessoas riram dele. 
E Tonhão ficou bravoe disse à todos que ia mostrar. E este dia, acabou chegando cedo, pois Strega Nona, precisava atravessar a montanha para colher ervas e visitar uma amiga, deu as recomendações a Tonhão e não esqueceu da principal: - não encoste no caldeirão.
- Oh sim, sim, mas no fundo ele estava pensando, essa é a minha hora! 
Assim que Strega Nona sumiu de vista, Tonhão entrou na casa e arrastou o caldeirão até o chão e meio sem jeito, meio sem lembrar da letra começou a cantar:
"borbulha, borbulha, caldeirão
cozinha a massa e o macarrão
Estou com fome e está na hora de jantar
cozinha bastante para me alimentar"
E o caldeirão começou a ferver, a borbulhar e a encher de macarrão, correu pela praça, pulou no chafariz e disse à todos, tragam garfos, pratos e travessas, tem macarrão pra todo mundo. Todos foram correndo buscar garfos, pratos e quando chegaram o caldeirão estava mesmo tão cheio, que começava a transbordar.
Tonhão era um heroi, ele ia tirando do caldeirão o macarrão e enchendo os pratos das pessoas, havia mais que suficiente, algumas pessoas repetiam, uma, duas e até três vezes e o caldeirão jamais esvaziava.
Quando todos estavam fartos Tonhão cantou:



"Chega, chega, caldeirão
já está pronto meu macarrão
por isso se acalme , meu caldeirão fervente, 
até que eu tenha fome novamente"
Mas ele esqueceu o principal, jogar os 3 beijinhos para o caldeirão. Tonhão saiu e estava recebendo os cumprimentos, quando viu que o caldeirão continuava borbulhando e o macarrão saindo e escorrendo pra fora da casa, invadindo ruas. Tonhão entrou correndo em casa e gritou mais uma vez, mas nada do macarrão parar. O macarrão jorrava pelas janelas, portas, as pessoas começaram a ficar preocupadas, o macarrão crescia estrada afora e todos os habitantes corriam para escapar dele.
- Temos que proteger nossa cidade desse macarrão - gritou o prefeito, tragam colchões, portas, mesas, vamos fazer uma barricada, mas nem isso continuou, o macarrão continuava crescendo e jorrando.
-Estamos perdidos, será nosso fim, disse o padre. O macarrão vai cobrir a cidade.
E era exatamente isso que iria acontecer caso a Strega Nona não tivesse vindo pela estrada, voltando para a casa e só de olhar entendeu bem o que havia acontecido.
Ela cantou a poção mágica, jogou os 3 beijinhos e o caldeirão parou.
As pessoas agradeciam Strega Nona, mas viraram para o Tonhão e disseram - prendam.
Espere, disse Strega Nona, o castigo deve ser de acordo com o crime, ela pegou um garfo e entregou para Tonhão.
- Muito bem Tonhão, você não queria o macarrão do meu caldeirão mágico, e eu quero dormir sossegada na minha cama hoje a noite, então comece a comer.
E foi o que ele fez! 



inexistir





A gente erra, erra muito, para alguns o erro é construtivo, para outros errar mais de uma vez é burrice. Para Paulo Leminski o erro é repetido uma, duas, três, quatro, cinco, seis, até esse erro aprender que só o erro tem vez. Um grande problema é que o erro sempre afeta outras pessoas. E as pessoas ficam magoadas, tristes e nunca mais querem lhe ver, usam até a expressão inexistência. Por conta dos meus erros passei a inexistir. Acho que não há palavra mais triste do que deixar de existir pra alguém. Eu devo ter feito o mesmo, devo ter apagado da minha vida várias pessoas, mas pensando melhor, elas não deixaram de existir, pois muito ou pouco me fizeram felizes e me agraciaram com suas risadas, brincadeiras e outras gratidões, da qual a gente nunca deveria esquecer. Inexistir: v.i. "nunca existir, sem existência concreta, não existir; inexistem indícios que possam comprovar que um dia você viveu. Inexistir é pior que desejar a morte. Eu ficaria mais feliz se você me desejasse a morte. Contudo não me cabe mais explicações, o que importa é o que senti, é nisso a inexistência passa bem longe.

