sábado, 30 de junho de 2012

Ganhar laranjas



Passei uma maratona de mais de dez horas trabalhando nas últimas duas semanas. Eu não sou muito organizada, mas procuro no meio da minha mesa "bagunçada"  listar o que é urgente e necessário. Pontuar.
 E nesse pedaço de papel, nesse rascunho, vou pontuando uma série de deveres e afazeres que parecem não ter fim! Pelo contrário a cada item riscado, surgem mais cinco para as próximas horas. Eu não sou a executiva da Unilever, sou apenas uma Profª Coordenadora Pedagógica de uma escola da rede municipal.
Será culpa do tempo? Esse lance de saber otimizar o tempo é uma tremenda besteira, porque o mundo anda culpando o tempo e não comprando livros ou vendo vídeos para aprender a lidar com o soberano tempo. Há um tempo atrás as coisas não mudavam, a pessoa escolhia uma profissão e morria sendo aquilo. O casamento só era interrompido com a ladainha próxima do caixão. O viúvo(a) era casto até morrer. Os namoros precisavam de permissão para acontecer. Os alunos ficavam quietos e sentados. Os cachorros dormiam em casinhas de madeira e eram acorrentados com a missão única de "olhar o quintal"... e por aí vai...
O tempo acelerou e está tão distante que não conseguimos alcança-lo - ficamos ao longe, sem ao menos poder dizer um adeus.
Essa semana, fui tomada por um sentimento chamado de gratidão. Apareceu um senhor na escola, para realizar um teste de escolaridade (quando a pessoa é alfabetizada, mas não chegou a concluir o 1º ciclo básico, como não tem documentos que comprovam, é feita uma avaliação e depois emitido um certificado). Uma das minhas responsabilidades é realizar o teste de escolaridade e, foi neste momento que as nossas vidas se entrelaçaram. 
Neste dia, eu estava muito tensa, pois havia engolido um sapo gigante. Pensei em dizer para a secretária da escola que não faria, que talvez na próxima semana, quando o sapo já estivesse devidamente digerido. Mas ela comentou da necessidade de ser naquele dia, pois ele dependeria disso para uma possível contratação. Quem sou eu, pra impedir alguém de trabalhar! Que mande o senhor entrar. Ele entrou todo nervoso, justificando de há muito tempo não estudava, não levou lápis e borracha, só um nervosismo tão grande que o fazia gaguejar intensamente. Mas ele não estava só, sua neta o acompanhava, uma garotinha de uns 12 anos, altiva, esperta e disposta a burlar regras para auxiliar o amado avô.
Peguei a prova, lápis e borracha e munida de instrumentos levei ambos para uma sala isolada. Fiz a leitura da prova e disse que estaria na sala ao lado, caso surgissem dúvidas - foi então que o senhor perguntou: - minha neta pode ficar aqui?
A menina arregalou os olhos, como repressão a pergunta absurda do avô. Ela pensava - claro que posso ficar!
Num tom, de alguém engasgada pela vida e pelo sapo que ainda relutava em mexer na minha garganta, disse um alegre e sonoro SIM. E assim se passaram horas, até que a neta, toda relaxada me trouxe a prova, ao lado do avô.
O resultado sai na terça feira - disse gentilmente, caminhando com os dois até o portão da escola. Nos despedimos. Ao corrigir a prova, a folha de sulfite que eu havia dado para rascunho entregava a "cola". A prova realizada pela neta e copiada pelo avô - Pensem o que quiserem, mas aquilo, encheu meu olhos de lágrimas. O amor é capaz dessas coisas.
Mal havia  finalizado a correção, a secretária me chama novamente, diz que o senhor estava a minha procura. Me surpreendi e fui ter com ele no portão da escola. Quando o encontro, estava com um saco de laranjas nas mãos. As laranjas haviam sido colhidas por ele, das suas rudes mãos como agradecimento. Foi inevitável o marejar dos meus olhos. Ganhar laranjas foi uma das grandes coisas que me aconteceram, depois do saco entregue e do peso ao entrar na escola, fui tomada por uma sensação de bem estar. Apesar de tanta brutalidade (pois o gigantesco sapo comprovava isso) eu havia ganho laranjas. E não são laranjas comuns, apesar de estarem azedas (segundo o meu pai, mas isso não me importa). Aquelas laranjas representam a gratidão de alguém. A pessoas brincaram dizendo que eu havia sido comprada por laranjas e, que eu estava me vendendo por um preço muito baixo. Mas não fui comprada, fui escolhida pela gratidão de um homem.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

