quarta-feira, 22 de junho de 2016

Que país é esse Juma?



Há uma neblina que não é causada pela chegada do inverno, mas que habita cada um de nós de uma maneira.  Aos mais sensíveis, ela causa um desconforto tão grande, um sentimento de impotência e uma vontade de não levantar mais da cama. Eu sou parte dos mais sensíveis. E o fato que aconteceu com a onça Juma, me deixa muito decepcionada.
Que país é esse Juma?
Que não te respeitou.
Que país de M é esse?
Tudo se banaliza, tudo é preconceito, tudo é corrupção ou tudo vira piada. E o jeito do brasileiro ir vivendo...
Se não bastasse tudo, ainda tem Olimpíadas? Ainda tem onça morta!
Queria saber da onde saiu a ideia de levarem uma onça para uma cerimônia com tocha olímpica...
Culpa do animal que estava de COLEIRA e fugiu avançando em um dos militares.
Agora a culpa é da onça. Claro! Não se comportou bem no evento e nem os tranquilizantes fizeram sucesso. Depois é fácil, basta dar um tiro de pistola e acabar com tudo, ou melhor com a onça.
Mas o que revolta é a pergunta: Por que levar uma onça?





domingo, 22 de maio de 2016

Acho cada vez menos em 2016

Que loucura retornar ao meu blog, prestes a fazer quase um ano sem escrever nada. Justo eu, que sonhei um dia ser escritora. Não escritora para criar ou publicar coisas inovadoras, mas para escrever para não esquecer.
Depois de um tempo você começa escrever tudo em papeis ou caderninhos (tenho vários deles) das coisas que lê ou ouve. Sua memória já não basta e é preciso grifar, sublinhar, escrever em letras maiores o que não se deseja perder.
Fica clara que mesmo documentado me pergunto do que se trata?
Acho que nunca fui tão esquecida.
Acho que nunca fui tão grata por esquecer coisas, pois sofro menos.
Acho que nunca acendi tantas velas pra lembrar,  salvar ou entender gente.
Acho que nunca leio o suficiente para aprender
Acho que os domingos são tristes e solitários.
Acho que temos tanta coisa desnecessária pra pensar.
Acho que temos tanta coisa necessária pra pensar, que nos tornaria felizes.
Acho que pensamos demais.
Talvez ao invés de nos alimentarmos de tantas notícias,
Selecionássemos o que é fundamental,
nossa vida fosse mais leve? Não sei...
Há tanta gente com dificuldade de viver.
E tanta coisa para se ler!


quinta-feira, 2 de julho de 2015

notícia da noite

Faz tempo que não escrevo. Primeiro, pela falta de tempo. Cansaço. Depois, porque fui influenciada negativamente pelo fato de que meus escritos possuirem erros. E para uma perfeccionista que sou, é complicado aceitar que cometo erros. Mas não cometo só erros de gramática, concordância ou outros aspectos notacionais e discursivos. Cometo o erro de não aproveitar o hoje, sempre olhando para trás.
Ao virar o corpo para o passado me prendo a ele. E sofro por atitudes e palavras que queria ter dito, mas que já se foram. Não há como voltar atrás e consertar coisas, porque não há coisas para serem consertadas. Tenho que compreender que o passado foi uma história, mas que somente o hoje é capaz de construir uma pessoa melhor, mais cheia de esperança pra suportar esse mundo torto.
Parei de dizer que foi um grande erro, porque passei momentos bons ao seu lado. A ponto de pontuá-los, fui feliz e agradeço imensamente pela reciprocidade. É bem provável que nunca mais nos veremos, rezarei pela sua alma (apesar de ser apenas eu - diria você). Mas agradeço pelo curto tempo que nossas vidas se cruzaram. Gostaria que você soubesse que hoje sou uma pessoa mais equilibrada e menos impulsiva.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O presente da costureira



Era uma vez uma costureira de colchas que vivia numa casa em cima das montanhas. Vivia lá há muito tempo e todos comentavam que a costureira fazia as colchas mais belas do mundo.