to o mesmo e

sábado, 17 de agosto de 2013

As rosas caipiras




Havia uma época que as casas tinham varandas, com jardins e lindas rosas "caipiras" que duravam tão pouco no pé, as pétalas caiam como se elas já tivessem cumprido a sua curta missão: perfumar e alegrar o coração dos donos da casa. Sim, pois nessa época, as pessoas olhavam para o jardim, olhavam para as rosas. Olhavam para as outras pessoas. Vizinho era como parente, a gente sabia até o nome. 
Nas noites calorosas, se colocavam cadeiras pra conversar sobre a vida e olhar as estrelas. De manhã, havia cheirinho de café, pão quentinho, do tipo francês mesmo, não era essa onda de comer pão 7 grãos ou integral. 
Havia quintais e as ruas não eram perigosas, as crianças brincavam de queimada, pique-bandeira, chicotinho queimado e elefantinho colorido. Aliás as crianças brincavam!
O tempo demorava pra passar. 
Esse foi o tempo da minha infância. me lembro de que quando íamos ao centro da cidade com a vovó, ela nos obrigava a usar sombrinha, por conta do sol - Ah! Eu morria de vergonha, mas na volta era muito bom, porque logo estávamos cansadas e a vovó pagava para o charreteiro trazer a gente pra casa, era táxi de charrete. Eu ria muito, porque o cavalo, ia soltando aquelas pelotas de cocô pelas ruas e aquele cheiro fazia com que a gente,  cobrisse o nariz o percurso inteiro, mesmo a minha avó ficando brava.
Quando eu me refiro "a gente", estou me remetendo a uma pessoa especial que viveu comigo essas experiências, a minha tia mais nova: a Juliana. Era ela que comia a minha sopa de mato, que cortava as formigas ao meio e que levava as surras por mim. pois a vovó era muito brava, mas eu nunca apanhava. Eu sinto pela nossa separação, as pessoas que antes foram felizes, hoje nem se conversam mais, pela falta de tempo, por dinheiro, por brigas das quais elas nem se lembram o motivo. Ah! que saudades...
Na casa da vovó também tinha uma grande mangueira, tinha também uma jabuticabeira, que era das abelhas, pois ficava rodeada delas. 
Mas o que eu mais gostava era do galinheiro, eu passava horas a admirar as galinhas. Adorava ver, quando elas botavam os ovos. E como eram bobinhas, eu pegava um mato e corria pelo galinheiro, as bobinhas, corriam atrás. Também eram medrosas as galinhas da minha avó e, quando elas ficavam doentes, eu ajudava a vovó a dar xaropes e antibióticos de gente pra elas. O legal é que elas sempre se curavam.
Naquela época, havia rios com cascudos em suas águas barrentas e no meu aquário também, o nome dele era Cascudeca, um cascudo meio deprê, que sempre estava chupando uma pedra. Os outros peixes iam e vinham, mas o Cascudeca, o meu preferido, sempre estava de boca no vidro. Ele morreu bem velhinho, e depois dele, o aquário foi eliminado - pois nunca vi dar tanto trabalho!
Havia também na minha rua, aquele vira-lata que tem casa, mas é de todo mudo, e o nome dele era Rabito, o cachorrinho era companheiro de todos e já era pai de uma centena de filhotes no bairro, nos tivemos uma descendente dele, era a Lilica, puxou a cara do pai, mas nunca quis se casar e nos dar filhotinhos. Ah! Saudades da Lilica. 
Havia a louca que enchia a rua de delírios e risos e o bêbado que todo mundo tinha medo, ah! eu tinha pavor, eu exalava o cheiro do medo quando ele passava perto de mim, e ele sabia disso, pois sempre fazia uma gracinha, para que eu saisse correndo.
Eu sei que o meu saudosismo é demasiado, mas sinto tanta saudades dessa época, pois havia tantos e tantos, que me dá um aperto de nostalgia. Mas acho que ela é construtiva, pois depois de rememorar estas lembranças, vejo que tive uma infância feliz.