terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Camille Claudel



Estava lendo a biografia e algumas teses de mestrado sobre essa mulher fascinante "Camille Claudel"".
Dizem que desde pequena, (nasceu no interior da França)  foi uma menina diferente, pois em pleno século 19 não auxiliava a mãe nos afazeres domésticos como as outras meninas, mas estava sempre suja de barro e descabelada, brincando com os irmãos e fazendo peripécias, como subir em árvores e desenhar em pedras.
Logo cedo descobriu o encanto e a habilidade pela escultura, e ainda menina, se destacou fazendo esculturas com ossos. Depois utilizou da argila, fazendo personagens da história e membros da família. O pai incentivou a filha e acreditava na vocação da menina. Mudaram para Paris, mesmo com muitas dificuldades. Já era difícil para um artista homem, imagine para uma mulher. A escultura além de ser uma atividade mais masculina, exigia materiais caros, como bronze e mármore, e era preciso pagar o aluguel de um local amplo. Mas as dificuldades não impediram Camille de continuar seus estudos e mais tarde conhecer Rodin.
Camille tinha 19 anos e Rodin 45 quando se conheceram, nesta época, o escultor tinha um trabalho muito importante, uma encomenda do governo francês para fazer "as portas do inferno" e Camille era a responsável pelos pés e mãos das estátuas, além de dar as suas opiniões.
Da convivência nasceu um grande amor,  mas Rodin já era comprometido com Rose Beuret com quem tinha um filho e além disso, tinha fama de ter muitas amantes.
Completamente apaixonada deixou tudo para viver com Rodin e seu trabalho, dizem que suas obras eram tão parecidas, que não se sabe, quais eram de Rodin ou de Camille. Infelizmente por conta desse amor, Camille começou a ficar doente. Ficava sozinha com o trabalho a maior parte do tempo, começou a ficar deprimida e pedia para que Rodin se casasse com ela. Embora jurasse amor a Camille, ele nunca deixou Rose. Depois da ruptura com Rodin, permeada de amor e ódio, Camille  ferida e desorientada passa a viver com muitos gatos, com roupas velhas, e completamente doente, sem se alimentar, passa a ter crises de loucura, destruindo obras e ficando sozinha e no escuro. Sem dinheiro e abandonada, foi internada num hospício, com diagnóstico de paranóia. No hospício ficou até a sua morte, 30 anos depois, sem nunca ter voltado a esculpir. Suas obras viveram a sombra de Rodin, e há quem diga, que muitas obras de Rodin, eram na verdade de autoria de Camille.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A história de amor: o jardineiro e Fraulein

Outro dia fui convidada por uma amiga para contar uma história de amor, em comemoração ao aniversário de casamento de seus pais. Ela me forneceu um resumo sobre como o casal havia se conhecido, e me permiti ali, naquela história recriar aquele dia novamente. Toda história de amor merece ser contada, com detalhes, com encantamento, mesmo que ela não seja uma grande aventura, ou que o amor não tenha sido proibido. Esse casal se conheceu no colégio onde estudavam... a menina alguns anos mais nova. O menino encantando e muito tímido, deixava bilhetes pelos corredores, e os bilhetes eram enigmas, que levavam a seguir trilhas e foi por esses caminhos que ambos se beijaram pela primeira vez, embaixo de um pé de laranjeira. Nesse momento, fizeram um pacto... ficariam juntos para sempre... e assim comemoram a cada ano, aquela brisa vinda da laranjeira a revelar o amor.

Conheço muitas histórias de amor, e faço questão quando conheço um casal com muitos anos de casados, de perguntar como se conheceram? A história que vou contar agora quem me contou foi o Rubem Alves, eu a acho uma das histórias de amor mais lindas de todos os tempos. Vou contar aqui uma versão resumida, mas se quiserem ler na íntegra acessem o site do autor, ou o site Aprendiz.

