sábado, 31 de agosto de 2013

O que é o amor




O amor é um sentimento que proporciona paz e aconchego. Vem lá da experiência uterina. O amor é o remédio para a dor do desamparo quando nascemos. Saímos do útero, somos expulsos do paraíso, surgindo o desespero, que em breve passa, porque o primeiro aconchego vem da mãe, é o amor remédio para aliviar a sensação da solidão.O amor se sente. Stendhal define o nascimento do amor: por admiração e esperança. Assim nasce o amor. Amar é ter prazer em ver, sentir através de todos os sentidos e tão perto quanto possível do objeto amável. Se perder a admiração pelo oposto o amor se esvai. O amor tem que ser tratado de maneira delicada, acabou a admiração, então também acabou o amor. Somos dependentes desse amor que nos cria, o amor cristalizado dos contos de fadas, Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, ou o próximo par romântico da novela que acabaram juntos. Mas o amor é uma equação, pode ser atemorizante como a morte é um desejo conflitante de apertar e afrouxar os laços. O amor é a capacidade de enfrentar a incerteza, ele é inadequado, bagunceiro, inusitado, às vezes te irrita, outras causa pranto. Amar significa abrir-se ao destino, sem humildade, paciência e coragem não há amor, essas qualidades são exigidas em escalas grandiosas. Pergunte a você sobre o que é o amor...

A avó feiticeira

Strega Nona, a avó feiticeira é um livro de Tomie de Paola, que conta a história de uma vovó lá da Calábria, conhecida como uma feiticeira, apesar da população cochichar sobre ela, as pessoas a procuravam quando tinham um problema, até mesmo os padres e freiras iam consultá-la, porque Strega Nona tinha um poder especial, ela fazia magias boas.
Ela sabia curar dor de cabeça, com água, óleo e um grampo.
Fazia poções para as moças que queriam arranjar um marido.
E, sempre conseguia acabar com as verrugas.
Mas Strega Nona, estava ficando bem velhinha e precisava de alguém para ajudar a cuidar da casa, do jardim, foi então, que ela teve uma ideia, colocou um anúncio na praça da cidade.
O Tonhão, que era um moço bem distraído foi falar com ela, ele deveria varrer a casa, lavar a louça, capinar o jardim, buscar água e em troca de tudo isso, Strega Nona, lhe daria pouso, comida e ainda três moedas de ouro.
Mas a única coisa que ele jamais poderia fazer era mexer no caldeirão. O caldeirão era muito valioso!
E assim os dias se passaram e Tonhão fazia seu trabalho, Strega Nona, também atendia a todos que lhe procuravam.
Um dia, Tonhão ouviu Strega Nona cantando diante do caldeirão, ela cantava:

"borbulha, borbulha, caldeirão
cozinha a massa e o macarrão
Estou com fome e está na hora de jantar
cozinha bastante para me alimentar"

E o caldeirão ferveu e ficou repleto de macarrão, quentinho e gostoso, Então Strega Nona cantou mais uma vez:

"Chega, chega, caldeirão
já está pronto meu macarrão
por isso se acalme , meu caldeirão fervente, 
até que eu tenha fome novamente"

