segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O vaso de ouro

 
 
Era uma vez, há muito tempo atrás, um sultão muito malvado. Seu coração era duro como pedra, não sentia pena de ninguém. Todos tinham medo dele, do mais humilde ao mais poderoso. E ele só tinha medo de uma coisa no mundo: de envelhecer! Todos os dias passava horas e horas sentado em suas almofadas, de espelho na mão. Ficava examinando o próprio rosto. Se via um cabelinho branco, na hora mandava tingir, se percebia uma ruga, passava creme e ficava massageando pra ver se a ruga desaparecia. Ele ahava que todo mundo o temia, porque era jovem e que se um dia ficasse velho, ninguém mais o obedeceria. E para que nada lembrasse a velhice, o sultão malvado ordenou que todos os velhos fossem mortos, só queria ver rostos jovens ao seu lado. Infeliz daqueles que os cabelos ficassem grisalhos, eram conduzidos em praça pública pelos guardas e dacapitados! De toda parte chegavam mulheres, crianças, mocinhas e rapazes, para implorar ao sultão que poupasse a vida de um marido ou de um pai. Mas o sultão era inflexível! Até que um dia, resolveu anunciar a todos: "Escutai todos, eu o generoso sultão, vou conceder uma graça, aquele que conseguir recuperar o vaso de ouro que caiu no fundo do lago, perto do palácio, terá como recompensa o perdão da vida de seu pai e poderá ficar com o vaso, tamanha é minha generosidade" - "mas quem não conseguir pegar o vaso, terá a própria cabeça cortada! e isso acontecerá todas as manhãs, essa é a minha vontade.
Rapidamente na manhã seguinte, havia muitos jovens, todos queriam recuperar o vaso de ouro. Os bons nadadores achavam a prova fácil, a margem do lago era alta e quem se debruçasse um pouco percebia com nitidez, no fundo da água clara e transparente, um maravilhoso vaso de ouro. Noventa e nove dias se passaram e noventa e nove mocinhos tiveram as cabeças cortadas. Nenhum deles conseguia chegar ao vaso de ouro. Havia um mocinho chamado Asker, que se deu conta que seu pai estava começando a envelhecer, quando os cabelos brancos começaram a se misturar aos negros, levou o pai as montanhas para escondê-lo e todos os dias levava comida e fazia sua visita. Quando soube na notícia, resolveu que tentaria, estava cansado de toda noite ir até a montanha e queria que o pai voltasse a ter uma vida normal. Começou então a pensar noite e dia no vaso do sultão e não conseguia entender porque quando se olha da margem, é possível enxergar o vaso com nitidez, que parece que é só estender a mão para pegá-lo e no entanto quando se mergulha, a água fica turva e o vaso desaparece. Sem dizer nada o velho escutava o filho falar, depois pensou, pensou e perguntou:
- Diga meu filho, por acaso não haveria uma árvore qualquer na margem, junto do lugar que avista o vaso?
- Sim meu pai - respondeu o jovem, bem na margem, há uma árvore muito grande, frondosa.
-Procure lembrar meu filho, a árvore reflete na água?
- Sim meu pai, a árvore reflete.
- E o vaso não é visível justamente no meio do reflexo da árvore?
- Sim, é no reflexo verde da árvore que se avista o vaso.
- Então ouça o que eu vou lhe dizer, suba na árvore e lá que o vaso está. O que você vê é o reflexo.
Rápido como uma flecha, o rapaz desceu a montanha e no dia seguinte, pela manhã, era o primeiro a tentar capturar o vaso de ouro.
- juro por minha cabeça que encontrarei o vaso - disse o moço
- dúvido! ria o sultão.
Asker foi ao beira do lago e sem hesitar um segundo, ao invés de se jogar na água, aproximou da árvore e subiu em seus troncos, chegou ao topo da árvore e pendurado entre as folhas, encontrou o vaso de ouro. O jovem trouxe o vaso para o sultão, que impressionado disse: - eu não tinha ideia de que era tão inteligente.
- Não, respondeu Asker, sozinho eu nunca teria tido essa ideia, mas tenho um velho pai, que escondi na montanha, foi ele que adivinhou onde estava o vaso.
- Ah foi isso! - disse o sultão, então seria o caso de crer que os idosos são mais inteligentes que os mais jovens, pois mesmo estando longe do lago, um velho encontrou o que cem rapazes não viram...
E desde aquela época, no pais daquele sultão, todo mundo passou a venerar os velhos e, quando passa um velho de cabelos brancos e pele enrugada, todos lhe dão lugar e fazem reverência profunda.

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