segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O último dia do ano

É sempre neste último dia que somos tomados por uma sensação de "balanço geral" do ano que vivemos.
O último dia do ano.
E com o passar dos anos, os problemas ficam menores, pois com a maturidade da idade, passamos a vê-los com outros olhos, sem muito alarde. Mas, o medo da solidão vai crescendo, com o passar da idade, as pessoas que você ama, conhece e vive estão envelhecendo e, isso vai dando um aperto tão grande que chega até a sufocar.
Em meio a embriaguez da data você enche os olhos de lágrimas, abraça os seus e sente a esperança. E inicia os desejos, os planos, as promessas. Cumpri-las ou atingi-las fica para o próximo dia. Afinal temos mais 365 dias de luta diária. E mal sabemos o que a vida pode nos oferecer. Como já dizia Clarice "Não se preocupe em entender a vida, pois ela ultrapassa qualquer entendimento".

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Das relações

Eu tenho sede pelas palavras
que te cercam
pelos livros que lê
pela música que ouve
pelo cavalo que pinta
nesse carrossel insano
que é a vida
encontrei você.

Você me conduz a loucura.
Eu sozinha
termino em êxtase
fatigada.

Procuro não procurar
mas sinto vontade
nem sei definir
o que sinto
o que sentes,
se é que sentes?

domingo, 25 de novembro de 2012

Em busca do sonho

Era uma vez um homem muito pobre que morava numa cabana no meio do nada. A única coisa bonita que tinha perto de casa era uma árvore.
Uma árvore de tronco largo, folhuda e que na primavera dava flores roxas.
O homem depois que voltava do trabalho, deitava embaixo da sombra dessa árvore para tirar um cochilo e todo vez tinha o mesmo sonho.
Sonhava que ele andava por uma estrada longa, que subia e descia uma montanha que ia dar numa cidade e no centro passava um rio. Ele então subia na ponte e lá no meio, encontrava um baú, lotado de moedas de ouro. O homem abraçava o baú e, era nessa hora que ele acordava do sonho.
Um dia esse homem se olhou no espelho e viu que estava ficando velho e falou: - Quer saber? Eu vou em busca do meu sonho. Arrumou uma trouxa, com comida e roupa e foi. Caminhou, caminhou e encontrou a estrada, a estrada comprida, igualzinha a do seu sonho, o coração dele até acelerou. Ele subiu e desceu a montanha e viu aquela cidade, a cidade do seu sonho. atravessou e viu o rio, viu a ponte e saiu correndo até a metade dela, quando chegou na metade da ponte - tinha um mendigo pedindo esmola, ficou tão decepcionado que fez menção de se jogar da ponte, quando o mendigo falou: - Que isso irmão, vai se jogar por que? O homem então contou todo o seu sonho e sua história. O mendigo deu risada e disse: - Ah! se acredita em sonho! Eu aqui nessa ponte todos os dias tiro um cochilo e tenho também o mesmo sonho. Sonho que tô numa cabana no meio do nada e a única coisa bonita é uma árvore de tronco largo, folhuda e que na primavera dá flores roxas. Essa árvore faz uma sombra e nessa sombra eu começo a cavar um buraco, então encontro um baú, cheio de moedas de ouro. Mas o que sonho mais besta!
O homem se encheu de esperança e saiu correndo, subiu a montanha, desceu a montanha, chegou em casa, lá estava a sombra, pegou uma pá, cavou um buraco e antes que a pá encontrasse o baú, moedas de ouro pulavam do buraco. Aquele foi o dia mais feliz da vida daquele homem.

História de origem africana que ouvi da contadora de histórias Cristiana Ceschi (maravilhosa na interpretação dela)

Abrindo caixas

Cá estou e, ainda permanecerei por um longo tempo, tentando colocar minhas coisas em ordem na minha nova casa, que é pequena, mas já começa a ficar com a cara da dona. Encontrei hoje, numa dessas caixas alguns pôsteres com as ilustrações de Gustave Doré que vieram junto de uma coleção de fábulas que colecionei com muito afinco por meses. São ilustrações lindissímas, mas que já se encontram na caixa do desapego, exceto o leão e o rato que serão emoldurados e ganharão um pedacinho aqui na minha casa. As ilustrações devem ser dadas a alguém de muita sensibilidade e que goste de desenho, pois são tão belas. Fico horas a admirá-las.
Depois de anos, finalmente, consigo dar fim em uma agenda que insistia em guardar. Uma agenda de 2009. Muita coisa aconteceu naquele ano e, se não tivesse registrado, talvez nem me lembrasse dos momentos felizes, dos velórios, das brigas infantis, das compras desnecessárias, dos contatos que desapareceram. Foi um ano doloroso pra mim, perdi a minha cachorrinha Guta.  Mas também foi um bom ano, pois adotei a Ditinha e ganhei a Olívia. Terminava a faculdade, tinha tantos planos... estudava tantas coisas... Agenda que guardava promessas, bilhetinhos de amor, dívidas já saldadas de coisas que hoje nem existem mais. Mas o que mais me deixou reflexiva, foi a Tatiana que vi naquelas folhas. Uma Tatiana que pode ser definida com a palavra esperança.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Leitura infantil no final de semana...

Aproveito o final de semana para ler livros que adoro! livros infantis e deixar registrado aqui algumas sugestões...

Flop - A história de um peixinho japonês na China - Laurent Cardon
Amo livro de imagens! Esse é maravilhoso!!! O ilustrador francês Laurent Cardon realizou muitos trabalhos e hoje mora aqui no Brasil, onde trabalha com animação e ilustra lindos livros como esse! Parabéns!
O livro conta sobre um menino que compra um peixinho de estimação, eles fazem tudo juntos, porém algo acontece no final...

Vale a pena ler o livro através das lindas imagens.

Mundo cão - Silvana de Menezes
Outro livro de imagens que também deve ser admirado. Sem falar que o cão em questão lembra o meu lindo Nicolas. Mundo cão é sobre um cachorrinho que se vê perdido e sofre um bocado, mas no final tudo dá certo.

Como reconhecer um monstro - Gustavo Roldán - tradução Daniela Padilha
O livro traz dicas para que o leitor reconheça um monstro! Patas peludas, pança imensa, cauda com metros e metros, escamas, olhos amarelos enariz de berinjela. Constatado! É melhor correr!

Vestido de menina - Tatiana Filinto e ilustrações de Anna Cunha
Uma graça! Linda as ilustrações e o texto bem poético.

O livro da avó - texto e ilustração Luís Silva

Maravilhoso! Não tem como não se remeter a vovó Tereza. O autor foi preciso e delicado no seu texto e as imagens só fortalecem as saudades desse menino de sua avó.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Você consegue ver?

Descobertas acontecem todos os dias
Você consegue ver?
elas podem ser comparadas
com pequenas formigas esforçadas
ou com mãos habilidosas

É preciso sentir a graça do mundo
rir do esquecimento
não se intimidar com os problemas
não sofrer em vão
Você consegue ver?


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O coelho na lua

A minha mãe hoje me perguntou como andava o blog, relatei a ela, que há dias não escrevia nada, mas me veio a cabeça (e associado a insônia) uma história muito bela, que gostaria de compartilhar, já que acredito que as histórias alimentam... não só os blogs, mas principalmente as almas.

Dizem que se você observar a lua, quando ela está muito cheia e brilhante, consegue ver um vulto, com orelhas compridas, com corpo de coelho, dizem que tem até aquele rabinho de pompom.
A explicação pra isso vem de uma história ...