poema presente

Desejo a você
 Fruto do mato
 Cheiro de jardim
 Namoro no portão
 Domingo sem chuva
 Segunda sem mau humor
 Sábado com seu amor
 Filme do Carlitos
 Chope com amigos
 Crônica de Rubem Braga
 Viver sem inimigos
 Filme antigo na TV
 Ter uma pessoa especial
 E que ela goste de você
 Música de Tom com letra de Chico
 Frango caipira em pensão do interior
 Ouvir uma palavra amável
 Ter uma surpresa agradável
 Ver a Banda passar
 Noite de lua Cheia
 Rever uma velha amizade
 Ter fé em Deus
 Não ter que ouvir a palavra não
 Nem nunca, nem jamais e adeus.
 Rir como criança
 Ouvir canto de passarinho
 Sarar de resfriado
 Escrever um poema de Amor
 Que nunca será rasgado
 Formar um par ideal
 Tomar banho de cachoeira
 Pegar um bronzeado legal
 Aprender um nova canção
 Esperar alguém na estação
 Queijo com goiabada
 Pôr-do-Sol na roça
 Uma festa
 Um violão
 Uma seresta
 Recordar um amor antigo
 Ter um ombro sempre amigo
 Bater palmas de alegria
 Uma tarde amena
 Calçar um velho chinelo
 Sentar numa velha poltrona
 Tocar violão para alguém
 Ouvir a chuva no telhado
 Vinho branco
 Bolero de Ravel
 E muito carinho meu.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que fazer com 36?

na curiosidade da pesquisa, digitei no Sr Google, "o que se pode fazer com 36 anos?" . Encontrei uma pessoa que entrou na faculdade de medicina (bom, não é a minha pretensão! apesar de ser um pouco hipocondríaca e, não ter medo de sangue). Descobri também que já estou velha pra participar de intercâmbios pagos pelo governo (tudo bem, eu até acalentava um sonho de ir para Àfrica, conhecer um baobá de perto). Também, não posso ser modelo, nem me inscrever no concurso "faces" da Avon. Enfim, eu não posso muitas coisas, mas em contrapartida, eu posso tanto! Como nunca pude em outra época. Embora às vezes eu caia na depre, de achar que envelhecer é viver numa casa caindo aos pedaços e que toda manhã você se inspeciona no espelho, em busca de novas rachaduras, ou de novos deslizamentos... é inevitável, os tais deslizamentos. Eu ando muito mais feliz hoje, do que já fui ontem... com 35. Eu passei por poucas e boas, fiz muita besteira, engoli muito sapo (com as perninhas abertas), magoei tanta gente, passei raiva, menti, usei o nome santo em vão. Mas tudo me proporcionou um pacote de experiências, e mesmo dizendo que não faria tais coisas... eu repetiria sim! pois foram escolhas que me fizeram crescer. A cada dia descubro uma nova Tatiana, talvez nem seja uma nova pessoa, nem cenários novos, mas olhos novos pra ver o mundo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

palavras olham pra você

Vontade de escrever
Tentar colocar nas palavras, algo que eu ainda nem sei... vago? Vontade de soltar palavras, de ensiná-las o seu caminho, baterem a sua porta, entrarem embaixo dela, sorrateiramente... elas então entrarão no seu quarto e ficarão ao seu lado, ao pé da cama, amarradas, até que você perceba que palavras olham pra você.
PALAVRAS OLHAM PRA VOCÊ
Seu conflito passou?
No fundo, ninguém na vida, pode ajudar alguém em conflito, mas não é tão ruim assim, como pode parecer a primeira vista. Temos tudo em nós mesmos: nosso destino, futuro, vontade, vastidão, mas há momentos em que é tão dificil estarmos em nós mesmos, não acha? E justo nesses momentos nos agarramos com maior firmeza a algo externo.
As palavras continuam ao seu lado.
As palavras enviadas, ora encolhidas, sobem, caminham até seu ouvido e dizem: cansaço, casa, saudades, perdão, solidão e desalinho.

