segunda-feira, 30 de abril de 2012

Elefantes nunca esquecem



O silêncio cobria a floresta...quando desabou o temporal. Cabruuum! Raios, trovões, chuva! Barrraaaam! Barriu o elefante apavorado. Uuuuhhhh! respondeu o vento desvairado. Quando a chuva acabou e o sol apareceu o elefante descobriu que estava sozinho. Ele ouviu guinchos de macacos, a macacada acertava cocos no seu coco. E o elefante fugiu. Água era tudo o que ele queria, para se livrar daquela agonia. Os búfalos pareciam tão calmos, tranquilos e a água do rio, tão gostosa, fresca e verdinha. O elefante pensou que podia ficar com eles. Quem sabe até brincar com eles? Com o bebê búfalo nadou e chafurdou. O búfalo inventava e o elefante imitava. O elefante sentiu que tinha encontrado um amigo. Mas os búfalos fugiram. O elefante ficou triste e carente, será que não gostaram dele? A razão da fuga rápida logo ficou bem clara... era um enorme tigre! O elefante estremeceu de medo. Um búfalo empurrou o elefante para a frente. -Corre! Vamos! Vem com a gente! Dali em diante ficaram juntos, o elefante cresceu e ficou forte. E passou a abrir caminho para os búfalos. Na hora do banho, ele ajudava na ducha. Quando o capim secava, fazia cair folhas das árvores. Agora o tigre não se metia mais a besta. Suas orelhas eram muito grandes, sua cor esquisita, seu corpo gigante demais, ele não podia mugir, ele só conseguia barrir. Mesmo assim, o elefante gostava de ser búfalo. Um dia, no rioem que eles preguiçavam... vários elefantes sedentos chegaram. E os búfalos acharam melhor ir embora. - Barrraaammm! barriram, chamando, os elefantes. - Muuuuuummmmm, berraram, chamando os búfalos. Pra lá? Pra cá? Pra onde ele deveria ir? Elefante? ou búfalo? Mas no fim, a resposta era uma só: búfalo para sempre ele seria!



Anushka Ravishankar: escritora indiana com mais de 20 livros publicados e que escreve histórias com versos livres e nos surpreende com seus desfechos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

nada deixou...


Final de semana caótico, um elefante nas costas.
Quando a descoberta, não gera surpresa.
Quando a decepção consegue superar as lembranças boas da infância.
Quando uma relação se rompe de vez.
Quando a arrependimento parece ser a única saída.
Você talvez nunca saberá o que senti nesta sexta-feira, dentro daquele banco,  aliás você não é sensível o suficiente para ter ideia do parentesco que nos unia. Eu, sempre tola, acreditava que um dia poderíamos ser amigas, mas você nunca quis nada além do seu próprio umbigo. Você não me sensibiliza com suas lágrimas, seu possível suicídio ou suas dores da rejeição. Você já não possui mais importância pra mim. Você morreu e nada deixou.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Heroi sem uniforme

Se tem uma pessoa que me ensina todos os dias, a viver com alegria, essa pessoa é o meu pai. Ele não é dotado daquele otimismo que a minha mãe tem, um tipo de otimismo meio embalado pra presente, praticado e orientado em livros de auto ajuda, ou religiões e certas filosofias de vida.
Papai é otimista inato, é o mais interessante e que ele nem percebe. A vida é cheia de frustrações e limitações, hoje vivi a prova disso no trabalho, eu me peguei pensando - o que você está fazendo aqui? Mas a vida precisa ser vivida, ela é um ciclo, ela é dia, ela é noite. Mas quando eu olho para o meu pai, parece que vejo um longo caminho, que eu nem posso enxergar o fim, um caminho esburacado, com pedras, mas há também morangos. Morangos que podem ser colhidos e comidos. Meu pai se esforça todos os dias para colher e comer morangos. Hoje foi o seu aniversário, às vezes me pego pensando, o que será de mim, quando ele e a mamãe não estiverem mais aqui. Ficará só a lembrança de vê-lo sentadinho "fazendo e estudando seus jogos de loteria" e a cada semana, acreditando que ele vai ganhar! Ficará o gosto da sua pizza, seu jeito carinhoso de ajudar, sua timidez pra falar de coisas do coração. Não... ficará bem mais. Meu pai é maravilhoso. Não há como descrever tanta simplicidade numa só pessoa. Alma leve, como se não houvesse pecado. Ingenuidade de um garotinho, destreza e habilidade pra criar de tudo. Quando tudo acabar, ele continuará vivo, pois é assim que as grandes e amadas pessoas permanecem em nós. Amo você !

