A gente erra, erra muito, para alguns o erro é construtivo, para outros errar mais de uma vez é burrice. Para Paulo Leminski o erro é repetido uma, duas, três, quatro, cinco, seis, até esse erro aprender que só o erro tem vez. Um grande problema é que o erro sempre afeta outras pessoas. E as pessoas ficam magoadas, tristes e nunca mais querem lhe ver, usam até a expressão inexistência. Por conta dos meus erros passei a inexistir. Acho que não há palavra mais triste do que deixar de existir pra alguém. Eu devo ter feito o mesmo, devo ter apagado da minha vida várias pessoas, mas pensando melhor, elas não deixaram de existir, pois muito ou pouco me fizeram felizes e me agraciaram com suas risadas, brincadeiras e outras gratidões, da qual a gente nunca deveria esquecer. Inexistir: v.i. "nunca existir, sem existência concreta, não existir; inexistem indícios que possam comprovar que um dia você viveu. Inexistir é pior que desejar a morte. Eu ficaria mais feliz se você me desejasse a morte. Contudo não me cabe mais explicações, o que importa é o que senti, é nisso a inexistência passa bem longe.
sábado, 31 de agosto de 2013
sábado, 17 de agosto de 2013
As rosas caipiras
Havia
uma época que as casas tinham varandas, com jardins e lindas rosas
"caipiras" que duravam tão pouco no pé, as pétalas caiam como se elas
já tivessem cumprido a sua curta missão: perfumar e alegrar o coração dos donos
da casa. Sim, pois nessa época, as pessoas olhavam para o jardim, olhavam para
as rosas. Olhavam para as outras pessoas. Vizinho era como parente, a gente
sabia até o nome.
Nas noites calorosas, se colocavam cadeiras pra conversar
sobre a vida e olhar as estrelas. De manhã, havia cheirinho de café, pão quentinho, do tipo francês mesmo, não era essa onda de comer pão 7 grãos ou integral.
Havia
quintais e as ruas não eram perigosas, as crianças brincavam de queimada,
pique-bandeira, chicotinho queimado e elefantinho colorido. Aliás as crianças brincavam!
O tempo demorava
pra passar.
Esse foi o tempo da minha infância. me lembro de que quando íamos ao centro da cidade com a vovó, ela nos obrigava a usar sombrinha, por conta do sol - Ah! Eu morria de vergonha, mas na volta era muito bom, porque logo estávamos cansadas e a vovó pagava para o charreteiro trazer a gente pra casa, era táxi de charrete. Eu ria muito, porque o cavalo, ia soltando aquelas pelotas de cocô pelas ruas e aquele cheiro fazia com que a gente, cobrisse o nariz o percurso inteiro, mesmo a minha avó ficando brava.
Quando eu me refiro "a gente", estou me remetendo a uma pessoa especial que viveu comigo essas experiências, a minha tia mais nova: a Juliana. Era ela que comia a minha sopa de mato, que cortava as formigas ao meio e que levava as surras por mim. pois a vovó era muito brava, mas eu nunca apanhava. Eu sinto pela nossa separação, as pessoas que antes foram felizes, hoje nem se conversam mais, pela falta de tempo, por dinheiro, por brigas das quais elas nem se lembram o motivo. Ah! que saudades...
Na casa da vovó também tinha uma grande mangueira, tinha também uma jabuticabeira, que era das abelhas, pois ficava rodeada delas.
Mas o que eu mais gostava era do galinheiro, eu passava horas a admirar as galinhas. Adorava ver, quando elas botavam os ovos. E como eram bobinhas, eu pegava um mato e corria pelo galinheiro, as bobinhas, corriam atrás. Também eram medrosas as galinhas da minha avó e, quando elas ficavam doentes, eu ajudava a vovó a dar xaropes e antibióticos de gente pra elas. O legal é que elas sempre se curavam.
Naquela época, havia rios com cascudos em suas águas barrentas e no meu aquário também, o nome dele era Cascudeca, um cascudo meio deprê, que sempre estava chupando uma pedra. Os outros peixes iam e vinham, mas o Cascudeca, o meu preferido, sempre estava de boca no vidro. Ele morreu bem velhinho, e depois dele, o aquário foi eliminado - pois nunca vi dar tanto trabalho!
Havia também na minha rua, aquele vira-lata que tem casa, mas é de todo mudo, e o nome dele era Rabito, o cachorrinho era companheiro de todos e já era pai de uma centena de filhotes no bairro, nos tivemos uma descendente dele, era a Lilica, puxou a cara do pai, mas nunca quis se casar e nos dar filhotinhos. Ah! Saudades da Lilica.
Havia a
louca que enchia a rua de delírios e risos e o bêbado que todo mundo tinha medo, ah! eu tinha pavor, eu exalava o cheiro do medo quando ele passava perto de mim, e ele sabia disso, pois sempre fazia uma gracinha, para que eu saisse correndo.