Há muito tempo atrás, em uma floresta de diversas árvores, flores e animais, vivia quatro amigos inseparáveis: o macaco, a lontra, o elefante e o coelho. Eles se adoravam, mas o mais querido de todos era o coelho. De fato, o coelho era muito especial, era sábio, generoso e puro. Mas sobretudo tinha um coração de ouro. muitas vezes via-se o coelho sentado no meio de uma clareira rodeado de animais e ele lhes contava histórias maravilhosas. Falava do poder de cura das plantas, do poder e da bondade e de como elas podem mudar o mundo. Falava das estrelas, dos planetas e da magia de estar vivo.
Até os animais mais ferozes vinham a essas reuniões. Vinha tigre, crocodilo, lobo... E o coelho inspirava a todos. Tanto era assim, que seus melhores amigos começaram a mudar. O macaco, tão levado e malcriado, que estava sempre planejando travessuras e pregando peças em todo mundo, passou a respeitar e a ajudar os outros. A lontra era tão gananciosa, queria os peixes só pra ela. Pois ela passou a dividir o que era seu com os outros. E o elefante era tão reservado, que nunca dizia aos outros animais onde ficavam as fontes de água, passou a compartilhar também o que sabia. O coelho tornou-se mais bondoso ainda e a bondade do seu coração passou a brilhar mais ainda.
Um dia o coelho teve uma ideia maravilhosa, chamou os amigos e disse:
- Temos muito alimento, muita água, muito amor, amizade, por que não oferecemos o que temos ao mundo a nossa volta? Há tantos pedintes, tantas crianças passando fome, vamos oferecer um pouco de nós mesmos.
Bem no momento em que o coelho estava falando, o grande espírito celestial passou e ouviu as palavras. Mal conseguiu acreditar.
E o coelho continuou: - vejam amigos, vejam a lua com seu brilho, lançando raios prateados, através da escuridão da noite, podemos fazer o mesmo com o nosso amor. Podemos transformar tristeza e aflição. Vamos dar felicidade a quem entrar na floresta amanhã.
Os outros adoraram a ideia. E naquela noite, sentados embaixo de uma árvore, à luz da lua, os quatro animais faziam planos para o dia seguinte.
A lontra prometeu que daria os peixes que conseguisse pescar. O macaco prometeu as bananas e mangas maduras que conseguisse colher e o elefante prometeu que daria água da fonte que conseguisse descobrir. E assim, eles adormeceram. Mas o coelho não conseguia dormir, pois não parava de pensar no que poderia dar.
- meu único alimento são as ervas verdes, dificilmente alguém gosta disso. Não tenho nada pra dar aos outros. E passou a noite toda pensando no que poderia dar, até que uma coisa horrível lhe veio a cabeça, lembrou-se de que gente adora comer carne de coelho. Respirou fundo e prometeu dar-se a si mesmo. E assim adormeceu.
O ser celestial que tudo ouvira, escutou aquela promessa admirável e resolveu descer a Terra, disfarçado de pedinte para por o coelho à prova. Achava inacreditável que um simples coelho fosse capaz de tão maravilhoso desprendimento.
No dia seguinte, os animais ouviram um chamado: - me ajudem por favor, me perdi na floresta, tenho fome e sede. Ao ouvir, os amigos correram até o pedinte e na mesma hora, o macaco pulou na mangueira, trouxe um monte de mangas suculentas e colocou diante do homem. A lontra mergulhou no rio e pescou muitos peixes gorduchos e trouxe -os para o homem. O elefante correu até uma fonte, sugou um monte de água e trouxe para o homem beber e se lavar. O coelho se pos na frente do homem e disse: - acenda uma fogueira para eu pular dentro dela e você poderá comer a minha carne.
O ser celestial, disfarçado de pedinte ficou admirado com tanta coragem, estalou os dedos e fez um som estranho e bem ali, na sua frente surgiu uma fogueira que crepitava. O coelho sem pensar duas vezes, pulou dentro do fogo, mas nem um pelo dele se chamuscou, nem um centímetro de seu corpo queimou, pois no mesmo instante o ser celestial colocou-o na palma de sua mão e disse:
- nunca vi tanta coragem nesta Terra, seu desprendimento precisa ser contado ao mundo todo. Vou colocá-lo na lua, meu caro coelhinho, para que todos aprendam, para que todos lembrem. Você sempre aparecerá na lua cheia, sua bondade e amor brilharão com o luar prateado através de todo o imenso mundo. E foi com essas palavras que o ser celestial ergueu o coelho até o céu e colocou na lua, onde ele vive até hoje.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

fragmentos II


Rilke escreveu que o amor e a amizade existem para propiciar oportunidades para a solidão.
Ela sempre foi uma romantica e, sempre imaginou que a sua vida viria a ser um roteiro de cinema, a cada namoro, a cada conquista, o sentimento enfraquecia, mas ela não queria deixar de acreditar no que o mundo propaga. No que a voz de sua tia velha sempre lhe dizia: para toda panela há uma tampa. Sempre achou meio estranho essa comparação. Mas imaginava-se uma panela brilhante, ofuscante ainda sem a tampa. Aliás muitas tampas por ali passaram, mas algumas grandes, outras velhas ou pequenas. E quando uma tampa parecia se encaixar... logo percebia-se que não era daquela panela. Aquilo tudo era muito engraçado, mas entristecia a tal mulher. E o sentimento enfraquecia. Fez tanto pelo amor que havia se cansado. Sabia que existia outras formas de amar, mas tudo ainda era muito distante para ela. No fundo o que qualquer mulher deseja seja ela  qual classe social e economica pertença é alguém pra amar e também desejar a reciprocidade. As que proclamam aos quatro ventos que não querem ter filhos, são talvez as que mais desejam que os seios venham alimentar um pedaço de você em você mesma. Mas com o tempo, o sentimento enfraquece, a libido, a sedução dá margem a uma gaveta cheia de soutiens beges e calcinhas grandes de algodão. No fundo a cada escovada de dente que se faz antes de ir pra cama, é também um pedido ao espelho, que o tempo seja generoso, que segure mais as rugas, os cabelos brancos e as linhas mais acentuadas a se formar no rosto. Mas o sentimento enfraquece.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

fragmentos


 
Hoje a garota tentou pela última vez, ficou sentada esperando ele passar e mais uma vez tentou falar, rememorar o passado, mas não na tentativa de voltar, mas de limpar com água limpa e cristalina os últimos pingos de sujeira que insistem em grudar no seu mais predileto casaco. Como sempre ele foi bruto, ríspido, desgradável ao ponto de deixar nela a mesma marca: a do arrependimento. Arrepende-se de tudo e principalmente por esperar uma conversa que nunca acontecerá, uma limpeza que nunca a higienizará. Pensa no tempo desperdiçado, nas chances sem muitas expectativas. Volta pisando leve, quase chorando, pega a bicicleta e percorre as ruas, já com lágrimas nos olhos. Vive só, apenas um gato vira lata a faz companhia. Dorme sozinha e seu útero em desuso dói. Até quando comprará livros de auto ajuda? Até quando se olhará no espelho e fará consigo aquele breve diálogo.  Até quando se entupirá de remedios? Até quando viverá pra ver o mundo apodrecer de mesquinhez.

Só um minutinho...

Quando a vovó acordou pela manhã, ouviu batidas na porta, sabe quem era? Era o Senhor Esqueleto, que ajeitou o chapeu e disse que estava na hora da vovó ir embora com ele.
- só um minutinho, disse a vovó, antes eu tenho que varrer 1 casa.
O senhor Esqueleto sentou, afinal, tinha tempo... 1 casa varrida, vamos?
- só um minutinho, disse a vovó, tenho que ferver 2 bules de chá.
O senhor Esqueleto suspirou e esperar mais um pouquinho não faria mal, 2 bules de chá fervido, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, tenho que fazer 3 tortas.
o senhor Esqueleto revirou os olhos, ele precisava ter muita paciência mesmo, 3 tortas feitas, vamos?
- só um minutinho, tenho que fatiar 4 frutas.
O Senhor Esqueleto franziu a testa, estava demorando demais da conta, mais do que ele imaginava, 4 frutas fatiadas, podemos ir agora???
- só um minutinho Senhor Esqueleto, agora tenho que fazer 5 queijos.
O Senhor Esqueleto batia com os dedos na mesa, isso já estava passando dos limites! 5 queijos prontos, agora vamos?
- só um minutinho Senhor esqueleto, agora preciso fazer 6 panelas de comida.
O Senhor esqueleto levantou os braços e sacudiu as mãos, o que mais ele podia fazer, 6 panelas de comida feita, deu o braço para a vovò e disse: vamos?
- Só um minutinho Senhor Esqueleto, agora eu tenho que plantar 7 mudinhas de manjericão.
O Senhor esqueleto, sacudiu a cabeça, já estava ficando tarde! plantadas as mudinhas, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, eu já vou, mas antes tenho que arrumar 8 pratos de comida na mesa.
Chega! O Senhor Esqueleto já não aguentava mais, 8 pratos de comida prontos! agora vamos!
Olha só Senhor esqueleto, ali, vem meus netos!
O senhor Esqueleto respirou fundo e contou, 1,2,3,4,5,6,7,8...9
9 netos lindos correndo porta adentro, as crianças sentaram a mesa, cada uma no seu lugar.
-Agora todos os meus convidados estão aqui, e formam 10, o número 10 é o Senhor esqueleto!
Estava na hora de comemorar o aniversário da vovó, quando o bolo chegou, todo acesso, a vovó apagou como um furacão! Quando a festinha acabou a vovó, beijou todos os netos, um, por um.
E então anunciou: - Estou pronta Senhor Esqueleto, mas puxa vida, aonde estava o Senhor esqueleto, vovó, só encontrou um bilheteque dizia:
"Querida vovó
Sua festa de aniversário foi um assombro! Eu nunca me diverti tanto! Não quero perder sua próxima festa por nada neste mundo. Sinceramente. Senhor Esqueleto"

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O vaso de ouro

 
 