- Que maravilha! disse Tonhão, é um caldeirão mágico de verdade. E Strega Nona chamou Tonhão para jantar, mas Tonhão coitado não viu que Strega Nona jogava três beijinhos para o caldeirão mágico.
No dia seguinte, quando foi buscar água, Tonhão contou para a cidade inteira sobre o tal caldeirão, é claro que as pessoas riram dele. 
E Tonhão ficou bravoe disse à todos que ia mostrar. E este dia, acabou chegando cedo, pois Strega Nona, precisava atravessar a montanha para colher ervas e visitar uma amiga, deu as recomendações a Tonhão e não esqueceu da principal: - não encoste no caldeirão.
- Oh sim, sim, mas no fundo ele estava pensando, essa é a minha hora! 
Assim que Strega Nona sumiu de vista, Tonhão entrou na casa e arrastou o caldeirão até o chão e meio sem jeito, meio sem lembrar da letra começou a cantar:
"borbulha, borbulha, caldeirão
cozinha a massa e o macarrão
Estou com fome e está na hora de jantar
cozinha bastante para me alimentar"
E o caldeirão começou a ferver, a borbulhar e a encher de macarrão, correu pela praça, pulou no chafariz e disse à todos, tragam garfos, pratos e travessas, tem macarrão pra todo mundo. Todos foram correndo buscar garfos, pratos e quando chegaram o caldeirão estava mesmo tão cheio, que começava a transbordar.
Tonhão era um heroi, ele ia tirando do caldeirão o macarrão e enchendo os pratos das pessoas, havia mais que suficiente, algumas pessoas repetiam, uma, duas e até três vezes e o caldeirão jamais esvaziava.
Quando todos estavam fartos Tonhão cantou:



"Chega, chega, caldeirão
já está pronto meu macarrão
por isso se acalme , meu caldeirão fervente, 
até que eu tenha fome novamente"
Mas ele esqueceu o principal, jogar os 3 beijinhos para o caldeirão. Tonhão saiu e estava recebendo os cumprimentos, quando viu que o caldeirão continuava borbulhando e o macarrão saindo e escorrendo pra fora da casa, invadindo ruas. Tonhão entrou correndo em casa e gritou mais uma vez, mas nada do macarrão parar. O macarrão jorrava pelas janelas, portas, as pessoas começaram a ficar preocupadas, o macarrão crescia estrada afora e todos os habitantes corriam para escapar dele.
- Temos que proteger nossa cidade desse macarrão - gritou o prefeito, tragam colchões, portas, mesas, vamos fazer uma barricada, mas nem isso continuou, o macarrão continuava crescendo e jorrando.
-Estamos perdidos, será nosso fim, disse o padre. O macarrão vai cobrir a cidade.
E era exatamente isso que iria acontecer caso a Strega Nona não tivesse vindo pela estrada, voltando para a casa e só de olhar entendeu bem o que havia acontecido.
Ela cantou a poção mágica, jogou os 3 beijinhos e o caldeirão parou.
As pessoas agradeciam Strega Nona, mas viraram para o Tonhão e disseram - prendam.
Espere, disse Strega Nona, o castigo deve ser de acordo com o crime, ela pegou um garfo e entregou para Tonhão.
- Muito bem Tonhão, você não queria o macarrão do meu caldeirão mágico, e eu quero dormir sossegada na minha cama hoje a noite, então comece a comer.
E foi o que ele fez! 



inexistir





A gente erra, erra muito, para alguns o erro é construtivo, para outros errar mais de uma vez é burrice. Para Paulo Leminski o erro é repetido uma, duas, três, quatro, cinco, seis, até esse erro aprender que só o erro tem vez. Um grande problema é que o erro sempre afeta outras pessoas. E as pessoas ficam magoadas, tristes e nunca mais querem lhe ver, usam até a expressão inexistência. Por conta dos meus erros passei a inexistir. Acho que não há palavra mais triste do que deixar de existir pra alguém. Eu devo ter feito o mesmo, devo ter apagado da minha vida várias pessoas, mas pensando melhor, elas não deixaram de existir, pois muito ou pouco me fizeram felizes e me agraciaram com suas risadas, brincadeiras e outras gratidões, da qual a gente nunca deveria esquecer. Inexistir: v.i. "nunca existir, sem existência concreta, não existir; inexistem indícios que possam comprovar que um dia você viveu. Inexistir é pior que desejar a morte. Eu ficaria mais feliz se você me desejasse a morte. Contudo não me cabe mais explicações, o que importa é o que senti, é nisso a inexistência passa bem longe.