As colchas azuis pareciam vir do mais profundo do oceano; os brancos, das neves mais boreais; os verdes e os púrpuras, das abundantes flores silvestres; os vermelhos, os cor-de-rosa e os cor-de-laranja, do mais maravilhoso dos pores-do-sol.

Algumas pessoas diziam que os seus dedos eram mágicos. Outras murmuravam que as suas agulhas e tecidos eram dádivas do povo das fadas. E outras diziam ainda que as colchas tinham caído de anjos que por ali passavam.

Muita gente subia a montanha, com os bolsos a abarrotar de ouro, na esperança de comprar uma daquelas maravilhosas colchas. Mas a costureira não as vendia.

— Dou as minhas colchas aos que são pobres ou não têm casa — dizia a todos os que lhe batiam à porta. — Não são para os ricos.

Nas noites mais frias e escuras, a costureira descia até à cidade, no sopé da montanha. Percorria as ruas calcetadas até encontrar alguém a dormir ao relento. Então, tirava do saco uma manta acabada de fazer, enrolava-a nos ombros dos que tremiam de frio, aconchegava- os bem, e afastava-se depois em bicos de pés.

Por esta altura, vivia também um rei, senhor de muito poder e ambição, que, mais do que tudo, gostava de receber prendas.

Os milhares e milhares de lindíssimos presentes que recebia pelo Natal e pelo seu aniversário nunca lhe chegavam. Proclamou, então, uma lei que dizia que o rei passaria a festejar o seu dia de aniversário duas vezes por ano.

Quando isto também deixou de o satisfazer, deu ordens aos seus soldados para procurarem pelo reino as poucas pessoas que ainda não lhe tinham dado prenda alguma.

No decurso dos anos, o rei foi ficando com quase todas as coisas mais bonitas do mundo. Os seus inúmeros bens estavam empilhados um pouco por todo o castelo. Em gavetas ou prateleiras, em caixas e arcas, em armários e sacos.

Coisas que brilhavam, cintilavam e tremeluziam.

Coisas extravagantes e práticas.

Coisas misteriosas e mágicas.

Eram tantas, que o rei tinha uma lista de tudo o que possuía.

Mas, apesar de ser dono de todos estes tesouros maravilhosos, o rei não sorria. Não era nada feliz.

— Deve haver, algo de bonito que me faça, finalmente, sorrir — ouvia-se o rei dizer muitas vezes. — E hei-de tê-lo.

Um dia, um soldado entrou precipitadamente no castelo com a notícia de uma mágica costureira de colchas que vivia nas montanhas.

O rei bateu com o pé no chão.

— E por que razão essa pessoa nunca me deu nenhuma das suas colchas de presente? — perguntou ele.

— Ela só as faz para os pobres, Vossa Majestade — respondeu o soldado. — E não as vende por dinheiro algum.

— Isso é o que vamos ver! — bradou o rei. — Tragam-me um cavalo e mil soldados.

E partiram à procura da costureira de colchas.

Quando chegaram a casa dela, esta limitou-se a rir.

— As minhas colchas são para os pobres e necessitados, e vê-se facilmente que não és nem uma coisa nem outra.

— Eu quero uma dessas colchas — exigiu o rei. — Talvez seja o que finalmente me fará feliz.

A mulher pensou por um momento.

— Oferece tudo o que tens — disse — e então lhe farei manta. Por cada prenda que deres, acrescento um quadrado à manta. Quando tiveres dado todas as tuas coisas, a tua manta estará terminada.

— Dar todos os meus maravilhosos tesouros? — gritou o rei. — Eu não dou, eu recebo!

E, dito isto, deu ordem aos soldados para se apoderarem da linda manta de estrelas da costureira.

Mas, quando se precipitaram sobre ela, a mulher lançou a manta pela janela e uma forte rajada de vento levou-a.

O rei ficou muito zangado. Levou a costureira montanha abaixo, atravessou a cidade e subiu outra montanha, onde os seus ferreiros reais fizeram uma grossa pulseira de ferro. Acorrentaram-na a uma rocha, na gruta de um urso que estava a dormir.

O rei pediu-lhe novamente uma manta, e uma vez mais ela recusou.