Era uma vez, há muito tempo atrás, um sultão muito malvado. Seu coração era duro como pedra, não sentia pena de ninguém. Todos tinham medo dele, do mais humilde ao mais poderoso. E ele só tinha medo de uma coisa no mundo: de envelhecer! Todos os dias passava horas e horas sentado em suas almofadas, de espelho na mão. Ficava examinando o próprio rosto. Se via um cabelinho branco, na hora mandava tingir, se percebia uma ruga, passava creme e ficava massageando pra ver se a ruga desaparecia. Ele ahava que todo mundo o temia, porque era jovem e que se um dia ficasse velho, ninguém mais o obedeceria. E para que nada lembrasse a velhice, o sultão malvado ordenou que todos os velhos fossem mortos, só queria ver rostos jovens ao seu lado. Infeliz daqueles que os cabelos ficassem grisalhos, eram conduzidos em praça pública pelos guardas e dacapitados! De toda parte chegavam mulheres, crianças, mocinhas e rapazes, para implorar ao sultão que poupasse a vida de um marido ou de um pai. Mas o sultão era inflexível! Até que um dia, resolveu anunciar a todos: "Escutai todos, eu o generoso sultão, vou conceder uma graça, aquele que conseguir recuperar o vaso de ouro que caiu no fundo do lago, perto do palácio, terá como recompensa o perdão da vida de seu pai e poderá ficar com o vaso, tamanha é minha generosidade" - "mas quem não conseguir pegar o vaso, terá a própria cabeça cortada! e isso acontecerá todas as manhãs, essa é a minha vontade.
Rapidamente na manhã seguinte, havia muitos jovens, todos queriam recuperar o vaso de ouro. Os bons nadadores achavam a prova fácil, a margem do lago era alta e quem se debruçasse um pouco percebia com nitidez, no fundo da água clara e transparente, um maravilhoso vaso de ouro. Noventa e nove dias se passaram e noventa e nove mocinhos tiveram as cabeças cortadas. Nenhum deles conseguia chegar ao vaso de ouro. Havia um mocinho chamado Asker, que se deu conta que seu pai estava começando a envelhecer, quando os cabelos brancos começaram a se misturar aos negros, levou o pai as montanhas para escondê-lo e todos os dias levava comida e fazia sua visita. Quando soube na notícia, resolveu que tentaria, estava cansado de toda noite ir até a montanha e queria que o pai voltasse a ter uma vida normal. Começou então a pensar noite e dia no vaso do sultão e não conseguia entender porque quando se olha da margem, é possível enxergar o vaso com nitidez, que parece que é só estender a mão para pegá-lo e no entanto quando se mergulha, a água fica turva e o vaso desaparece. Sem dizer nada o velho escutava o filho falar, depois pensou, pensou e perguntou:
- Diga meu filho, por acaso não haveria uma árvore qualquer na margem, junto do lugar que avista o vaso?
- Sim meu pai - respondeu o jovem, bem na margem, há uma árvore muito grande, frondosa.
-Procure lembrar meu filho, a árvore reflete na água?
- Sim meu pai, a árvore reflete.
- E o vaso não é visível justamente no meio do reflexo da árvore?
- Sim, é no reflexo verde da árvore que se avista o vaso.
- Então ouça o que eu vou lhe dizer, suba na árvore e lá que o vaso está. O que você vê é o reflexo.
Rápido como uma flecha, o rapaz desceu a montanha e no dia seguinte, pela manhã, era o primeiro a tentar capturar o vaso de ouro.
- juro por minha cabeça que encontrarei o vaso - disse o moço
- dúvido! ria o sultão.
Asker foi ao beira do lago e sem hesitar um segundo, ao invés de se jogar na água, aproximou da árvore e subiu em seus troncos, chegou ao topo da árvore e pendurado entre as folhas, encontrou o vaso de ouro. O jovem trouxe o vaso para o sultão, que impressionado disse: - eu não tinha ideia de que era tão inteligente.
- Não, respondeu Asker, sozinho eu nunca teria tido essa ideia, mas tenho um velho pai, que escondi na montanha, foi ele que adivinhou onde estava o vaso.
- Ah foi isso! - disse o sultão, então seria o caso de crer que os idosos são mais inteligentes que os mais jovens, pois mesmo estando longe do lago, um velho encontrou o que cem rapazes não viram...
E desde aquela época, no pais daquele sultão, todo mundo passou a venerar os velhos e, quando passa um velho de cabelos brancos e pele enrugada, todos lhe dão lugar e fazem reverência profunda.

A menina e os botões

Não era dada a brincadeiras de rua, não porque sua mãe não deixava, mas porque o contato humano e infantil quase não lhe fazia falta. Havia coisas que não conseguia fazer e, uma delas era subir nas escadas do escorregador do parquinho. Ela tentava, subia até o segundo degrau, mas ao terceiro suas pernas tremiam e sentia muito medo. As crianças passavam por ela em maratona, subiam as escadas, sentavam e acomodavam o bumbum lá em cima e podiam ter aquela sensação de liberdade. Pelo menos era isso que ela pensava... liberdade. Tinha alguns que abriam os braços e escorregavam como se estivessem descendo do céu a Terra. Ela engolia seco aquela vontade e se sentia muito triste. Seus pais até que tentavam ajudá-la, mas ela não permitia ajuda. Aprendera desde cedo, a lidar com as pequenas frustrações.
Mas quando chegava em casa e pisava com seus pequenos pés no tapete azul que cobria toda a sala, ela se sentia bem, rapidamente buscava a sua caixa, sua caixa de sapatos, dentro havia várias caixinhas de fosfóros e, cada uma carregava um sobrenome. Dentro de cada uma, existia vida, existia uma família. A menina minuciosamente montava sem pressa a sua cidade. Os botões de paletó eram os homens distintos que saiam logo cedo para o trabalho, as mulheres no geral ficavam em casa, cuidando dos botões menores. Era uma incrível cidade habitada por botões. Alguns tinham uma vida cheia de prazeres... enormes casas, empregados, viagens, muito dinheiro. Outros aceitavam um trabalho modesto. Não havia igrejas, os casamentos eram feitos em lindos parques, as noivas eram botões encapados de branco. Eram lindas!
A menina passava horas com seus botões. A mãe dizia que nem parecia ter uma criança em casa. A menina tinha fixação por botões e ficou assim também com as roupas das visitas, quando alguém chegava, a primeira coisa a olhar eram os botões e com isso imaginava como seria bom tê-los. Algumas vezes, acontecia de um botão se perder... alguns também se perdiam embaixo do sofá... e alguns morriam: morte natural ou jogados no lixo, por cometerem atos que fossem contra as regras da cidade dos botões. Mas o dia mais feliz para a menina era quando saia às pressas e contornava o quarteirão, chegando a casa da costureira. Ela a entendia tão bem. Das mãos habilidosas da simples costureira abria-se novas vidas, pois ela entregava a menina um pequeno saco de cor parda, que tilintava um barulho tão conhecido que enchia a menina de alegria e curiosidade. Eram novos botões... alguns já vinham velhos, maltrapilhos e logo seriam pacientes para o Dr. Henrique no hospital dos botões. Os já muito gastos eram avós que chegavam de outra cidade, alguns eram levados a habitar um pequeno asilo. Os pequenos, eram sempre as crianças... peraltas de todas as cores. Os dourados eram mulherem ricas e no geral fúteis, pois viviam a arrumar os cabelos e fazer as unhas. A costureira numa dessas entregas sorria e dizia a menina: - semana que vem haverá mais, tenho muitas roupas para consertar e fazer. A menina agradecia e saia feliz nomear os novos habitantes. Certa vez, chegou um botão que era comandante, ele era muito galanteador e muitas mulheres douradas se engraçaram por ele. Voltou ao mar e nunca mais o viram. A menina suspeitava que ele havia sido engolido pelo grande monstro feroz, que algumas vezes avançava pela cidade, quebrando e levando vários moradores embora na sua boca salivante. Sempre pedia que a mãe  não deixasse Lady entrar em casa, era uma cadela sem modos e sempre provocava pânico entre os botões. O tempo foi passando e as idas a costureira continuaram, mas o número de botões fora diminuindo, muitas vezes a menina levava o saquinho pardo, mas por falta de interesse, nem abria, guardava na caixa de sapatos. Teve um dia que tomou coragem e disse que não precisava mais deles. Agora sentava na cadeira, e  folheava a revista da moda, tinha ideias e queria ficar linda em saias, blusas e nas grandes coisas que gostaria de vestir.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O diário de Nicolas

Nicolas é o meu nome, sou um cão salsicha de 1 ano, que nasceu no dia dos mortos e foi abandonado pelo careca do meu pai. Na verdade, eu gosto de ser filho de pais separados, quase todo mundo hoje em dia é assim. E o meu pai? Ah! o meu pai não gostava muito de mim e só sabia dizer:
- Nossa Nicolas, como você está suado?

Eu não sou jogador do Corinthians pra viver suado, não luto boxe, não faço triathlon, sou só um cão!

SÓ UM CÃO.
 
 
Hoje eu moro com a minha mãe, na casa dos meus avós. A minha mãe trabalha como uma louca e vive dizendo:
- Trabalho pra te dar o melhor Nicolas!
 
Eu queria mais tempo com ela.
Eu adoro quando anoitece e nos dois dormimos agarradinhos.
Tem coisas na vida de um cachorro que são legais.
 
É legal comer moela de frango no meu prato verde.
É legal brincar com a Duda de lutinha. A Duda é a minha verdadeira amiga, dizem até que nós dois somos namoradinhos, mas eu não liga pra isso não! Sou jovem pra pensar em casamento.
Legal também é correr atrás das visitas, fazendo cara de mau, tomar sol até ficar bem quentinho e comer palitinho assitindo TV.
 
