terça-feira, 25 de março de 2014

Amor água


Amor bom é assim
Chega sem esperar
Sem pressa, 
Sem atropelos
acontece meio por acaso
pode ser nesse mundo
ou no mundo virtual
Pode ser em pleno dia
ou em grande tempestade
Pode começar com o dividir de 
uma pizza, uma pipoca de cinema.
No fundo, o que houve no início 
foi simpatia - empatia
afeição - domínio de visão
Com o tempo, o amor
vai chegando devagar
vai se acomodando
vai se encaixando
vai se arrumando
vai amolecendo, cedendo
encantando, desencantando, entristecendo
rindo, partindo, subindo ao céu
descendo ao inferno
O que importa é que tenho você
Esse amor sem cobranças
amor tímido, 
amor discreto
amor água
Que a gente só dá conta de como é importante
quando a sede bate
e que como água
é  insípida, inodora e incolor
mas é a 
maior benção 
da vida
A vida nasceu da água
e quando morremos 
água nos tornamos
fabricamos água
nos envolvemos nas águas
Amor água
serenou meu coração.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Os cisnes selvagens



Era uma vez, um rei que tinha onze filhos e uma filha, que se chamava Elisa. Fazia algum tempo que a rainha havia morrido e o rei sentia-se muito só. Por isso resolveu casar-se novamente e escolheu como esposa, uma feiticeira, mas ele nem percebeu.
Mal chegou ao castelo, ela já demonstrou não gostar dos filhos do rei. Na verdade, ela queria os filhos do rei bem longe dos seus olhos e pra isso, resolveu mandar Elisa para uma cabana bem longe e transformou os 11 (onze) príncipes em cisnes.
-Ficarão só com a coroa como lembrança! Disse a feiticeira, afastando os cisnes para longe.
E assim, partiram daquele castelo. A rainha ficou muito satisfeita e agora só faltava inventar uma desculpa para o rei, que nessa ocasião estava viajando.
Quando o rei retornou, logo perguntou:
- onde estão os meus filhos?
- não se preocupe meu rei, seus filhos partiram para uma longa viagem e Elisa também foi com eles.
- será possível? Partiram sem ao menos se despedir! - disse o rei muito triste.
A rainha insistiu tanto na mentira que o rei acabou acreditando.
Elisa, viveu nessa cabana, com a ajuda de uma senhora, sabendo que nunca poderia voltar ao castelo, mas ao completar 15 anos, resolveu procurar os onze irmãos que nunca esquecera.
Atravessou bosques, vales e altas montanhas e nesse trajeto todo encontrou uma velhinha e foi logo perguntando:
- a senhora não viu passar por essa região 11 belos príncipes?
- não menina, mas vi passar 11 cisnes selvagens e cada um com uma coroa na cabeça. Eles aparecem sempre na praia ao entardecer.
Elisa agradeceu e caminhou até o mar. Sentou-se em uma pedra e esperou. A tardezinha viu quando 11 cisnes se aproximaram e todos tinham uma pequena coroa na cabeça. Ela ficou tão feliz que foi logo chamando: Meus irmãos, meus irmãos, sou eu, a Elisa.
Os cisnes rodearam Elisa, alegremente. Eles também reconheceram a irmã.
Quando o sol baixou no horizonte, os cisnes voltaram a forma de príncipe. Elisa então descobriu o feitiço: durante o dia, os irmãos eram cisnes, mas ao cair da noite retornavam a forma humana.
Elisa queria tanto descobrir um jeito de ajudar os irmãos. E foi em um sonho que apareceu a resposta. No seu sonho, apareceu aquela velhinha que na verdade era uma fada disfarçada que prometeu ajudar Elisa, mas foi logo avisando que não seria um trabalho tão fácil:
-"Para desencantar seus irmãos, onze túnicas farás, com suas próprias mãos, não serão de linho e nem seda, mas de ervas do campo que colherás. E enquanto uma a uma fores fazendo, não dirás palavra alguma. E assim, sempre calada, terás poderes tecendo que só tem uma fada"
Elisa, acordou e foi logo colhendo ervas o dia inteiro, e a noite quando encontrou os irmãos, estes perguntavam porque a moça andava calada, mas ela respondia apenas com um gesto. Eles compreenderam que a irmã queria ficar em silêncio e Elisa passava os dias assim, calada e trabalhando muito. Trabalhou tanto que seus dedos ficaram calejados e quando terminou a última túnica, como num passe de mágica, os cisnes transformavam em príncipes num brilho que era de ofuscar tanto, que as pessoas que ali perto moravam ficaram encantadas. Nessa mesma hora, os irmãos e Elisa voltaram ao castelo e contaram toda a verdade ao rei. A rainha ficou tão desesperada que desapareceu e até hoje é procurada pelo reino pela maldade que cometeu.