domingo, 15 de abril de 2012

Leituras

Final de semana = ler, e não tem coisa melhor! Como é bom ler o que a gente gosta e tem vontade...
Vou colocando aos poucos, algumas coisas que tenho lido...

A história da sopeira e da concha é um humorado e delicioso contos de fadas, escrito por Michael Ende (o mesmo que escreveu "A história sem fim" que virou filme). Tudo se passa em dois reinos, dividido por uma grande montanha, dois reinos, dois reis, duas rainhas. Os dois reinos não tinham contato, mas a vida deles começa a se envolver quando no batizado dos filhos, uma convidada é esquecida. Assim como na Bela Adormecida, a convidada, um pouco mais boazinha, presenteia as duas famílias com presentes: para um reino ela dá uma sopeira mágica, uma sopeira que tem o poder de fabricar sopa sozinha, uma sopa deliciosa e nutritiva, capaz de alimentar muitas bocas (que só funciona, com a concha mágica) e para o outro reino, ela dá uma concha mágica (que só funciona com uma sopeira mágica). Nem é preciso dizer que depois de descoberta, aonde estava a sopeira e a concha, os dois reinos, começam a travar uma grande disputa, sem nenhum sucesso. Após os reinos ficaram destruídos, foi um prato de sopa que salvou todo mundo no final. Uma graça! Quando li, fiquei imaginando uma peça de teatro, dramatizada a história deve ficar linda.


Eu já havia tentado uma vez ler Fausto de Goethe, mas confesso que a leitura me cansou... Um dia desses, vi na biblioteca, um Fausto juvenil, seria uma pequena introdução, uma adaptação da escritora Barbara Kindermann. Li, e gostei. Tudo começa quando Mefisto, um demônio, reclama a Deus que as coisas que ele criou não tem a miníma graça, mesmo o Dr Fausto (que Deus havia mencionado como um bom e estudioso homem). Mefisto aposta que pode trazer o tal homem para o mau caminho e aí, começa uma série de aventuras, quando Mefisto desce a Terra e encontra Fausto. Há passagens bem interessantes. No final, Mefisto perde a aposta e Fausto é perdoado.
De João Guimarães Rosa, "Fita verde no cabelo" é uma linda releitura do conto clássico Chapeuzinho Vermelho, que eu faço questão de colocar completa para que todos possam apreciar.

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita - Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar fambroesas.
Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então ela, mesma, era quem dizia: "Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou". A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto passa por elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
- "Quem é?"
- "Sou eu..." - e Fita Verde descansou a voz. - "Sou sua linda netinha, com cesto e com pote, com a Fita Verde no cabelo, que a mamãe me mandou."
Vai, a avó difícil, disse: - "Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus a abençoe."
Fita Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar apagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - "Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo."
Mas agora Fita Vede se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
- "Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!"
- "É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...." - a avó murmurou.
- "Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados".
- "É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta..." - a avó suspirou.
- "Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?"
- "É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha...." - a avó ainda gemeu.
Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou: - "Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..."
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um dia

Bom, li o tal falado e recomendado livro de David Nicholls, a história de Emma e Dexter, que se conhecem na formatura e passam o livro todo, em encontros e desencontros. Olha, eu achei a Emma muito boba, por gostar tanto desse Dexter. Esse Dexter, um chato! tremendo egoista. E o fim do livro! ah! nem é bom falar. Eu gostei do livro, tem passagens que o livro me fez dar uma volta ao passado, mexeu comigo, mas eu teria dado outro final, talvéz menos moralizante, parece que o Dexter, aprendeu uma lição. É aquela história, você só valoriza o que perde. Eu perdi uma Emma Morley na minha vida, não de maneira tão trágica e ao mesmo tempo idiota, mas perdi no meio da vida e aprendi a lição. Moralizante não?