SUPER LEGAL é brincar de esconde esconde no sofá da vovó, com aqueles buracos gigantescos que eu fiz, ficou da hora!
 É andar de carro com a minha mãe querida! Com as orelhas ao vento, sentindo inúmeros cheiros... Andar com o meu avô até a esquina de casa e voltar correndo, fazendo xixi em todos os postes. É SUPER legal também fazer pum embaixo do edredom e ver a cara da minha mãe brava - é tão divertido!
 
Mas eu confesso, eu tenho um defeitão! Sou muito guloso. Ser guloso me fez entrar numa baita confusão um dia destes...
 
Meu avô fez a especialidade dele... PIZZA!  Eu amo aquele círculo amarelo e cheiroso! Como amo! Eu sempre como um pedacinho, mesmo que muito pequenino, mas neste dia, ninguém me deu, pois a pizza era de ATUM???
 
Atum??? Que é isso minha gente??? alías, atum integra uma lista de palavras que eu desconheço como cartão de crédito, correspondência importante, sapatos novos, cartela de remédios e outras coisas gostosas de ser mastigadas.
O fato é que a minha mãe disse pra ficar bem longe da pizza de atum! porque cachorrinhos não podem comer atum.
Mas eu não dei muita bola pra minha mãe, aproveitei a ausência dela, escalei a mesa da cozinha como um grande alpinista e abocanhei apressadamente um grande pedaço de pizza de atum! Delícia!
Na verdade parecia ser bom, mas na correria nem senti o sabor direito.
A minha mãe quase me flagrou, mas eu com aquele sorrriso amarelo de quem não sabe nada perguntei:
-Mas mãe, por que cão não pode comer pizza de atum?
- Porque atum é peixe. E peixe da rabugem nos cães.
 
Comecei a rir, só podia ser coisa da folclore brasileiro - RABUGEM!!!
O que eu não sabia e que o atum em contato com o sangue canino provoca RABUGEM.
RABUGEM pra quem não sabe é uma maldição que os peixes lançaram para os cães que os comem.
O rabo vai ficando cada dia um pouquinho maior, maior, maior e MAIOR...
Meu rabo de fininho foi crescendo e engordando e quando eu vi, não era eu que carregava o rabo e sim o rabo que me carregava.
 
E o pior é que ele era um rabo desobediente!
 
 
Eu comecei a chorar tanto, mas tanto.
Foi quando apareceu uma luz no meu quarto, era a fada Tainha, a fada madrinha dos cães que comem atum e ficam arrependidos. Ou melhor dizendo, a fada madrinha dos enrabujados.
Ah, mas antes de consertar o meu rabo ela me passou um sermão de horas e, o pior e que a fada Tainha fala meio enrolado. Mas depois de horas e horas, meu rabinho voltou ao normal, é claro que eu tive que prometer que atum nunca mais! E desobeceder a mamãe??? Ah isso já é outro papo!
 
 
 
 



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A história de um pescador

Essa é uma história japonesa que gosto muito de contar...
Há muitos e muitos anos atrás, numa aldeia junto ao mar, vivia um pescador chamado Urashima Taro e todas as manhãs, ele saia no seu barquinho para pescar. Mas naquele dia não tinha conseguido pescar nada, nenhum peixinho. Mas isso não o deixou desanimado. Amanhã será outro dia e eu terei mais sorte.
Quando voltava para a sua casa, viu uns meninos que maltratavam um filhote de tartaruga, jogavam de barriga pra cima, cutucavam com a vara, machucando a coitadinha. Imediatamente, ele pediu que parassem com aquilo, deu algumas moedas e os meninos sairam a comprar balas. Urashima Taro, pegou a tartaruguinha e levou-a cuidadosamente para junto das águas. O filhotinho foi embora feliz da vida nas brancas ondas do mar.
Alguns dias se passaram, o jovem estava no seu barco, quando ouviu uma voz: - Urashima Taro! Alguém me chama, mais quem? Quando viu, surgiu na sua frente uma enorme tartaruga que disse:
- Desculpa, não quis assustá-lo, alguns dias atrás você salvou meu filhote e como agradecimento gostaria de conduzi-lo ao Paraíso do Fundo do mar.
Ele desconhecia esse lugar, mas aceitou e subiu nas costas da tartaruga e iniciaram uma viagem incrível no fundo do mar. Desceram, desceram e foram cada vez mais fundo, a água ficava cada vez mais azul, peixinhos de todas as cores, flores exóticas e plantas se abriam. Assim que passaram por um túnel, eles entraram num fabuloso jardim, que conduzia a um majestoso castelo.
- Chegamos, é aqui o castelo do Grande Rei Dragão! Disse a tartaruga.
O coração do rapaz disparou de emoção, mais ainda quando viu a princesa, sua voz parecia um canto e ela também agradeceu por ter salvado a vida da tartaruguinha.
O rapaz foi conduzido ao interior do palácio, mas seus olhos nunca tinham visto tamanha beleza! Tudo era lindo. A princesa abria janelas e cada uma mostrava uma estação do ano, tudo colorido e lindo. Um grande banquete foi feito para recepcionar o pescador e peixes ao lado de bailarinas dançavam de maneira encantadora. E passavam dias, como um sonho. Ele sempre rodeado de atenções até, que um dia a saudade bateu. Intensa e repentina. Sentado em uma das pedras do jardim pôs-se a pensar em sua mãe, seus amigos? A princesa logo percebeu e perguntou se ele estava com algum problema. O pescador respondeu, gostei tanto daqui que esqueci de voltar. A princesa tentou de várias maneiras convencê-lo a ficar, mas ele estava firme na sua decisão.
-Eu gostaria que ficasse para sempre, mas entendo a sua decisão! e retirou do bolso uma caixinha dizendo: - isto é um presente, guarde-a como lembrança deste lugar. Só deve prometer que nunca irá abri-la.
- está prometido! muito obrigada pelos dias maravilhosos que passei aqui.
Urashima Taro, despediu de todos e voltou na carapaça da enorme tartaruga a praia, e só pensava na sua mãe, se ela estaria preocupado com ele.  Sua ansiedade ia crescendo até que chegou a terra firme, tomou o rumo de casa, mas percebeu que algo estava errado. Cruzava com pessoas que olhavam curiosas, mas não conseguia reconhecer ninguém. E sua casa? não encontrava sua casa? Dirigiu-se a um velhinho para perguntar onde morava a família Urashima.
- Urashima? urashima? não me é estranho! Ouvi dizer que o filho saiu para pescar e nunca mais voltou, mas isso foi a muitos anos atrás. Então quando pensava apenas ter vivido dias naquele paraíso, na Terra havia se passado anos. Urashima vagou sem destino e, ficou tão desanimado que esqueceu da promessa e abriu a caixinha. De dentro, um fio de fumaça bem branquinho foi saindo e envolveu-o por inteiro. Seus cabelos foram ficando brancos e seu rosto cheio de rugas. Em poucos segundos Urashima era um velhinho.
 
História retirada do livro UrashimaTaro de lúcia Hiratsuka

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

leiturinhas parte II

Mais algumas leituras finalizadas...
Sapos não andam de skate - novas fábulas com novas morais - de Jon Scieszka e Lane Smith - Companhia das letrinhas. O livro é muito bom! São fábulas maluquetes, como a do sapo que não anda de skate, mas acredita em tudo que vê na TV. O elefante que não deveria dar ouvidos ao mosquito entre outras, bem malucas e legais. Diversão na certa e altas risadas...

O elefante e a pulga
Quando o elefante cresce, ele fica também mais responsável. Um dia, ele e a pulga foram ao cinema. Gostaram tanto do filme que viram duas vezes.
-Droga! disse o elefante, olhando para o relógio atrasado para um encontro com o rinoceronte. Ele vai ficar uma fera. você tem dinheiro aí para eu telefonar?
A pulga procurou nos bolsos.
-Não tenho nada. gastei tudo em pipoca.
Então o elefante não ligou. Quando ele chegou em casa do rinoceronte, com um atraso de 20 minutos, o rinoceronte estava uma fera.
Você podia ao menos ter telefonado - disse o rinoceronte
moral: os elefantes nunca esquecem de nada, só algumas vezes.

Chapeuzinho Vermelho uma aventura borbulhante - Lynn Roberts- editora zastras
Uma graça de história, ilustrada por David Roberts, chapeuzinho é um menino que adorava vermelho, seus pais eram donos de uma pensão, e as pessoas vinham de longe provar um saboroso e
borbulhante refrigerante, que também era o preferido da sua avó.

Bom, a história continua, até encontrar o lobo que engole a vovó, mas que depois de provar do refrigerante, dá um arroto tão grande que a vovó sai voando da barriga dele, depois disso eles se tornam amigos.