— Muito bem, então — respondeu o rei. — Vou deixar-te aqui. Quando o urso acordar, tenho a certeza de que vai fazer de ti um ótimo pequeno-almoço.

Quando, algum tempo mais tarde, o urso abriu os olhos e viu a costureira na gruta, equilibrou-se nas fortes pernas traseiras e soltou um rugido que sacudiu os ossos da mulher. A costureira ergueu os olhos para o urso e abanou tristemente a cabeça.

— Não admira que sejas tão resmungão — disse. — Para além de rochas, não tens nada onde possas à noite descansar a cabeça. Arranja-me um braçado de agulhas de pinheiro e, com o meu xale, farei uma almofada grande e fofa.

E foi isso que fez. Nunca ninguém fora antes tão amável para com o urso. Este partiu a pulseira de ferro da mulher e lhe pediu que lhe fizesse companhia durante a noite.

Mas, embora o rei desempenhasse bem o papel de homem ambicioso, desempenhava mal o papel de homem malvado. Durante toda a noite não conseguiu dormir, a pensar na pobre mulher, na gruta.

— Oh, meu Deus, o que é que eu fui fazer? — lamentava-se.

Acordou os soldados e lá marcharam todos em pijama até à gruta, para a salvarem. Mas, quando chegaram, o rei encontrou a costureira e o urso a tomarem um pequeno-almoço de frutos silvestres e mel.

Então, o rei esqueceu por completo a pena que sentira e voltou a ficar zangado. Ordenou aos construtores reais de ilhas que construíssem uma ilha tão pequena que a costureira só lá pudesse ficar em bicos de pés.

Novamente o rei lhe pediu uma manta e novamente ela recusou.

— Muito bem — respondeu o rei. — Esta noite, quando estiveres demasiado cansada para te manteres em pé e quiseres deitar-te para dormir, afogará.

E o rei deixou-a só na minúscula ilhota.

Pouco depois de ele partir, a costureira viu um pardal atravessar o grande lago. Soprava um vento forte e violento e o pobre pássaro não parecia capaz de chegar a terra. A costureira chamou-o e ele pousou no ombro dela para descansar. Como o pobre e cansado pardal estava a tremer, a senhora fez-lhe uma capa de um pedaço de tecido do seu colete púrpura.

Quando a ave se sentiu mais quente e o vento parou de soprar, levantou voo de novo, grato pelo que a costureira lhe tinha feito.

Dali a pouco, o céu escureceu devido a uma enorme nuvem de pardais. Com as asas sempre a bater, milhares deles desceram, pegaram na mulher com os seus pequeninos bicos e levaram-na em segurança para terra.

Novamente nessa noite, o rei não conseguia dormir a pensar na senhora, sozinha na ilha.

— Oh, meu Deus, o que é que eu fui fazer? — lamentava-se.

Voltou a acordar os soldados que estavam a dormir, e lá marcharam em pijama até ao lago, para libertarem a costureira. Mas, quando chegaram, ela estava sentada no ramo de uma árvore a coser minúsculas capas cor de púrpura para todos os pardais.

— Desisto! — gritou o rei. — O que tenho de fazer para me dares uma manta?

— Como já te disse — respondeu ela — oferece tudo o que tens e eu faço-te uma manta. E, por cada prenda que der, acrescento mais um quadrado à tua manta.

— Não consigo fazer isso! — gritou o rei. — Eu adoro todas as minhas lindas e maravilhosas coisas.

— Mas, se elas não te fazem feliz — retorquiu a costureira — para que servem?

— Lá isso é verdade — suspirou rei.

E pensou muito, muito, no que ela dissera. Pensou durante tanto tempo, que as semanas se sucederam umas às outras.

— Pronto, está bem — disse entredentes. — Se tenho de me libertar dos meus tesouros, então que seja!

O rei regressou ao castelo e procurou, de uma ponta a outra, qualquer coisa da qual conseguisse abdicar.

De olho franzido, lá acabou por encontrar um simples berlinde. Só que o rapazinho que o recebeu retribuiu-lhe o gesto com um sorriso tão radiante, que o rei regressou ao castelo para ir buscar mais coisas.