palavras capturadas





Existe um país onde as pessoas quase não falam, nesse estranho país é preciso comprar as palavras e engoli-las para poder pronunciá-las. Há uma fábrica de palavras que funciona noite e dia, e produz as mais variadas palavras... Existem palavras que custam mais caro que outras, só as pessoas ricas costumam dizê-las, pois falar nesse país custa caro.
Quem não tem dinheiro, às vezes cata palavras nas latas de lixo, mas são palavras como cocozinhos, pum de cabrito, perna com ferida, piolho na cabeça, dor de barriga... Na primavera, pode-se comprar palavras em promoção elevar palavras baratas do tipo: lugarejo, ventríloquo, relva, panetone... às vezes as palavras podem ser encontradas na rua, voando ao vento, os meninos ficam loucos correndo atrás com sua rede de borboletas. Nicolas pegou três palavras na sua rede, ele quer usar para alguém muito especial. Amanhã é aniversário de Tatiana. Nicolas está apaixonado, ele gostaria muito de dizer "eu te amo", mas ele não tem dinheiro para comprar estas palavras... Então ele vai oferecer a ela as palavras que pescou no ar: cadeira, cereja e poeira. Tatiana mora no andar de cima, Nicolas não diz: - como vai você? porque não tem essas palavras, mas sorri. Sorri de forma apaixonada! Ela retribui o sorriso. Suas palavras são tão pequenas, mas seu amor é tão grande! Com coragem, fala as palavras que pegou na sua rede que voam até ela: CADEIRA, CEREJA, POEIRA.
Tatiana não tem palavras guardadas, mas sorri, chega bem pertinho dele e dá um beijo doce no seu rosto. Nicolas, tem apenas mais uma palavra guardada, ele encontrou no lixo há muito tempo e, guardou. Hoje é o grande dia, olhando nos olhos de Tatiana ele diz: MAIS


História inspirada no livro: "A grande fábrica de palavras" - encantador!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