Pote vazio


Há muito tempo atrás, não longe daqui. Existia um imperador que gostava muito de flores e animais. Todos os dias ele cuidava do seu próprio jardim. Mas esse imperador não teve filhos e já estava ficando bem velhinho e muito preocupado, pois quem poderia ser o seu herdeiro?
Foi nas flores, que ele buscou inspiração para solucionar seu problema. Mandou chamar todas as crianças do reino, e deu a cada uma delas, uma semente.
A notícia se espalhou, todas as crianças foram buscar as sementes e para cada uma o imperador dizia:
- Aquele que provar que fez o melhor em um ano e me trouxer a flor mais bonita, será o novo imperador da China.
Um menino muito simples, chamado Ping também foi buscar sua semente, ele também adorava as flores. Voltou correndo pra casa, plantou a semente e cuidava dela todos os dias. Porém quando passou um ano, no pote de Ping não apareceu flor nenhuma, não apareceu nada!
Seu pai disse que ele deveria ir e mostrar que tinha feito o melhor.
Quando Ping chegou ao palácio, ficou muito envergonhado, pois as crianças traziam vasos com flores perfumadas e lindas.
O imperador olhou para todas e disse:
- Não sei aonde vocês arrumaram essas sementes, porque as que eu dei, seriam impossíveis de brotar, pois estavam queimadas. Admiro a coragem de Ping que fez o melhor e falou a VERDADE, como recompensa, ele será o novo imperador da China.

Adoro essa história e conto sempre nas minhas apresentações, essa fica guardada especialmente para a minha amiga Dani Sousa, que ouviu, gostou e irá recontá-la...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

leiturinhas...

Sou apaixonada por livros infantis e me encantei por alguns que seguem alguns comentários...

A caminho de casa de Jairo Buitrago e Rafael Yockteng - editora UDP
A história toda é permeada por uma menina na companhia de seu leão imaginário, que remete a figura do pai que ela não tem. O texto toca o coração e as ilustrações são lindas, vale a pena ler!
"na volta pra casa, venha comigo... para que eu tenha com quem conversar. Você pode ir embora de novo, mas se quiser... mas volte quando eu pedir"...

Indo não sei aonde buscar não sei o quê de Angela Lago - editora RHJ
Bom, conta a história de um menino meio zonzo, que pra tudo que lhe perguntavam, ele dava a seguinte resposta: - sei não!. Pois seinão ficou sendo o seu apelido e, justo esse menino foi se apaixonar por uma princesa, muito sabida, mas que adorava dar risada e fazer piada com as pessoas. Um dia, ela prometeu casar com ele, caso ele fosse buscar não sei o quê pra ela. Ele foi. E durante dias as pessoas tiravam o maior barato da cara dele. Porque o bobo ia atrás do impossível, de algo que ele nem sabia. Andava, andava até que chegou no inferno, bateu na porta do diabo e acabou ficando pois foi enrolado pelo diabo que precisava de um ajudante. Um belo dia, o diabo lhe entregou um embrulho e disse que ele não podia abrir, dizia não saber o que era, mas se o Seinão abrisse podia deixar de ser. E como Seinão também ja tinha feito umas burradas com o computador do diabo, resolveu pegar o embrulho e se mandar do inferno. Correu em direção ao palácio e já foi falando para a princesa que havia buscado o tal do não sei o quê! A princesa disse que era impossível! Ninguém no mundo poderia saber o que existia no embrulho - não havia dúvida, a encomenda estava certa! Pois é, Seinão segue muito bem casado e o embrulho segue embrulhado! Uma gracinha de história, principalmente pra gente que não sei não!



Pimenta no cocuruto de Ana Maria Machado, ilustrações de Roberto Weigand - editora FTD
Um clássico, afinal minha mãe me contava essa história, só que na versão da Taninha, o que havia caído na cabeça da galinha, era uma goiaba, sim uma goiaba! A galinha poderia ter tido um traumatismo craniano e nem ter concluido a bagunça geral que ela causa na história. Na versão da Ana Maria Machado, o que cai é uma pimenta e a coitada, levou um susto tão grande que saiu logo gritando que o mundo ia se acabar! Esbarrou no galo, pato, marreco, peru, porco, cabra, cachorro, gato, papagaio, vaca e até andorinha. A notícia correu e sempre a mesma tragédia, que o mundo ira se acabar porque o cocuruto da galinha que tudo adivinha tinha contado pra todo essa gente. A andorinha e que levou a noticia ao homem, e quando chega a essa altura da história já fica dificil contar quem contou pra quem que o mundo ia se acabar, ás vezes, entrava bicho que nem tinha entrado na história. Então o homem viu todos aqueles bichos correndo enfileirados e resolveu sair correndo, ao atravessar uma ponte, o homem quebrou o seu pé. Os bichos todos pararam em volta dele, com pena e começaram a discutir quem tinha sido o culpado. A bicharada se dividiu em dois grupos, uns culpavam a galinha, porque ela tinha começado tudo aquilo e o outro lado, culpavam a andorinha que tinha ido assustar o homem.
Mas de quem vocês acham que é a culpa?  E dessa forma que a gente aprende que a história pode ter muitos finais. Tem gente que depois de ouvir tantas e tantas vezes, chega a conclusão que a culpa era do homem, afinal! quem mandou sair correndo como um louco atrás da bicharada.
O distraído sabido  de Ana Maria Machado, ilustrado por Cris Eich editora - Salamandra
Conta a história de um menino que de tão distraído era muito sabido. Quando a mãe pedia pra trazer talco pra passar no irmão, ele levava xarope, mas a distração tinha uma explicação, ele vivia lendo, vivia prestando atenção em coisas que ninguém vê ou nem liga. Pedrinho olhava a vida com outros olhos. A vida tem tanta beleza, basta ter olhos pra ver!
O carrossel de Rainer Maria Rilke - ilustrado por Isabel Pin e traduzido por Juliana P. Perez
Sou suspeita, porque amo de paixão esse poeta.
Aqui ele faz poesia, com o carrossel...
"Gira por mais um momento o conjunto, seu teto, a sombra, as cores e os cavalos, como se fossem de outro mundo que imerge e ainda hesita em abandoná-los... bravura todos levam na expressão... e nos cavalos todos vão passando...e tudo segue e corre sem que adiante e gira e roda sem nenhum destino...  maravilhoso!
Numa noite muito, muito escura  Simon Prescott- Publifolhinha
Que graça de livro! Tudo é muito escuro e acompanhamos um ratinho que busca algo inesperado... atrás de uma porta muito, mas muito escura! Muito gracioso e com final surpreendente.

terça-feira, 17 de julho de 2012

página virada



Talvez até soe, como título de música sertaneja, mas há certas coisas na vida da gente, que
definitivamente se coloca um fim. Tem coisas que acabam, mas ainda permanecem por aí...
Hoje virei mais uma página na minha vida, não que não havia iniciado uma nova fase, mas hoje foi o desfecho final de uma história, da qual fui uma das protagonistas. Quando se trata da separação, a dor já pertence à outra vida da qual você quer se separar. "Na separação a dor se torna um capital fundamental na renovação, no recomeço que devem ser realizadas em ambas as partes".
E foi assim que um ciclo se fechou hoje e, por mais medo que tivesse, tudo correu com tanta tranquilidade, que aquela mágoa, tão descrita em tantos escritos, ela desapareceu. Surgiu diante de mim, lembranças boas, gratidão e um desejo intenso que o outro seja feliz! Permanecemos por um tempo sem conhecimento um do outro e agora, nos desligamos definitivamente. Nesse momento cada qual se fará um novo, com novas necessidades, condições e sonhos. Hoje estou leve como uma pena e desejo ao outro a mais intensa felicidade. Seja feliz e obrigada por tudo!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

escrever...



Um amigo me advertiu dizendo que escrevo coisas muito pessoais no blog, e ao ler o comentário da amiga e leitora Sandra, que tanto estimo, comentando sobre a mágoa, uma frase me chamou a atenção: "obrigada por compartilhar algo tão teu". Eu não sei até que ponto isso é certo? Lá vai eu, com meus erros e acertos, mas o problema e que tenho urgência em escrever em determinados períodos. Sejam eles de tristeza, cansaço ou de inquietude. Na alegria, parece estranho, mas na alegria, eu escrevo mais pra cumprir a função cultural de escrever sobre as histórias. Quem me lê pode pensar que eu sou um poço sem fundo de depressão, mas eu tenho meus estágios de felicidade, a questão é que na melancolia, eu produzo e penso melhor. E por mais que eu tente me expressar, tenho a sensação de falhar, de ainda não dizer tudo o que sinto. Ao escrever me dou as mais inesperadas surpresas, acabo me conhecendo e de quebra quem me lê, acaba sabendo da minha vida. Uso, agora com permissão e crédito a autora Viviane Mosé, que descreve de forma tão intensa o que também sinto quanto me coloco na frente deste computador..."escrever é como arrancar espinho do pé, desfolhar, desfiar, desfazer nós, escrever pode até tentar se curar e pode ser querer cuidar do que não se cura, pode ser alívio, auxílio,pode ser um dano, um coice...uma porta, uma esquina, uma encruzilhada, uma porrada, escrever pode ser um vício" e nas palavras que eu queria ter escrito que a autora descreve o que é escrever para a Tatiana, e a solidão, me auxilia nesse processo, nesse momento de introspecção, me sinto nua do mundo que habito, acredito que os solitários são os que mais contribuem para a sociedade.