Por fim, pegou num monte de casacos aveludados e foi distribuí- los pelas pessoas vestidas de trapos. Ficaram todas tão contentes, que se puseram a desfilar pelas ruas da cidade.

Mas, ainda assim, o rei não sorria.

Em seguida, foi buscar uma centena de gatos siameses azuis, que dançavam valsas, e uma dezena de peixes transparentes como vidro. Depois, deu ordem para que trouxessem para fora o carrossel com os cavalos verdadeiros. As crianças gritaram de entusiasmo e puseram-se a dançar em redor dele.

O rei olhou à sua volta e viu as danças, a felicidade e a alegria que os seus presentes tinham trazido. Uma criança pegou-lhe na mão e puxou-o para dançar. O rei agora sorria e até soltava gargalhadas.

— Como é isto possível? — exclamou. — Como é possível eu sentir-me tão feliz por dar as minhas coisas? Tirem tudo cá para fora! Tirem tudo imediatamente!

Entretanto, a costureira manteve a sua palavra e começou a fazer uma manta especial para o rei. Por cada presente que ele dava, ela acrescentava mais um quadrado à manta.

O rei continuou a dar e a dar. Quando, por fim, não havia mais ninguém que não tivesse recebido alguma coisa, o rei decidiu ir pelo mundo e procurar outras pessoas que precisassem das suas prendas.

Antes de partir, o rei prometeu à costureira que lhe enviaria um pardal, de todas as vezes que desse alguma coisa.

De manhã, à tarde e à noite, as carroças partiam da cidade, cada uma delas carregada até cima com todos os objetos maravilhosos do rei. E durante anos e anos, os pardais mensageiros foram voando até ao peitoril da janela da costureira, à medida que ele ia esvaziando lentamente os seus carros por onde quer que passasse, trocando os seus tesouros por sorrisos.

A costureira trabalhava sem parar e, pedaço a pedaço, a manta do rei foi crescendo, cada vez maior e mais bonita.

Por fim, certo dia, um pardal cansado entrou-lhe pela janela e pousou na agulha. A costureira compreendeu imediatamente que este era o último mensageiro. Deu o último ponto na manta e desceu a montanha em busca do rei.

Após uma longa busca, encontrou-o finalmente. As suas vestes reais estavam agora em farrapos e os dedos dos pés espreitavam-lhe das botas. Os olhos brilhavam de alegria e o riso era maravilhoso e sonoro. A costureira retirou do saco a manta e desdobrou-a. Era de tal forma bela, que borboletas e colibris esvoaçavam à sua volta. Ergueu- se em bicos de pés e pô-la à volta do rei.

— O que é isto? — exclamou ele.

— Prometi-te há muito tempo — disse ela — que, quando fosses pobre, te daria uma manta.

— Mas eu não sou pobre — disse. — Posso parecer pobre mas, na verdade, o meu coração está cheio a mais não poder, com as recordações de toda a alegria que dei e recebi. Agora sou o homem mais rico.

— Mesmo assim, fiz esta manta só para ti — disse a costureira.

— Obrigado — respondeu o rei. — Mas só fico com ela se aceitares uma prenda minha. Há um último tesouro que ainda não dei. Guardei-o todos estes anos para ti.

O rei retirou o seu trono do carro velho e frágil.

— É mesmo muito confortável — disse o rei. — E o ideal para quem passa longos dias a coser.

A partir desse dia, o rei voltou muitas vezes à casa da costureira de colchas, que ficava bem lá em cima, perto das nuvens.

Durante o dia, a costureira fazia lindas colchas que não vendia e, à noite, o rei levava-as para a cidade. Procurava, então, os pobres e infelizes, pois nunca se sentia tão feliz como quando dava alguma coisa a alguém.