Menino, ele de longe olhava o mar, os barcos levados pelo vento. Pensava que o mar não tem fim. Pensava na felicidade dos pescadores que não tinham que plantar peixes, mas sim, só colher em suas redes. O mar era generoso. Ele era filho de agricultores, diferente do mar, a terra tinha fim. Todos os pedaços de terra, por mais insignificantes que eram já haviam sido cultivados. A terra chegara ao fim, quem quisesse mais terra para cultivar teria que sair em busca de terras desconhecidas, além do mar sem fim.

Ele ouvia as pessoas falando de outra terra, do outro lado, com costumes e povos diferentes, mas a terra era um segredo que ele conhecia, e foi assim que adolescente, junto com seus pais e irmãos chegaram ao Brasil.

No Brasil, o jovem conseguiu emprego de jardineiro, numa casa de alemães. Uma família muito rica, casa com muitos criados, ele não falava português e nem alemão, mas não importava, seu trabalho era cuidar da horta e do jardim. E a língua da terra ele conhecia muito bem, verduras frescas, arbustos artisticamente podados, canteiros explodindo de flores e foi assim que ele passou a ser amado por seus patrões.

mas ninguém, nem de longe suspeitava os sonhos na alma daquele jardineiro. Era sonho de amor, ele amava uma mulher, uma serviçal alemãzinha que todos a tratavam como Fraulein. Cabelos cor de cobre, pele salpicada de pintas, olhos azuis e um discreto sorriso. Ela era que lhe trazia o prato de comida todos os dias, com o mesmo sorriso.

E ele sonhava...sonhava o sonho dos apaixonados.

mas era um sonho, seu corpo atarracado, roupas sujas, mãos e dedos ásperos como pedra. Fraulein pertencia a um outro mundo, bem distante do seu.

Vez por outra ele oferecia uma flor, ela agradecia e voltava saltitante para casa, mas seu amor nunca saiu da fantasia.

os anos se passaram, ele ficou velho, Fraulein também envelheceu, mas o amor não diminuiu. O amor não satisfeito ignora a passagem do tempo, é eterno.

Chegou o momento em que ele bem velho, já não dava conta do trabalho, seus patrões que o amavam pensaram que o melhor e que ele passasse seus últimos anos num lar de japoneses idosos, com bonsais e tilápias num lago. Ele concordou, visitou o lar e por razões desconhecidas não quis viver lá, decidiu viver com parentes no interior.

Um dia movido pela saudade, resolveu visitar a casa onde passara toda a sua vida e onde vivia Fraulein, foi lá que lhe contaram que ela havia sido internada num lar para idosos alemães. Estava muito doente, foi então visitá-la. Encontrou-a numa cama, muito fraca, incapaz de andar.

E então ele resolveu ficar com ela. Passou a dormir ao seu lado, no chão, passou a cuidar dela, como se cuida de uma criança. A Fraulein estava muito fraca e não conseguia comer. Aconteceu então, um ato inacreditável de amor, que só os apaixonados compreenderão: o jardineiro passou a mastigar a comida que ele então colocava na boca da sua agora Fraulein. Os dirigentes da casa, fizeram de conta que nada viam.

Ele encostava seus lábios nos lábios de Frauleim, e assim lhe dava de comer, assim, como muitos namorados apaixonados fazem, e assim, no final da vida o jardineiro beijou Fraulein como nunca imaginara beijar... O amor se realiza de formas inesperadas.