terça-feira, 10 de julho de 2012

mágoa x inexistência





Às vezes dou pra filosofar... e nessas horas, não importa muito bem o local, se a vontade me aguça, saio perguntando coisas, até porque tenho um profundo interesse em saber como as pessoas pensam. Uma das coisas que mais me deixam ainda "grilada" e essa vontade de voltar ao tempo, porque infelizmente me arrependo de muita coisa que fiz. Tem gente, como a de hoje, que se arrepende das coisas que deixou de fazer. E por que será que comigo tem que ser assim, eu sempre tenho que me remeter ao passado querendo consertar algo? A conversa continua, e comento sobre a mágoa ( e como eu luto pra me ver livre dela) tem gente, como a de hoje que não sente mágoa, diz que passa um nervoso passageiro, mas depois tudo volta a ser como antes. Ofendida porque a esta altura, eu acho que só eu tenho problemas, eu pergunto: - mas e quando a pessoa faz muito mal a você? A pessoa de hoje responde, - ela não existe, não sinto mágoa, pesar, amor, raiva, rancor... não sinto nada, ela inexiste. Qual será o melhor? sentir ainda um certo desapreço por alguém, ou simplesmente esquecer que ela existe? Será possível que um dia eu possa esquecer que certas pessoas existiram na minha vida? Será isso certo? justo? correto? Eu duvido que isso possa ocorrer comigo, eu caminho muitas vezes, olhando pra trás, sei que isso é um grande defeito. Eu ainda tenho comigo a gratidão do aprendizado de viver do lado do outro, mesmo que este, tenha me magoado muito. E anos poderão passar, eu ainda em alguns momentos, numa fala, num cheiro, num local e mesmo em algum sonho, pessoas retornarão a minha lembrança... se a mágoa efetivamente passar, eu pensarei: o que estará fazendo agora? Curiosidade, pois também sei ser curiosa.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O rei da fome



Há um livro, chamado "o rei da fome" da ilustradora e escritora Marilda Castanha, que eu simplesmente adoro! E sempre conto nas minhas contações, vou contar aqui com as minhas apropriações, mas leiam o livro, pois é uma graça!

Havia um rei, que comia histórias! Sim, ele comia as histórias que estavam guardadas nos livros. Todos os dias, os criados, lhe serviam no café da manhã, almoço, e jantar histórias...
Seu fiel criado, lhe trazia os mais diversos têmperos: pimenta, óregano, sal, mostarda, salsinha, canela, curry, manjericão entre outros... condimentos dignos de rei. Ás vezes cismava que o livro estava duro, então era necessário mandar de volta a panela, outras vezes, que o livro estava frio, e mandavam diretamente ao forno para aquecer. O fato é que regado a azeite ele comeu muitas histórias. A volta ao mundo em 80 dias, foi comido em duas horas. Alice no país das maravilhas em 1 hora e Branca de Neve, ah! esse foi em 10 minutos.
Além de provocar o sumiço nas prateleiras da Biblioteca real, o rei calado, não guardava consigo o segredo daquelas páginas, não adiantava insistir porque ele não contava nada pra ninguém. mas um dia, um dos serviçais, um moço que adorava ler, começou a ficar incomodado, pois em alguns dias, não restaria livros. Ele pensava em soluções, como em cortar a barriga do rei, assim, como o caçador fez para salvar a Chapeuzinho e a vovó ou espetar o dedo do rei em uma roca, para que ele pudesse dormir anos, como a Bela adormecida, não! O rei não cairia naquelas armadilhas. Então, o moço muito esperto, resolveu vigiar o rei, e naquele dia, o rei estava com tanta fome, que comeu toda a mitologia grega. Mas no outro dia, seu fiel serviçal, acordara muito doente, o rei quando soube, ficou irado de raiva - quem conseguiria mais livros para ele comer! Porque para conseguir os livros era uma baita burocracia, até que  o moço gentilmente se ofereceu para fazer toda a papelada e pediu para o rei assinar. Foi aí, que o rei ficou acuadinho, tremendo feito gelatina. O rei não sabia escrever. A verdade é que o rei não sabendo o que fazer com tantos livros, resolveu comê-los e durante todos aqueles anos, era seu serviçal fiel quem assinava as requisições pra ele. Desmascarado o rei não teve saída, entrou na escola e hoje já está aprendendo a ler. Os livros daqui em diante não serão mais triturados e sim devorados pelos olhos do rei. E tudo foi resolvido, o rei está mudado e não gosta nem de livro arranhado.

O amor que nunca morre

Há um amor que nunca morre, e não estou cá dizendo do amor materno, já comentado em outra ocasião. Conheci recentemente histórias de viuvez onde as pessoas voltam ao convívio de novos substitutos, apenas uma alternativa para sobreviver aos dias que restam. Alguns perdem tudo para salvar o amado, mas o dinheiro infelizmente não poupa a linha da vida e, ela se arrebenta como uma linha qualquer. Fiquei sabendo que um homem forjava os exames médicos da mulher após a quimioterapia, (ele escaneava, e mudava dados) para que a esposa acreditasse que o tratamento estava dando certo. Outro guardou as mais preciosas joias numa caixa dourada, não deixando nem que a nova mulher utilizasse. E as histórias são muitas, tentam de forma desesperada encontrar um novo consolo, mas não sentem amor por nada, somente a saudade diária  da amada que se foi. Amar nunca mais.

sábado, 30 de junho de 2012

Ganhar laranjas



Passei uma maratona de mais de dez horas trabalhando nas últimas duas semanas. Eu não sou muito organizada, mas procuro no meio da minha mesa "bagunçada"  listar o que é urgente e necessário. Pontuar.
 E nesse pedaço de papel, nesse rascunho, vou pontuando uma série de deveres e afazeres que parecem não ter fim! Pelo contrário a cada item riscado, surgem mais cinco para as próximas horas. Eu não sou a executiva da Unilever, sou apenas uma Profª Coordenadora Pedagógica de uma escola da rede municipal.
Será culpa do tempo? Esse lance de saber otimizar o tempo é uma tremenda besteira, porque o mundo anda culpando o tempo e não comprando livros ou vendo vídeos para aprender a lidar com o soberano tempo. Há um tempo atrás as coisas não mudavam, a pessoa escolhia uma profissão e morria sendo aquilo. O casamento só era interrompido com a ladainha próxima do caixão. O viúvo(a) era casto até morrer. Os namoros precisavam de permissão para acontecer. Os alunos ficavam quietos e sentados. Os cachorros dormiam em casinhas de madeira e eram acorrentados com a missão única de "olhar o quintal"... e por aí vai...
O tempo acelerou e está tão distante que não conseguimos alcança-lo - ficamos ao longe, sem ao menos poder dizer um adeus.
Essa semana, fui tomada por um sentimento chamado de gratidão. Apareceu um senhor na escola, para realizar um teste de escolaridade (quando a pessoa é alfabetizada, mas não chegou a concluir o 1º ciclo básico, como não tem documentos que comprovam, é feita uma avaliação e depois emitido um certificado). Uma das minhas responsabilidades é realizar o teste de escolaridade e, foi neste momento que as nossas vidas se entrelaçaram. 
Neste dia, eu estava muito tensa, pois havia engolido um sapo gigante. Pensei em dizer para a secretária da escola que não faria, que talvez na próxima semana, quando o sapo já estivesse devidamente digerido. Mas ela comentou da necessidade de ser naquele dia, pois ele dependeria disso para uma possível contratação. Quem sou eu, pra impedir alguém de trabalhar! Que mande o senhor entrar. Ele entrou todo nervoso, justificando de há muito tempo não estudava, não levou lápis e borracha, só um nervosismo tão grande que o fazia gaguejar intensamente. Mas ele não estava só, sua neta o acompanhava, uma garotinha de uns 12 anos, altiva, esperta e disposta a burlar regras para auxiliar o amado avô.
Peguei a prova, lápis e borracha e munida de instrumentos levei ambos para uma sala isolada. Fiz a leitura da prova e disse que estaria na sala ao lado, caso surgissem dúvidas - foi então que o senhor perguntou: - minha neta pode ficar aqui?
A menina arregalou os olhos, como repressão a pergunta absurda do avô. Ela pensava - claro que posso ficar!
Num tom, de alguém engasgada pela vida e pelo sapo que ainda relutava em mexer na minha garganta, disse um alegre e sonoro SIM. E assim se passaram horas, até que a neta, toda relaxada me trouxe a prova, ao lado do avô.
O resultado sai na terça feira - disse gentilmente, caminhando com os dois até o portão da escola. Nos despedimos. Ao corrigir a prova, a folha de sulfite que eu havia dado para rascunho entregava a "cola". A prova realizada pela neta e copiada pelo avô - Pensem o que quiserem, mas aquilo, encheu meu olhos de lágrimas. O amor é capaz dessas coisas.
Mal havia  finalizado a correção, a secretária me chama novamente, diz que o senhor estava a minha procura. Me surpreendi e fui ter com ele no portão da escola. Quando o encontro, estava com um saco de laranjas nas mãos. As laranjas haviam sido colhidas por ele, das suas rudes mãos como agradecimento. Foi inevitável o marejar dos meus olhos. Ganhar laranjas foi uma das grandes coisas que me aconteceram, depois do saco entregue e do peso ao entrar na escola, fui tomada por uma sensação de bem estar. Apesar de tanta brutalidade (pois o gigantesco sapo comprovava isso) eu havia ganho laranjas. E não são laranjas comuns, apesar de estarem azedas (segundo o meu pai, mas isso não me importa). Aquelas laranjas representam a gratidão de alguém. A pessoas brincaram dizendo que eu havia sido comprada por laranjas e, que eu estava me vendendo por um preço muito baixo. Mas não fui comprada, fui escolhida pela gratidão de um homem.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