Bem a verdade, em uma das versões mais conhecidas, Elisa encontra um príncipe que também a ajuda, mas eu creio que Elisa tem tanta força que não precisa da ajuda de ninguém e que calada, tece a libertação dos irmãos e adquire cada vez mais força.

domingo, 16 de março de 2014

As três perguntas

Havia certa vez um rei muito ambicioso e arrogante, queria para si todas as coisas e honras e, como era  muito arrogante quase não tinha amigos de verdade, ele achava que podia mandar em todos e em tudo.
(Você deve conhecer alguém meio parecido com o rei, não?).
O fato é que chegou aos ouvidos do rei, que havia um senhor, dono de muitas terras, muito generoso e que tinha grande quantidade de amigos e de pessoas que gostavam muito dele.
O rei, ficou desapontado com a notícia e mandou chamar o "dono" das terras e lhe disse:
- Sei que é generoso e conta com muitos admiradores, seu prestígio está concorrendo com o meu, assim, pretendo eliminá-lo.
O homem respondeu: - Vossa Majestade deve saber o que fazer.
E o rei continuou:
- Mas em todo caso, como sou "bom e generoso" também, vou dar uma oportunidade para você se salvar da forca! Vou lhe fazer três perguntas e, se souber responder todas, deixarei que continue a viver. Eis as questões:
-Primeira, Até quando vou viver?
-Segunda, Quando darei a volta ao mundo?
-Terceira, Em que estou pensando?
O senhor realmente achou as perguntas bem difíceis e pediu prazo de um mês para dar as respostas. O rei querendo mostrar ainda mais "generosidade" concedeu. Mas no fundo estava "rindo" por dentro, porque sabia que as tais perguntas eram difíceis.
Saiu o homem para procurar tais respostas, procurou doutores, especialistas, mentores, alguém que pudesse ajudá-lo, mas todos alegavam que não sabiam responder as perguntas.
Terminado o prazo, lá se foi o homem em direção à corte. Passando ainda por suas terras, encontrou um pastor de ovelhas que o cumprimentou:
- Bem vindo seja meu senhor, que notícias me dá?
O senhor respondeu:
- Más notícias, más
E contou tudo ao simples pastor de ovelhas, o que estava prestes a lhe acontecer.
-Meu bom senhor, já ouviu dizer que às vezes um tolo pode ensinar um sábio? Pois eu posso ajudá-lo a sair dessa enrascada. 
-Ajudar-me, como?
-Bem, como sabe, nós nos parecemos, todos dizem. Empreste-me seu cavalo e suas roupas, e eu irei à corte no seu lugar. Tenha certeza que serei bem sucedido. Na pior das hipóteses morrei no seu lugar.
E o homem disse: 
- Não concordo com a decisão final, se não for bem sucedido, eu mesmo, me apresentarei para morrer.
O pastor vestiu-se com as roupas, colocando também uma enorme capa com capuz, a fim de ajudar mais no disfarce e compareceu na frente do rei. O rei ao vê-lo, não percebeu que se tratava de um pastor disfarçado e exclamou:
- estou satisfeito com a sua volta, agora me responda as perguntas, vamos a primeira: Até quando viverei?
-Vossa Majestade viverá até o último dia da sua morte, nem um dia a mais. Morrerá quando der o último suspiro e nem um minuto antes.
O rei deu uma risada e disse: Você é espirituoso, e eu tenho de reconhecer que a resposta está CERTA, mas agora vamos para a segunda pergunta: Quando darei a volta ao mundo?
-Vossa Majestade dará a volta ao mundo com a terra de um nascer do sol a outro nascer do sol.
-Muito bem, além de espirituoso, você também é entendido, resposta CERTA, vamos agora para a terceira pergunta: Em que estou pensando?
-Vossa Majestade está pensando que está falando com o homem que lhe fomenta tanta raiva, mas está falando com um simples empregado dele, um simples pastor de ovelhas. E, tirando o capuz, apresentou-se.
O rei exclamou: 
-Você tem espírito, sabedoria e astúcia. Merece um prêmio, o que deseja?
-Desejo o perdão para o meu patrão.
-Pois leve o perdão.
E o rei ainda mandou que dessem ao pobre pastor de ovelhas um saco de moedas de ouro! E assim o pobre pastor ficou muito rico e agradecido.