Obrigada ao querido Rubem Alves, por ter me contado essa história, que dedico hoje a uma amiga especial... principalmente a frase: "O amor não satisfeito ignora a passagem do tempo, é eterno"

férias e filmes

Gosto muito de cinema, posso estar em qualquer humor que um filme é sempre bem vindo. Esses dias de férias, não foram de muita leitura, mas de muitos filmes, leitura imagética. E ontem, mesmo tendo um dia triste, mentiroso e com raiva, assisti a dois bons filmes.
O primeiro foi O planeta dos macacos - a origem, já havia sido recomendado, mas como me lembrava da saga/série que os meus pais assistiam quando eu era criança, e, eu não entendia nada, só que macacos mandavam em humanos, admito que tinha certo receio, e quase absoluta certeza de que não seria um filme pra guardar na memória. Puro engano, eu me apaixonei, assim que vi o macaquinho ainda bebê e desse ponto em diante, o filme acabou mexendo comigo, fiquei preocupada, chorei, me entreti tanto... e me emocionei com a história daquele macaco.
Sei que pode parecer patético, mas eu achei o filme muito triste... e chorei pra valer. E acabei entendendo aos 35 anos a série televisa que os meus pais assistiam. Agora eu entendia porque os humanos viviam enjaulados. Uma outra lembrança que me veio a cabeça, foi a doença retratada no filme, o Mal de Alzheimer, Doença de Alzheimer (DA) ou simplesmente Alzheimer uma doença degenerativa extremamente triste, que acometeu a minha avó Tereza, e que a levou embora sem lembranças. Nada pode ser mais triste do que não possuir lembranças. E de nada adianta uma caixa de lembranças, se você não a reconhece... eu mesmo, quando resolvo voltar ao passado, sei que esqueci de tantas coisas. (futura portadora de Alzheimer).

E não sei se foi pra piorar o meu estado, acabei vendo logo após o filme "Um novo despertar"
Não vou ficar aqui, contando sobre o filme, para isso existem sites especialistas em sinopses, mas o filme fala sobre o grande mal do século, ou eu diria do futuro da humanidade - a depressão. Só quem vivi, pois não acredito que ela tenha cura, sabe como é... psicológos, terapeutas, terapias alternativas, budismo, livros de auto ajuda, psicotrópicos, insônia, fome, inferioridade, psiquiatra, geração Prozac... tudo isso e mais um pouco faz parte do vocabulário de um depressivo. Suicídio também, mas como diria a minha querida Dorothy Parker:
"Navalhas machucam, rios são úmidos, ácidos mancham e drogas dão cãimbras, armas são ilegais, nó escorrega, gás tem mau cheiro, é melhor viver" todo depressivo já pensou em pelo menos uma vez terminar tudo em morte. Mas aí, vem essa série de obstáculos e você acha melhor sobreviver.
Eu tenho depressão há anos, e vira e mexe, eu dou uma requebrada, e passo longos períodos numa boa...mas às vezes, algo entristece mais do que deveria... e vem aquela dor... um desânimo, que só a cama para te aguentar. O filme é sobre um depressivo. Ele conhece um bicho de pelúcia e tenta com sucesso provisório, melhorar, mas depois, como é conhecido dos depressivos, ele cai de novo. O filme mostra pelo olhar da diretora Jodie Foster, a importãncia da família, do acolhimento. Necessário para um depressivo, mas infelizmente não o suficiente para curá-lo.
Enfim, sessão de cinema, com lágrimas...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desencanto

"Sobre o imenso continente da vida de uma mulher recai a sombra de uma espada" Virgínia Woolf... De um lado desta espada estão a convenção, a tradição, onde tudo é correto, mas do outro lado, se você for louca o suficiente para atravessar a sombra e escolher uma vida, todos repetiram - olha a confusão"... Tenho muita coisa para publicar, histórias prometidas, casos dos meus cães, alguns dias de briga com a balança... mas hoje escrevo para desabafar o meu desencanto, meu descontentamento com as pessoas. Eu sei que a vida é um contrato de risco, que por mais que vivemos, sempre haverá decepções e falhas. Até a metade do dia, eu estava bem, prosseguindo e reorganizando a minha vida, quando fui surpreendida com um ataque ferino de adjetivos (que não os cabe aqui repetir) mas que certamente não me representam. O pior é ouvir mentiras! Obra de quem??? Certamente não é do Diabo, mas de pessoas extremamente fofoqueiras e maldosas. Contar mentiras é muito feio. Aumentar histórias, impor uma verdade falsa, provocar a maldade e plantar crueldade. Que isso? Será que esse tipo de pessoa não têm problemas??? Porque insiste em cuidar da vida alheia??? O que eu ouvi hoje, me deixou perplexa... Tem muita gente má no mundo! Tenho medo de não poder confiar em mais ninguém. Infelizmente. Até as pessoas mais próximas, podem ser as altamente perigosas. Depois da história de hoje fico pensando em duas questões: O fanatismo da religião e de pessoas que as utiliza de forma inadequada (que depois comento em outra ocasião) e a capacidade de mentir das pessoas. Isso faz do mundo e das relações interpessoais uma grande farsa.