poema presente

Desejo a você
 Fruto do mato
 Cheiro de jardim
 Namoro no portão
 Domingo sem chuva
 Segunda sem mau humor
 Sábado com seu amor
 Filme do Carlitos
 Chope com amigos
 Crônica de Rubem Braga
 Viver sem inimigos
 Filme antigo na TV
 Ter uma pessoa especial
 E que ela goste de você
 Música de Tom com letra de Chico
 Frango caipira em pensão do interior
 Ouvir uma palavra amável
 Ter uma surpresa agradável
 Ver a Banda passar
 Noite de lua Cheia
 Rever uma velha amizade
 Ter fé em Deus
 Não ter que ouvir a palavra não
 Nem nunca, nem jamais e adeus.
 Rir como criança
 Ouvir canto de passarinho
 Sarar de resfriado
 Escrever um poema de Amor
 Que nunca será rasgado
 Formar um par ideal
 Tomar banho de cachoeira
 Pegar um bronzeado legal
 Aprender um nova canção
 Esperar alguém na estação
 Queijo com goiabada
 Pôr-do-Sol na roça
 Uma festa
 Um violão
 Uma seresta
 Recordar um amor antigo
 Ter um ombro sempre amigo
 Bater palmas de alegria
 Uma tarde amena
 Calçar um velho chinelo
 Sentar numa velha poltrona
 Tocar violão para alguém
 Ouvir a chuva no telhado
 Vinho branco
 Bolero de Ravel
 E muito carinho meu.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que fazer com 36?

na curiosidade da pesquisa, digitei no Sr Google, "o que se pode fazer com 36 anos?" . Encontrei uma pessoa que entrou na faculdade de medicina (bom, não é a minha pretensão! apesar de ser um pouco hipocondríaca e, não ter medo de sangue). Descobri também que já estou velha pra participar de intercâmbios pagos pelo governo (tudo bem, eu até acalentava um sonho de ir para Àfrica, conhecer um baobá de perto). Também, não posso ser modelo, nem me inscrever no concurso "faces" da Avon. Enfim, eu não posso muitas coisas, mas em contrapartida, eu posso tanto! Como nunca pude em outra época. Embora às vezes eu caia na depre, de achar que envelhecer é viver numa casa caindo aos pedaços e que toda manhã você se inspeciona no espelho, em busca de novas rachaduras, ou de novos deslizamentos... é inevitável, os tais deslizamentos. Eu ando muito mais feliz hoje, do que já fui ontem... com 35. Eu passei por poucas e boas, fiz muita besteira, engoli muito sapo (com as perninhas abertas), magoei tanta gente, passei raiva, menti, usei o nome santo em vão. Mas tudo me proporcionou um pacote de experiências, e mesmo dizendo que não faria tais coisas... eu repetiria sim! pois foram escolhas que me fizeram crescer. A cada dia descubro uma nova Tatiana, talvez nem seja uma nova pessoa, nem cenários novos, mas olhos novos pra ver o mundo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

palavras olham pra você

Vontade de escrever
Tentar colocar nas palavras, algo que eu ainda nem sei... vago? Vontade de soltar palavras, de ensiná-las o seu caminho, baterem a sua porta, entrarem embaixo dela, sorrateiramente... elas então entrarão no seu quarto e ficarão ao seu lado, ao pé da cama, amarradas, até que você perceba que palavras olham pra você.
PALAVRAS OLHAM PRA VOCÊ
Seu conflito passou?
No fundo, ninguém na vida, pode ajudar alguém em conflito, mas não é tão ruim assim, como pode parecer a primeira vista. Temos tudo em nós mesmos: nosso destino, futuro, vontade, vastidão, mas há momentos em que é tão dificil estarmos em nós mesmos, não acha? E justo nesses momentos nos agarramos com maior firmeza a algo externo.
As palavras continuam ao seu lado.
As palavras enviadas, ora encolhidas, sobem, caminham até seu ouvido e dizem: cansaço, casa, saudades, perdão, solidão e desalinho.

palavras capturadas





Existe um país onde as pessoas quase não falam, nesse estranho país é preciso comprar as palavras e engoli-las para poder pronunciá-las. Há uma fábrica de palavras que funciona noite e dia, e produz as mais variadas palavras... Existem palavras que custam mais caro que outras, só as pessoas ricas costumam dizê-las, pois falar nesse país custa caro.
Quem não tem dinheiro, às vezes cata palavras nas latas de lixo, mas são palavras como cocozinhos, pum de cabrito, perna com ferida, piolho na cabeça, dor de barriga... Na primavera, pode-se comprar palavras em promoção elevar palavras baratas do tipo: lugarejo, ventríloquo, relva, panetone... às vezes as palavras podem ser encontradas na rua, voando ao vento, os meninos ficam loucos correndo atrás com sua rede de borboletas. Nicolas pegou três palavras na sua rede, ele quer usar para alguém muito especial. Amanhã é aniversário de Tatiana. Nicolas está apaixonado, ele gostaria muito de dizer "eu te amo", mas ele não tem dinheiro para comprar estas palavras... Então ele vai oferecer a ela as palavras que pescou no ar: cadeira, cereja e poeira. Tatiana mora no andar de cima, Nicolas não diz: - como vai você? porque não tem essas palavras, mas sorri. Sorri de forma apaixonada! Ela retribui o sorriso. Suas palavras são tão pequenas, mas seu amor é tão grande! Com coragem, fala as palavras que pegou na sua rede que voam até ela: CADEIRA, CEREJA, POEIRA.
Tatiana não tem palavras guardadas, mas sorri, chega bem pertinho dele e dá um beijo doce no seu rosto. Nicolas, tem apenas mais uma palavra guardada, ele encontrou no lixo há muito tempo e, guardou. Hoje é o grande dia, olhando nos olhos de Tatiana ele diz: MAIS


História inspirada no livro: "A grande fábrica de palavras" - encantador!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

João esperto leva o presente certo

Era uma vez, um menino muito pobre chamado João, que encontrou embaixo da porta da sua cabana um convite de aniversário da princesa, que ia acontecer lá no castelo.
O joão ficou super empolgado, até a sua mãe lhe dizer que ele não poderia ir, porque eles não tinham dinheiro pra comprar presente para a princesa. Mas o João era muito esperto e, ele mesmo resolvei fazer o presente da princesa. Pensou por um momento, e do pouco que havia na casa - uma velha roca, uma toalha com remendos e um machado, pensou, pensou e ficou decidido: vou fazer um bolo de aniversário!
E naquela manhã trocou o machado pos dois pacotes de açúcar, a velha toalha por um saco de farinha e deu a galinha uma porção extra de milho, em troca de dois ovos e beijou a vaca no focinho por um balde cheio de leite.
Ele também colheu nozes e até fabricou as velinhas.
E procurou, procurou e procurou até que encontrou o mais vermelho e saboroso morango. Então, João pôs a mão na massa, mexeu, misturou e assou, naquela mesma noite, ficou admirado com a beleza do bolo, dois andares, coberto com glâce, com as nozes, ele escreveu feliz aniversário, as velinhas, e pra finalizar, aquele gigantesco morango.
No dia seguinte, bem cedinho, João partiu rumo ao castelo, com seu lindo bolo, todo feliz, quando... quando... muitos pássaros partiram pra cima do bolo, bicando, beslicando... E o João gritava saiam! saiam! E os passaros foram embora levando no bico, as nozes que diziam: feliz aniversário princesa.
Bom, mas pelo menos o João ainda tinha o bolo, e levando todo feliz passa por uma ponte, onde ouve um grito: Pedágio! Era um ogro que quando viu o bolo, lambeu os beiços, e queria metade do bolo, para que o João pudesse passar... O menino tirou uma camada de bolo e, enquanto o ogro engolia, tratou de atravessar a ponte bem rapidinho. Bom, mas pelo menos ele ainda tinha um bolo de 1 camada. Pouco depois, João teve que atravessar uma floresta escura, onde só ouvia o barulho dos ventos... deu um medo! e com toda aquela escuridão, o João teve que acender as velinhas, uma a uma, pra ver um pouquinho de claridade até sair da floresta. Mas ele ainda tinha um bolo de 1 camada e delicioso morango.
levando o bolo todo feliz! encontrou no caminho uma velhinha e seu urso de circo, desses que dançam ao ouvir uma música, pois a velhinha, colocou a mão na sanfona e o urso começou a dançar, pular, que a alegria era tanta, que contagiou o João, o menino sapateava, e até colocou o bolo no chão pra dançar quando berrou: - Não!!! O urso dançarino engoliu o bolo da princesa! mas não o morango, porque ele detestava morango!
João, olhou para o presente da princesa, e por um tempo se sentiu incapaz de dizer qualquer coisa, suspirou e pensou que ainda tinha o morango. E levando o morango todo feliz continuou o caminho para o castelo, atravessou a ponte, entrou no palácio, e viu a princesa, sentada no seu trono e uma longa fila de convidados a sua frente, um a um, entregando os presentes, cada um mais fabuloso que o outro! Contudo, nem mesmos os mais valiosos presentes pareciam agradar a princesa. João que estava na fila, com seu humilde presente foi abordado pelo guarda, que perguntou se o morango era o seu presente para a princesa. - Sim, respondeu o menino, sem dúvida é um belo presente, mas não posso deixar que você entregue isso a ela. E por que não??? porque a princesa é alérgica a morangos e nesse mesmo momento, jogou o morango dentro da sua grande bocarra! Agora era tarde, João chegou na frente da princesa. Ela olhou pra ele e disse: E o que você me trouxe? E aí, João respirou fundo e contou toda a sua história... A princesa começou a rir e bater palmas e disse; - Uma história! que presente delicioso! E até hoje eles são amigos!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mais uma data especial, mais um aniversário canino, regado a biscoitinhos e palitinhos sabor bacon.
Parabéns querida Duda! Você preenche nossos dias com sua alegria contagiante e sua energia.
1 aninho!
Amo você cadela peralta!