Jeff Brumbeau

domingo, 13 de abril de 2014

História de desamor




Que o amor morre não é novidade para ninguém, ele pode morrer por formas variadas, mas talvez a mais dolorosa é aquela que ele vai morrendo aos poucos, sofrendo, magoando e moribundo vai abrindo sinais:
o bilhetinho da geladeira é o primeiro que desaparece, você percebe que não há bilhete num determinado dia, após uma briguinha. Passa uma semana, duas, passa meses e ele desaparece por completo. A geladeira olha pra você, sabendo o que você tanto procura, mas só pode dizer um profundo pesar e carregar aqueles telefonemas odiosos da pizzaria, com aqueles cardápios tentadores para uma baixa auto estima.
Outra coisa que desaparece são o jantar a dois. Um sempre tem algo a fazer, ou na resposta mais dilacerante, já jantou qualquer coisa, antes de você preparar algo. Agradece gentilmente e sai da cozinha.
Desaparece também o beijo da boa noite, a cama se torna grande, muito maior que você imagina, parece haver um abismo entre as duas pessoas. E com certeza a dor mais profunda é a de chorar sozinha, apertando o travesseiro entre as mãos e engolir o choro, sufocando-o até não poder mais... então corre pelo banheiro e chora como nas cenas dos filmes. 
Dormir em quarto separado já se encontra na segunda fase do desamor, você não suporta mais aquela cama gigantesca e fria e vai tentar a sorte no outro quarto. Você dorme sozinha, mas ouve o barulho da porta, ouve os passos e imagina que alguém por compaixão vai abrir a porta, mesmo que ligeiro, pra ver se você dorme bem e tranquila, como se fosse um último desejo de que sobrou algum carinho. Mas os passos seguem adiante e passam pelo quarto que você finge dormir.
Passado o mau estar de dias, as coisas que desaparecem e outras que perdem o valor, você cria forças pra então perguntar o obvio - o que está acontecendo? - E como não é surpresa, pois todos os fatos evidenciam, você descobre que mais um vez o amor morreu, faleceu, bateu as botas, foi pro beleléu...
Você acaba de ganhar mais um troféu do desamor, do amor que surgiu com o som dos passarinhos, mas que termina no silêncio total. Dada a essa hora, não há mais lágrimas pra derrubar. Não há mais o que fazer. Em alguns casos, as pessoas se jogam aos pés da outra, exigindo mais uma chance. Outras imploram e redigem uma lista de possíveis mudanças. Algumas também concordam que o desamor chegou e, que é bem melhor cada um seguir o seu caminho. Muitas vezes, fica na cabeça, aquele último diálogo. Ele foi o ponto crucial da sua decisão, por isso você o guarda e jura... chega a fazer juramentos que nunca vai amar de novo.
Mas pra algumas coisas, é para o amor isso é certo. Você não tem domínio, e logo, seu coração faz planos novamente. O desamor não te deixa mais experiente, ele te deixa mais realista que amores não duram para sempre.

Códigos do amor - século XII
  • Quem não sabe calar, não sabe amar.
  • O amor sempre pode aumentar ou diminuir
  • Ninguém , sem haver uma razão mais que suficiente, deve ser privado do seu direito de amar
  • Todo aquele que ama, empalidece ao ver a pessoa amada
  • Um novo amor, expulsa o anterior
  • O amor que se extingue rápido, raramente se reanima
  • O amor verdadeiro só deseja carícias vindas de quem se ama
  • Menos dorme e menos come quem abriga pensamentos de amor
  • O amor nada pode recusar ao amor
 Do Amor - Stendhal




terça-feira, 25 de março de 2014

Amor água


Amor bom é assim
Chega sem esperar
Sem pressa, 
Sem atropelos
acontece meio por acaso
pode ser nesse mundo
ou no mundo virtual
Pode ser em pleno dia
ou em grande tempestade
Pode começar com o dividir de 
uma pizza, uma pipoca de cinema.
No fundo, o que houve no início 
foi simpatia - empatia
afeição - domínio de visão
Com o tempo, o amor
vai chegando devagar
vai se acomodando
vai se encaixando
vai se arrumando
vai amolecendo, cedendo
encantando, desencantando, entristecendo
rindo, partindo, subindo ao céu
descendo ao inferno
O que importa é que tenho você
Esse amor sem cobranças
amor tímido, 
amor discreto
amor água
Que a gente só dá conta de como é importante
quando a sede bate
e que como água
é  insípida, inodora e incolor
mas é a 
maior benção 
da vida
A vida nasceu da água
e quando morremos 
água nos tornamos
fabricamos água
nos envolvemos nas águas
Amor água
serenou meu coração.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Os cisnes selvagens