João esperto leva o presente certo

Era uma vez, um menino muito pobre chamado João, que encontrou embaixo da porta da sua cabana um convite de aniversário da princesa, que ia acontecer lá no castelo.
O joão ficou super empolgado, até a sua mãe lhe dizer que ele não poderia ir, porque eles não tinham dinheiro pra comprar presente para a princesa. Mas o João era muito esperto e, ele mesmo resolvei fazer o presente da princesa. Pensou por um momento, e do pouco que havia na casa - uma velha roca, uma toalha com remendos e um machado, pensou, pensou e ficou decidido: vou fazer um bolo de aniversário!
E naquela manhã trocou o machado pos dois pacotes de açúcar, a velha toalha por um saco de farinha e deu a galinha uma porção extra de milho, em troca de dois ovos e beijou a vaca no focinho por um balde cheio de leite.
Ele também colheu nozes e até fabricou as velinhas.
E procurou, procurou e procurou até que encontrou o mais vermelho e saboroso morango. Então, João pôs a mão na massa, mexeu, misturou e assou, naquela mesma noite, ficou admirado com a beleza do bolo, dois andares, coberto com glâce, com as nozes, ele escreveu feliz aniversário, as velinhas, e pra finalizar, aquele gigantesco morango.
No dia seguinte, bem cedinho, João partiu rumo ao castelo, com seu lindo bolo, todo feliz, quando... quando... muitos pássaros partiram pra cima do bolo, bicando, beslicando... E o João gritava saiam! saiam! E os passaros foram embora levando no bico, as nozes que diziam: feliz aniversário princesa.
Bom, mas pelo menos o João ainda tinha o bolo, e levando todo feliz passa por uma ponte, onde ouve um grito: Pedágio! Era um ogro que quando viu o bolo, lambeu os beiços, e queria metade do bolo, para que o João pudesse passar... O menino tirou uma camada de bolo e, enquanto o ogro engolia, tratou de atravessar a ponte bem rapidinho. Bom, mas pelo menos ele ainda tinha um bolo de 1 camada. Pouco depois, João teve que atravessar uma floresta escura, onde só ouvia o barulho dos ventos... deu um medo! e com toda aquela escuridão, o João teve que acender as velinhas, uma a uma, pra ver um pouquinho de claridade até sair da floresta. Mas ele ainda tinha um bolo de 1 camada e delicioso morango.
levando o bolo todo feliz! encontrou no caminho uma velhinha e seu urso de circo, desses que dançam ao ouvir uma música, pois a velhinha, colocou a mão na sanfona e o urso começou a dançar, pular, que a alegria era tanta, que contagiou o João, o menino sapateava, e até colocou o bolo no chão pra dançar quando berrou: - Não!!! O urso dançarino engoliu o bolo da princesa! mas não o morango, porque ele detestava morango!
João, olhou para o presente da princesa, e por um tempo se sentiu incapaz de dizer qualquer coisa, suspirou e pensou que ainda tinha o morango. E levando o morango todo feliz continuou o caminho para o castelo, atravessou a ponte, entrou no palácio, e viu a princesa, sentada no seu trono e uma longa fila de convidados a sua frente, um a um, entregando os presentes, cada um mais fabuloso que o outro! Contudo, nem mesmos os mais valiosos presentes pareciam agradar a princesa. João que estava na fila, com seu humilde presente foi abordado pelo guarda, que perguntou se o morango era o seu presente para a princesa. - Sim, respondeu o menino, sem dúvida é um belo presente, mas não posso deixar que você entregue isso a ela. E por que não??? porque a princesa é alérgica a morangos e nesse mesmo momento, jogou o morango dentro da sua grande bocarra! Agora era tarde, João chegou na frente da princesa. Ela olhou pra ele e disse: E o que você me trouxe? E aí, João respirou fundo e contou toda a sua história... A princesa começou a rir e bater palmas e disse; - Uma história! que presente delicioso! E até hoje eles são amigos!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mais uma data especial, mais um aniversário canino, regado a biscoitinhos e palitinhos sabor bacon.
Parabéns querida Duda! Você preenche nossos dias com sua alegria contagiante e sua energia.
1 aninho!
Amo você cadela peralta!

resposta




Em algum momento da minha vida, eu acreditei que escrever é melhor que falar (estou lutando para superar isso)
Então vou responder sua pergunta com palavras escritas
Eu respondi que gostei de você desde o início, mas não é só isso... e que eu não respondi da maneira correta. Muitas vezes isso acontece comigo, eu preciso pensar sobre coisas antes da minha boca tomar partido.
 Você arregalou seus lindos olhos esverdeados (pois, hoje, eles ficaram verdes o dia todo) E perguntou por que eu estava com você?
 Não é só porque eu gostei de você desde o início, e muito mais, fiquei no carro, pensando em tudo que conheço de você, como a sua simplicidade e o seu coração que transborda bondade.
Sua aversão a maledicência e ao egoísmo, sua inteligência, seu jeito de achar que já viveu anos e anos (parecendo um ser imortal).
 Gosto do seu esforço, da sua luta diária, a cada sol que surge na sua janela, das coisas que me surpreendem e que só poderiam vir de alguém muito especial.
 Da sua timidez ao telefone e do argumento diário, de que você não é bom pra falar de sentimentalidades, das suas críticas e das escolhas, da lealdade com os amigos e finalmente porque você é a única pessoa que eu conheço que possui uma gaiola vazia em casa.
 E isso tudo me faz ser encantada por você, me faz querer ser a sua amiga, pra passarmos o resto da vida, bebendo cerveja e comendo espetinho de camarão.