resposta




Em algum momento da minha vida, eu acreditei que escrever é melhor que falar (estou lutando para superar isso)
Então vou responder sua pergunta com palavras escritas
Eu respondi que gostei de você desde o início, mas não é só isso... e que eu não respondi da maneira correta. Muitas vezes isso acontece comigo, eu preciso pensar sobre coisas antes da minha boca tomar partido.
 Você arregalou seus lindos olhos esverdeados (pois, hoje, eles ficaram verdes o dia todo) E perguntou por que eu estava com você?
 Não é só porque eu gostei de você desde o início, e muito mais, fiquei no carro, pensando em tudo que conheço de você, como a sua simplicidade e o seu coração que transborda bondade.
Sua aversão a maledicência e ao egoísmo, sua inteligência, seu jeito de achar que já viveu anos e anos (parecendo um ser imortal).
 Gosto do seu esforço, da sua luta diária, a cada sol que surge na sua janela, das coisas que me surpreendem e que só poderiam vir de alguém muito especial.
 Da sua timidez ao telefone e do argumento diário, de que você não é bom pra falar de sentimentalidades, das suas críticas e das escolhas, da lealdade com os amigos e finalmente porque você é a única pessoa que eu conheço que possui uma gaiola vazia em casa.
 E isso tudo me faz ser encantada por você, me faz querer ser a sua amiga, pra passarmos o resto da vida, bebendo cerveja e comendo espetinho de camarão.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Com você, vou para qualquer lugar...


para Taninha

Amo as mudanças pelas quais estou passando... e nunca gostei tanto de mim, como gosto hoje! Uma das mudanças e não usar mais relógio, não ficar consultando calendário, não ficar me "apegando" a datas comemorativas... Todo dia é dia das mães!
Dizem que amor de mãe é o mais puro e significativo do mundo.
Eu ouço todos os dias: "Você não é mãe! Não conhece o verdadeiro amor!
Não conheço???
Eu não considero bebês chatos, não ter sido mãe não foi uma opção (ou foi...). Não vou ter filhos pra não ficar sozinha no futuro, ou para testemunhar o surgimento da vida, ter herdeiros, ou por não pensar no assunto.
É comum, e se você tem quase 40 anos e ainda não tem filhos, as pessoas dizendo o quanto você é feliz por poder dormir o quanto quiser, ter liberdade para poder sair quando quiser e viajar para Londres de uma hora para outra (como se você fizesse sempre isso).
Ás vezes até sai umas piadinhas sobre seu relógio biológico, sempre consertadas com os avanços da medicina, mas o fato é que se você não é mãe, você não conhece o amor verdadeiro.
Eu fico pensando nisso... isso me dói...
E me vem a cabeça, o amor que eu sinto pela minha mãe.
É um amor tão grande, é sorriso, lágrimas, cumplicidade, carinho, histórias, risos, beijos, abraços, Deus, ateísmo, troca, circo, pão, conhecimento, vida... e tudo e não tem palavras.
Mamãe é a pessoa que reza por mim, que acredita em mim, mesmo quando eu não acredito.
Ela é a pessoa mais bonita que eu já conheci. A mais ingênua, contraditória e sábia.
E como a amo. Posso não ser mãe, mas sou filha. Uma filha apaixonada que conhece o amor.

Estou do seu lado para tudo, saiba sempre disso.
Com você, vou de olhos fechados.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Entre reinos


para o Reizinho
Entre reinos eu passei
Há um reino em especial,
que o destino faz com que eu retorne
uma, duas, três, quatro, cinco...
mão completa
eu queria fazer prosa,
mas a segurança insana faz virar poesia

Eu não sou poeta
Não sei definir paixão,
mas sei das idas e vindas
do meu coração

Alguns passam, com seus passos pesados
e partem
Alguns passam e quebram vidros, machucam
Alguns passam e não deixam nem cheiros
Mas você passa e deixa a impressão de ter ficado,
ficado, ficado, ficado, ficado...

Amo esse reino de sonhos, onde você cresce.
A minha vida não te esquece.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Até as princesas soltam pum!

Pois não é que até as princesas soltam pum!!! Livro muito divertido do escritor e contador de histórias Illan Brenman. Aqui descobre tudo sobre o pum da Cinderela fugindo do baile, do pum da Branca de Neve e de outras princesas maravilhosas. Muito bom, até porque o tema PUM, é um prato cheio para as crianças. Elas adoram!!! E falando em princesas, o que anda acontecendo com as mulheres heim??? Muitas também andam achando que o pum, é algo público, assim como outras coisitas, que são naturais, mas que devem estar no nosso livro secreto da intimidade, no privado da privada, pra ser mais exata! Esses dias, eu e mais algumas amigas, ficamos chocadas, pois entramos no banheiro e encontramos um submarino lá! Eu custo a acreditar que uma mulher faça isso, mas neste tal banheiro só passam mulheres... então, cabe aceitar que com o tempo, algumas regras básicas de higiene e boa educação estão sendo infelizmente esquecidas! Muito triste isso!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Elefantes nunca esquecem



O silêncio cobria a floresta...quando desabou o temporal. Cabruuum! Raios, trovões, chuva! Barrraaaam! Barriu o elefante apavorado. Uuuuhhhh! respondeu o vento desvairado. Quando a chuva acabou e o sol apareceu o elefante descobriu que estava sozinho. Ele ouviu guinchos de macacos, a macacada acertava cocos no seu coco. E o elefante fugiu. Água era tudo o que ele queria, para se livrar daquela agonia. Os búfalos pareciam tão calmos, tranquilos e a água do rio, tão gostosa, fresca e verdinha. O elefante pensou que podia ficar com eles. Quem sabe até brincar com eles? Com o bebê búfalo nadou e chafurdou. O búfalo inventava e o elefante imitava. O elefante sentiu que tinha encontrado um amigo. Mas os búfalos fugiram. O elefante ficou triste e carente, será que não gostaram dele? A razão da fuga rápida logo ficou bem clara... era um enorme tigre! O elefante estremeceu de medo. Um búfalo empurrou o elefante para a frente. -Corre! Vamos! Vem com a gente! Dali em diante ficaram juntos, o elefante cresceu e ficou forte. E passou a abrir caminho para os búfalos. Na hora do banho, ele ajudava na ducha. Quando o capim secava, fazia cair folhas das árvores. Agora o tigre não se metia mais a besta. Suas orelhas eram muito grandes, sua cor esquisita, seu corpo gigante demais, ele não podia mugir, ele só conseguia barrir. Mesmo assim, o elefante gostava de ser búfalo. Um dia, no rioem que eles preguiçavam... vários elefantes sedentos chegaram. E os búfalos acharam melhor ir embora. - Barrraaammm! barriram, chamando, os elefantes. - Muuuuuummmmm, berraram, chamando os búfalos. Pra lá? Pra cá? Pra onde ele deveria ir? Elefante? ou búfalo? Mas no fim, a resposta era uma só: búfalo para sempre ele seria!



Anushka Ravishankar: escritora indiana com mais de 20 livros publicados e que escreve histórias com versos livres e nos surpreende com seus desfechos.