segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Das relações

Eu tenho sede pelas palavras
que te cercam
pelos livros que lê
pela música que ouve
pelo cavalo que pinta
nesse carrossel insano
que é a vida
encontrei você.

Você me conduz a loucura.
Eu sozinha
termino em êxtase
fatigada.

Procuro não procurar
mas sinto vontade
nem sei definir
o que sinto
o que sentes,
se é que sentes?

domingo, 25 de novembro de 2012

Em busca do sonho

Era uma vez um homem muito pobre que morava numa cabana no meio do nada. A única coisa bonita que tinha perto de casa era uma árvore.
Uma árvore de tronco largo, folhuda e que na primavera dava flores roxas.
O homem depois que voltava do trabalho, deitava embaixo da sombra dessa árvore para tirar um cochilo e todo vez tinha o mesmo sonho.
Sonhava que ele andava por uma estrada longa, que subia e descia uma montanha que ia dar numa cidade e no centro passava um rio. Ele então subia na ponte e lá no meio, encontrava um baú, lotado de moedas de ouro. O homem abraçava o baú e, era nessa hora que ele acordava do sonho.
Um dia esse homem se olhou no espelho e viu que estava ficando velho e falou: - Quer saber? Eu vou em busca do meu sonho. Arrumou uma trouxa, com comida e roupa e foi. Caminhou, caminhou e encontrou a estrada, a estrada comprida, igualzinha a do seu sonho, o coração dele até acelerou. Ele subiu e desceu a montanha e viu aquela cidade, a cidade do seu sonho. atravessou e viu o rio, viu a ponte e saiu correndo até a metade dela, quando chegou na metade da ponte - tinha um mendigo pedindo esmola, ficou tão decepcionado que fez menção de se jogar da ponte, quando o mendigo falou: - Que isso irmão, vai se jogar por que? O homem então contou todo o seu sonho e sua história. O mendigo deu risada e disse: - Ah! se acredita em sonho! Eu aqui nessa ponte todos os dias tiro um cochilo e tenho também o mesmo sonho. Sonho que tô numa cabana no meio do nada e a única coisa bonita é uma árvore de tronco largo, folhuda e que na primavera dá flores roxas. Essa árvore faz uma sombra e nessa sombra eu começo a cavar um buraco, então encontro um baú, cheio de moedas de ouro. Mas o que sonho mais besta!
O homem se encheu de esperança e saiu correndo, subiu a montanha, desceu a montanha, chegou em casa, lá estava a sombra, pegou uma pá, cavou um buraco e antes que a pá encontrasse o baú, moedas de ouro pulavam do buraco. Aquele foi o dia mais feliz da vida daquele homem.

História de origem africana que ouvi da contadora de histórias Cristiana Ceschi (maravilhosa na interpretação dela)

Abrindo caixas

Cá estou e, ainda permanecerei por um longo tempo, tentando colocar minhas coisas em ordem na minha nova casa, que é pequena, mas já começa a ficar com a cara da dona. Encontrei hoje, numa dessas caixas alguns pôsteres com as ilustrações de Gustave Doré que vieram junto de uma coleção de fábulas que colecionei com muito afinco por meses. São ilustrações lindissímas, mas que já se encontram na caixa do desapego, exceto o leão e o rato que serão emoldurados e ganharão um pedacinho aqui na minha casa. As ilustrações devem ser dadas a alguém de muita sensibilidade e que goste de desenho, pois são tão belas. Fico horas a admirá-las.
Depois de anos, finalmente, consigo dar fim em uma agenda que insistia em guardar. Uma agenda de 2009. Muita coisa aconteceu naquele ano e, se não tivesse registrado, talvez nem me lembrasse dos momentos felizes, dos velórios, das brigas infantis, das compras desnecessárias, dos contatos que desapareceram. Foi um ano doloroso pra mim, perdi a minha cachorrinha Guta.  Mas também foi um bom ano, pois adotei a Ditinha e ganhei a Olívia. Terminava a faculdade, tinha tantos planos... estudava tantas coisas... Agenda que guardava promessas, bilhetinhos de amor, dívidas já saldadas de coisas que hoje nem existem mais. Mas o que mais me deixou reflexiva, foi a Tatiana que vi naquelas folhas. Uma Tatiana que pode ser definida com a palavra esperança.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Leitura infantil no final de semana...