sábado, 8 de março de 2014

A mulher esqueleto



Ela fez alguma coisa que não se lembrava, mas que seu pai não aprovara, por este motivo, ele a arrastou até os penhascos, atirando-a no mar. Lá os peixes devoraram a sua carne e seu esqueleto rolou pelas correntezas.
Um dia um pescador apareceu, um pescador corajoso, pois diziam as pessoas que aquela região, era assombrada. O anzol do pescador foi descendo pela água e se prendeu, justamente nos ossos da costela da mulher esqueleto. O pescador logo pensou que havia pescado um grande peixe, que iria alimentá-lo por vários dias. E enquanto ele lutava pra tirar o "grande peixe" do anzol, a mulher esqueleto lá embaixo, lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava para se soltar, mas enrolada e emaranhada nas linhas ficava. Desespero. Foi quando de súbito, o pescador puxou com toda a sua força e viu surgir, um crânio, cheio de musgos e crustáceos.
Foi nesse momento que o pescador foi acometido com uma onda de terror, que o levou para a praia, onde carregando suas coisas e sua vara de pescar, correu em toda velocidade, mas logo percebeu que o esqueleto emaranhado nas linhas o seguia. Por um grande caminho, ele corria e ela o perseguia.
Foi então, que ofegante e em soluços, o pescador chegou a seu iglu, enfiou-se lá dentro já se sentindo protegido. Mas quando acendeu a lamparina de óleo de baleia, viu que "aquilo" estava lá. Jogada ao meio da neve o esqueleto todo desmontado da mulher. Nesse momento, não se sabe o que aconteceu, mas o homem foi tomado por um sentimento de piedade, talvez pelo fato de ser tão solitário, que bem devagar, se aproximou do esqueleto, e assim como a mãe para o filho, com muito cuidado, foi soltando a mulher esqueleto das linhas. Depois cobriu-a de peles para que ela pudesse se aquecer e ficaram por ali, em silêncio, ele limpando suas varinhas e ela pensando que estava conhecendo a bondade humana.
O pescador começou a sentir sono, enfiou-se nas peles e logo já estava sonhando. às vezes, os seres humanos dormem e, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, se é tristeza ou anseio. mas o fato é, que aconteceu com o homem.
A mulher esqueleto viu o brilho da lágrima, a luz do fogo e de repente sentiu uma sede enorme, se aproximou do homem que dormia e rangendo seus ossos, pôs a boca junto à lágrima.
Aquela única lágrima, foi como um rio a saciar sua sede de tantos anos. Foi então, que ela estendeu a mão para dentro do homem que dormia e retirou o seu coração, aquele tambor forte. Sentou-se e começou a batucar. 
Nos batuques dizia: carne, carne, carne! carne, carne, carne! E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne. Ela cantou até ter olhos saudáveis, mãos boas e gordas. Ela cantou até ter coxas e seios. Quando estava pronta, ela se deitou ao lado do homem e, devolveu o seu coração. E foi assim que acordaram, abraçados um ao outro. Juntos de um jeito bem duradouro.
As pessoas dizem que não conseguem se lembrar da desgraça que acometeu a mulher esqueleto, mas se lembram que depois que ela e o pescador ficaram juntos, sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu no fundo do mar. As pessoas garantem que é verdade.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Minha Frida


Ouvi esses dias um comentário que por quase um segundo revidei, uma pessoa já bem crescida comentando com o filho sobre como bicho dá trabalho e não dá nada em troca. 
Eu respeito a opinião da pessoa, sou da livre expressão da linguagem, mas veio um DISCORDO, que balbuciei, meio gaguejando... mas por hora engoli e nada disse. Daquela fala em diante, eu simplesmente abandonei aquela pessoa, eu nunca seria amiga dela, nunca teríamos nada a conversar, nunca estaríamos juntas por prazer, ela simplesmente não pertence as pessoas que quero ao meu lado.
Admito que ela faz certo, não gosta de bichos e não os têm. Isso é um ponto positivo, pois assim, o bichinho não é maltratado,  abandonado ou deixado de lado. Mas argumentar que bicho só dá trabalho e não dá nada em troca!
Na verdade, esse adulto nunca conheceu o amor idílico, o verdadeiro amor dado pelos animais. O amor que não busca nada em troca, é só amor... limpo e cristalino. 
Tenho pena dessas pessoas, passarão pela vida, sem conhecer o paraíso. Ser amado por um animal é algo que não se descreve, ser de um animal, é ser um pouco iluminado, é como ter anjinhos de quatro patas auxiliando nessa dura missão aqui na Terra. 
Ontem, passamos um susto com a minha Frida, minha gatinha branca, que está conosco há 8 anos. Ela tropeçou no muro e caiu bem na boca dos cães. A coitadinha ficou toda machucada, mas agora está bem. Passado o susto, estamos cuidando dela.
A Frida apareceu na construção da minha casa, viveu um bom tempo isolada, parecia uma oncinha de brava, comecei a alimentá-la e lá, no meio da areia, saibro e tijolos, ela foi vivendo... A Frida supervisionava a obra, via os pedreiros chegarem e saírem sem muito fazer. Fazia boquinha nas marmitas frias dos trabalhadores. Começou a chegar perto devagar, a pedir carinho e hoje é a gata mais doce que poderia imaginar ter. 
A Frida me dá muito em troca. Me dá um amor que ninguém pode dar. O trabalho é tão insignificante perante a felicidade de conviver com ela. Te amo minha Frida!