to o mesmo e

sábado, 17 de agosto de 2013

As rosas caipiras




Havia uma época que as casas tinham varandas, com jardins e lindas rosas "caipiras" que duravam tão pouco no pé, as pétalas caiam como se elas já tivessem cumprido a sua curta missão: perfumar e alegrar o coração dos donos da casa. Sim, pois nessa época, as pessoas olhavam para o jardim, olhavam para as rosas. Olhavam para as outras pessoas. Vizinho era como parente, a gente sabia até o nome. 
Nas noites calorosas, se colocavam cadeiras pra conversar sobre a vida e olhar as estrelas. De manhã, havia cheirinho de café, pão quentinho, do tipo francês mesmo, não era essa onda de comer pão 7 grãos ou integral. 
Havia quintais e as ruas não eram perigosas, as crianças brincavam de queimada, pique-bandeira, chicotinho queimado e elefantinho colorido. Aliás as crianças brincavam!
O tempo demorava pra passar. 
Esse foi o tempo da minha infância. me lembro de que quando íamos ao centro da cidade com a vovó, ela nos obrigava a usar sombrinha, por conta do sol - Ah! Eu morria de vergonha, mas na volta era muito bom, porque logo estávamos cansadas e a vovó pagava para o charreteiro trazer a gente pra casa, era táxi de charrete. Eu ria muito, porque o cavalo, ia soltando aquelas pelotas de cocô pelas ruas e aquele cheiro fazia com que a gente,  cobrisse o nariz o percurso inteiro, mesmo a minha avó ficando brava.
Quando eu me refiro "a gente", estou me remetendo a uma pessoa especial que viveu comigo essas experiências, a minha tia mais nova: a Juliana. Era ela que comia a minha sopa de mato, que cortava as formigas ao meio e que levava as surras por mim. pois a vovó era muito brava, mas eu nunca apanhava. Eu sinto pela nossa separação, as pessoas que antes foram felizes, hoje nem se conversam mais, pela falta de tempo, por dinheiro, por brigas das quais elas nem se lembram o motivo. Ah! que saudades...
Na casa da vovó também tinha uma grande mangueira, tinha também uma jabuticabeira, que era das abelhas, pois ficava rodeada delas. 
Mas o que eu mais gostava era do galinheiro, eu passava horas a admirar as galinhas. Adorava ver, quando elas botavam os ovos. E como eram bobinhas, eu pegava um mato e corria pelo galinheiro, as bobinhas, corriam atrás. Também eram medrosas as galinhas da minha avó e, quando elas ficavam doentes, eu ajudava a vovó a dar xaropes e antibióticos de gente pra elas. O legal é que elas sempre se curavam.
Naquela época, havia rios com cascudos em suas águas barrentas e no meu aquário também, o nome dele era Cascudeca, um cascudo meio deprê, que sempre estava chupando uma pedra. Os outros peixes iam e vinham, mas o Cascudeca, o meu preferido, sempre estava de boca no vidro. Ele morreu bem velhinho, e depois dele, o aquário foi eliminado - pois nunca vi dar tanto trabalho!
Havia também na minha rua, aquele vira-lata que tem casa, mas é de todo mudo, e o nome dele era Rabito, o cachorrinho era companheiro de todos e já era pai de uma centena de filhotes no bairro, nos tivemos uma descendente dele, era a Lilica, puxou a cara do pai, mas nunca quis se casar e nos dar filhotinhos. Ah! Saudades da Lilica. 
Havia a louca que enchia a rua de delírios e risos e o bêbado que todo mundo tinha medo, ah! eu tinha pavor, eu exalava o cheiro do medo quando ele passava perto de mim, e ele sabia disso, pois sempre fazia uma gracinha, para que eu saisse correndo.
Eu sei que o meu saudosismo é demasiado, mas sinto tanta saudades dessa época, pois havia tantos e tantos, que me dá um aperto de nostalgia. Mas acho que ela é construtiva, pois depois de rememorar estas lembranças, vejo que tive uma infância feliz.