Aproveito o final de semana para ler livros que adoro! livros infantis e deixar registrado aqui algumas sugestões...

Flop - A história de um peixinho japonês na China - Laurent Cardon
Amo livro de imagens! Esse é maravilhoso!!! O ilustrador francês Laurent Cardon realizou muitos trabalhos e hoje mora aqui no Brasil, onde trabalha com animação e ilustra lindos livros como esse! Parabéns!
O livro conta sobre um menino que compra um peixinho de estimação, eles fazem tudo juntos, porém algo acontece no final...

Vale a pena ler o livro através das lindas imagens.

Mundo cão - Silvana de Menezes
Outro livro de imagens que também deve ser admirado. Sem falar que o cão em questão lembra o meu lindo Nicolas. Mundo cão é sobre um cachorrinho que se vê perdido e sofre um bocado, mas no final tudo dá certo.

Como reconhecer um monstro - Gustavo Roldán - tradução Daniela Padilha
O livro traz dicas para que o leitor reconheça um monstro! Patas peludas, pança imensa, cauda com metros e metros, escamas, olhos amarelos enariz de berinjela. Constatado! É melhor correr!

Vestido de menina - Tatiana Filinto e ilustrações de Anna Cunha
Uma graça! Linda as ilustrações e o texto bem poético.

O livro da avó - texto e ilustração Luís Silva

Maravilhoso! Não tem como não se remeter a vovó Tereza. O autor foi preciso e delicado no seu texto e as imagens só fortalecem as saudades desse menino de sua avó.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Você consegue ver?

Descobertas acontecem todos os dias
Você consegue ver?
elas podem ser comparadas
com pequenas formigas esforçadas
ou com mãos habilidosas

É preciso sentir a graça do mundo
rir do esquecimento
não se intimidar com os problemas
não sofrer em vão
Você consegue ver?


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O coelho na lua

A minha mãe hoje me perguntou como andava o blog, relatei a ela, que há dias não escrevia nada, mas me veio a cabeça (e associado a insônia) uma história muito bela, que gostaria de compartilhar, já que acredito que as histórias alimentam... não só os blogs, mas principalmente as almas.

Dizem que se você observar a lua, quando ela está muito cheia e brilhante, consegue ver um vulto, com orelhas compridas, com corpo de coelho, dizem que tem até aquele rabinho de pompom.
A explicação pra isso vem de uma história ...