Era uma vez, um rei que tinha onze filhos e uma filha, que se chamava Elisa. Fazia algum tempo que a rainha havia morrido e o rei sentia-se muito só. Por isso resolveu casar-se novamente e escolheu como esposa, uma feiticeira, mas ele nem percebeu.
Mal chegou ao castelo, ela já demonstrou não gostar dos filhos do rei. Na verdade, ela queria os filhos do rei bem longe dos seus olhos e pra isso, resolveu mandar Elisa para uma cabana bem longe e transformou os 11 (onze) príncipes em cisnes.
-Ficarão só com a coroa como lembrança! Disse a feiticeira, afastando os cisnes para longe.
E assim, partiram daquele castelo. A rainha ficou muito satisfeita e agora só faltava inventar uma desculpa para o rei, que nessa ocasião estava viajando.
Quando o rei retornou, logo perguntou:
- onde estão os meus filhos?
- não se preocupe meu rei, seus filhos partiram para uma longa viagem e Elisa também foi com eles.
- será possível? Partiram sem ao menos se despedir! - disse o rei muito triste.
A rainha insistiu tanto na mentira que o rei acabou acreditando.
Elisa, viveu nessa cabana, com a ajuda de uma senhora, sabendo que nunca poderia voltar ao castelo, mas ao completar 15 anos, resolveu procurar os onze irmãos que nunca esquecera.
Atravessou bosques, vales e altas montanhas e nesse trajeto todo encontrou uma velhinha e foi logo perguntando:
- a senhora não viu passar por essa região 11 belos príncipes?
- não menina, mas vi passar 11 cisnes selvagens e cada um com uma coroa na cabeça. Eles aparecem sempre na praia ao entardecer.
Elisa agradeceu e caminhou até o mar. Sentou-se em uma pedra e esperou. A tardezinha viu quando 11 cisnes se aproximaram e todos tinham uma pequena coroa na cabeça. Ela ficou tão feliz que foi logo chamando: Meus irmãos, meus irmãos, sou eu, a Elisa.
Os cisnes rodearam Elisa, alegremente. Eles também reconheceram a irmã.
Quando o sol baixou no horizonte, os cisnes voltaram a forma de príncipe. Elisa então descobriu o feitiço: durante o dia, os irmãos eram cisnes, mas ao cair da noite retornavam a forma humana.
Elisa queria tanto descobrir um jeito de ajudar os irmãos. E foi em um sonho que apareceu a resposta. No seu sonho, apareceu aquela velhinha que na verdade era uma fada disfarçada que prometeu ajudar Elisa, mas foi logo avisando que não seria um trabalho tão fácil:
-"Para desencantar seus irmãos, onze túnicas farás, com suas próprias mãos, não serão de linho e nem seda, mas de ervas do campo que colherás. E enquanto uma a uma fores fazendo, não dirás palavra alguma. E assim, sempre calada, terás poderes tecendo que só tem uma fada"
Elisa, acordou e foi logo colhendo ervas o dia inteiro, e a noite quando encontrou os irmãos, estes perguntavam porque a moça andava calada, mas ela respondia apenas com um gesto. Eles compreenderam que a irmã queria ficar em silêncio e Elisa passava os dias assim, calada e trabalhando muito. Trabalhou tanto que seus dedos ficaram calejados e quando terminou a última túnica, como num passe de mágica, os cisnes transformavam em príncipes num brilho que era de ofuscar tanto, que as pessoas que ali perto moravam ficaram encantadas. Nessa mesma hora, os irmãos e Elisa voltaram ao castelo e contaram toda a verdade ao rei. A rainha ficou tão desesperada que desapareceu e até hoje é procurada pelo reino pela maldade que cometeu.

Bem a verdade, em uma das versões mais conhecidas, Elisa encontra um príncipe que também a ajuda, mas eu creio que Elisa tem tanta força que não precisa da ajuda de ninguém e que calada, tece a libertação dos irmãos e adquire cada vez mais força.