domingo, 8 de janeiro de 2012

"Mulheres inteligentes, relações saudáveis"

Eu nunca fui fã de livros de auto ajuda, em minha pós, eu até comentei e critiquei alguns, principalmente o discurso, o senso comum, baseado nesses livros. Mas eu via aquele livro (ainda casada) e ficava intrigada... passeava pela papelaria, pegava o livro na mão, consultava o preço... e pensava.... compro ou não compro? saia sem o livro. Mas ansiava em ler de alguma maneira, pelo menos algumas páginas...
Quando assinei o divórcio, resolvi me dar o livro de presente, afinal, eu agora era uma mulher sozinha e o livro mesmo dizia ser um livro que toda mulher deveria ler antes de se relacionar. Era um presente. O livro tinha uma conotação de analgésico... Era como se eu pudesse ter sucesso num novo relacionamento. Mesmo recém saida de um casamento doloroso. Na verdade, a palavra divórcio significou para mim, o fracasso. Duas pessoas que fracassaram na tentativa de viverem juntas. Mas a vida é feita de fracassos e sucessos e, infelizmente nunca conseguimos nos entender com os nossos erros.
Bom, mas e o livro? Ele é gostoso de ler, rosa, com letras grandes e palavras fáceis e cheio, digo recheado de coisas que todos nós sabemos, mas que escrita em livros, ficam tão sedutoras que nos perguntamos, será que não pensei nisso?
1 - Em toda relação haverá alguma frustração, porque lidamos com pessoas e conviver não é fácil.
2 - As mulheres são encantadoras, inteligentes e foram "maltradas" pelos homens no decorrer da história.
3- Seja você o autor da sua história
Em linhas gerais o livro comenta sobre os tipos de mulheres e suas relações com a vida, trabalho, filhos e com o amor. O livro pode ser muito açucarado, cheio de senso comum, de idéias nada inovadoras, mas ler foi de certo modo prazeroso, é uma injeção de auto estima. Ainda mais quando coloca a mulher numa posição de destaque e de confiança.
Toda mulher hoje não acredita mais em romances de novela, toda mulher sabe que um relacionamento começa com uma paixão calorosa e que as relações vão se acalmando com o passar do tempo, muitas terminam num inferno de atritos, outras ficam no puro comodismo, sem vida. O livro não ensina técnicas e nem receitas de uma relação saudável, mas ensina que não devemos descuidar da nossa vida e fazer tudo com carinho e dedicação, pensando sempre no melhor para você.
Talvez a palavra chave seja exatamente essa: pensar em você. Ainda me pego chorando pelos cantos, tentando entender o fracasso, me punindo, e mesmo pensando que seria melhor estar junto do que só. Mas vejo que o tempo, só o senhor tempo, vai acalmar a dor, suavizar a perda e me fazer ver que foi o melhor caminho. Que duas pessoas que fracassaram uma vez, podem ter muito sucesso em outra oportunidade. Que a vida é toda feita de oportunidades. Eu não espero ninguém, eu quero ser feliz! quero me presentear, quero ser melhor a cada dia, no trabalho, nas minhas relações, nas conquistas e na realizações de pequenos sonhos, como a construção da minha casinha. Que será tão pequena, mas bela e cheia de amor...