Há muito tempo atrás, em uma floresta de diversas árvores, flores e animais, vivia quatro amigos inseparáveis: o macaco, a lontra, o elefante e o coelho. Eles se adoravam, mas o mais querido de todos era o coelho. De fato, o coelho era muito especial, era sábio, generoso e puro. Mas sobretudo tinha um coração de ouro. muitas vezes via-se o coelho sentado no meio de uma clareira rodeado de animais e ele lhes contava histórias maravilhosas. Falava do poder de cura das plantas, do poder e da bondade e de como elas podem mudar o mundo. Falava das estrelas, dos planetas e da magia de estar vivo.
Até os animais mais ferozes vinham a essas reuniões. Vinha tigre, crocodilo, lobo... E o coelho inspirava a todos. Tanto era assim, que seus melhores amigos começaram a mudar. O macaco, tão levado e malcriado, que estava sempre planejando travessuras e pregando peças em todo mundo, passou a respeitar e a ajudar os outros. A lontra era tão gananciosa, queria os peixes só pra ela. Pois ela passou a dividir o que era seu com os outros. E o elefante era tão reservado, que nunca dizia aos outros animais onde ficavam as fontes de água, passou a compartilhar também o que sabia. O coelho tornou-se mais bondoso ainda e a bondade do seu coração passou a brilhar mais ainda.
Um dia o coelho teve uma ideia maravilhosa, chamou os amigos e disse:
- Temos muito alimento, muita água, muito amor, amizade, por que não oferecemos o que temos ao mundo a nossa volta? Há tantos pedintes, tantas crianças passando fome, vamos oferecer um pouco de nós mesmos.
Bem no momento em que o coelho estava falando, o grande espírito celestial passou e ouviu as palavras. Mal conseguiu acreditar.
E o coelho continuou: - vejam amigos, vejam a lua com seu brilho, lançando raios prateados, através da escuridão da noite, podemos fazer o mesmo com o nosso amor. Podemos transformar tristeza e aflição. Vamos dar felicidade a quem entrar na floresta amanhã.
Os outros adoraram a ideia. E naquela noite, sentados embaixo de uma árvore, à luz da lua, os quatro animais faziam planos para o dia seguinte.
A lontra prometeu que daria os peixes que conseguisse pescar. O macaco prometeu as bananas e mangas maduras que conseguisse colher e o elefante prometeu que daria água da fonte que conseguisse descobrir. E assim, eles adormeceram. Mas o coelho não conseguia dormir, pois não parava de pensar no que poderia dar.
- meu único alimento são as ervas verdes, dificilmente alguém gosta disso. Não tenho nada pra dar aos outros. E passou a noite toda pensando no que poderia dar, até que uma coisa horrível lhe veio a cabeça, lembrou-se de que gente adora comer carne de coelho. Respirou fundo e prometeu dar-se a si mesmo. E assim adormeceu.
O ser celestial que tudo ouvira, escutou aquela promessa admirável e resolveu descer a Terra, disfarçado de pedinte para por o coelho à prova. Achava inacreditável que um simples coelho fosse capaz de tão maravilhoso desprendimento.
No dia seguinte, os animais ouviram um chamado: - me ajudem por favor, me perdi na floresta, tenho fome e sede. Ao ouvir, os amigos correram até o pedinte e na mesma hora, o macaco pulou na mangueira, trouxe um monte de mangas suculentas e colocou diante do homem. A lontra mergulhou no rio e pescou muitos peixes gorduchos e trouxe -os para o homem. O elefante correu até uma fonte, sugou um monte de água e trouxe para o homem beber e se lavar. O coelho se pos na frente do homem e disse: - acenda uma fogueira para eu pular dentro dela e você poderá comer a minha carne.
O ser celestial, disfarçado de pedinte ficou admirado com tanta coragem, estalou os dedos e fez um som estranho e bem ali, na sua frente surgiu uma fogueira que crepitava. O coelho sem pensar duas vezes, pulou dentro do fogo, mas nem um pelo dele se chamuscou, nem um centímetro de seu corpo queimou, pois no mesmo instante o ser celestial colocou-o na palma de sua mão e disse:
- nunca vi tanta coragem nesta Terra, seu desprendimento precisa ser contado ao mundo todo. Vou colocá-lo na lua, meu caro coelhinho, para que todos aprendam, para que todos lembrem. Você sempre aparecerá na lua cheia, sua bondade e amor brilharão com o luar prateado através de todo o imenso mundo. E foi com essas palavras que o ser celestial ergueu o coelho até o céu e colocou na lua, onde ele vive até hoje.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

fragmentos II


Rilke escreveu que o amor e a amizade existem para propiciar oportunidades para a solidão.
Ela sempre foi uma romantica e, sempre imaginou que a sua vida viria a ser um roteiro de cinema, a cada namoro, a cada conquista, o sentimento enfraquecia, mas ela não queria deixar de acreditar no que o mundo propaga. No que a voz de sua tia velha sempre lhe dizia: para toda panela há uma tampa. Sempre achou meio estranho essa comparação. Mas imaginava-se uma panela brilhante, ofuscante ainda sem a tampa. Aliás muitas tampas por ali passaram, mas algumas grandes, outras velhas ou pequenas. E quando uma tampa parecia se encaixar... logo percebia-se que não era daquela panela. Aquilo tudo era muito engraçado, mas entristecia a tal mulher. E o sentimento enfraquecia. Fez tanto pelo amor que havia se cansado. Sabia que existia outras formas de amar, mas tudo ainda era muito distante para ela. No fundo o que qualquer mulher deseja seja ela  qual classe social e economica pertença é alguém pra amar e também desejar a reciprocidade. As que proclamam aos quatro ventos que não querem ter filhos, são talvez as que mais desejam que os seios venham alimentar um pedaço de você em você mesma. Mas com o tempo, o sentimento enfraquece, a libido, a sedução dá margem a uma gaveta cheia de soutiens beges e calcinhas grandes de algodão. No fundo a cada escovada de dente que se faz antes de ir pra cama, é também um pedido ao espelho, que o tempo seja generoso, que segure mais as rugas, os cabelos brancos e as linhas mais acentuadas a se formar no rosto. Mas o sentimento enfraquece.