Eu sei que o meu saudosismo é demasiado, mas sinto tanta saudades dessa época, pois havia tantos e tantos, que me dá um aperto de nostalgia. Mas acho que ela é construtiva, pois depois de rememorar estas lembranças, vejo que tive uma infância feliz.
terça-feira, 16 de julho de 2013
cortina de peixes
Existem grandes diferenças entre o homem e a mulher, mas acho que a principal delas é que as mulheres pensam demais.
Já reparou quando seu namorado, marido, ou sei lá o que olha pra você.
Você logo se imagina numa cena de comedia romântica, aí, você vira para o sujeito e pergunta com aqueles olhos grandes, pupilas pulsantes e cílios a estremecer: - no que você está pensando?
Nesse momento você recebe um grande balde de água gelada, pois ele diz um sonoro: EM NADA.
Em nada! Ele absolutamente não está pensando em nada.
No início eu até custava a acreditar, mas de uns tempos pra cá, vi que eles realmente não pensam mesmo.
Além de não pensarem, também não conseguem enxergar coisas como o corte e a cor dos seus cabelos, a sua roupa nova, a vela que perfuma antes do jantar, a unha da cor diferente e nem uma tremenda cortina de peixes!
Aconteceu assim, a casa onde ela morava não tinha nada (lembra da música "A casa", do Vinícius de Moraes) era mais ou menos assim... Mas aos poucos, ela foi ganhando vida... um quadro, uma prateleira, uma caneca nova, taças para vinho, um cesto de roupa, uma jarra linda... e o banheiro foi presenteado com uma linda cortina de peixes.
Peixes enormes... adornam o banheiro. Os peixes são a entrada para o banho, o mergulho, o desejo de se lavar dia após dia, tirando o cheiro do mundo que carregamos em nós. Pois não é que o sujeito nem percebeu a tal cortina. E olha que os peixes prateavam na cortina... Mas o pior vem depois. Sentados na mesa, em meio a refeição, silêncio total. Os olhos dele se fixam nos dela... o que será que ele dirá (ela pensa). E ele movimenta os lábios não pra dizer que ela é a mulher que ele sonhara por toda vida, mas pra dizer que UM PEIXE não poderia estar no meio dos outros, porque ele é um peixe de água salgada.
Talvez os homens sejam mais felizes, por pensarem bem menos, ou simplesmente não pensarem em nada. Nós mulheres sempre temos algo na cabeça, sempre pensamos milhares de coisas.
terça-feira, 9 de julho de 2013
A vida segue sem você
E a vida segue sem você... Olhar para a janela e ver o vazio. Que tristeza perene. Lembro quando você chegou em casa, dentro de um saco plástico, era uma pequena muda, que logo fixou suas pequenas raízes no solo de casa. Infelizmente por falta de espaço, você foi plantada na calçada, mas ficamos felizes, pois seria mais uma árvore frutífera para alegrar a vizinhança da vila. E você foi tão corajosa, segundo algumas pesquisas, você tinha tudo pra ter morrido nos primeiros meses e sequer dado nenhuma fruta. Mas generosa, cresceu e dava frutos, assim como a boa mãe amamenta os filhos. Bem verdade que eu nunca provei um fruto seu, não dava tempo. Os moleques da rua, ou lhe batiam com um pedaço de pau e derrubavam as frutas ainda verdes, ou subiam nos seus galhos fortes e comiam lá de cima, o fruto que amarrava na boca, assim como o gosto da banana verde. Nessas ocasiões, ficavam a espreita, ingerindo a fruta e espiavam minha cozinha. Viam muito pouco, pois tenho poucas coisas. Mas aquilo me irritava e logo eu abria as janelas e gritava, os moleques corriam assustados.
Mas eu nunca pediria a sua morte, pelo contrário, eu te defendia, tinha pena de você. Éramos vítimas de moleques de rua.
Sabe o que eu gostava?
De chegar em casa à tardezinha e ver suas folhas no chão, elas enfeitavam o quintal, lá elas ficavam amareladas, depois secavam. Também me surpreendia de ver como os insetos gostavam de você. O pouco tempo ganhava uma imensidão, quando eu pegava uma caneca de chá, depois de um dia cansativo e ficava a observar suas folhas, frutos e troncos que cresciam. Adorava quando a chuva te molhava, você bebia com voracidade a água que vinha do céu.
Sabe o que eu me lembro?
Que você foi testemunha de uma luta pra essa casinha pequena e modesta sair do alicerce e me abrigar hoje. Você viu como fui ludibriada por tantos pedreiros, de como fiquei branca de passar massa corrida na casa toda e do tanto que ainda preciso fazer pra minha morada ficar mais "abrigável". Mas farei esse percurso sozinha, pois hoje você foi embora. De forma desastrosa, infeliz e julgo até maldosa.
Eu me sinto culpada das tantas vezes que reclamei das crianças que me irritavam, isso favoreceu a sua morte. Mas se soubesse, nunca permitiria isso. Eu dormia, enquanto você morria. Não ouvi nem o barulho da primeira machadada. Quando acordei você não estava.
Como eu pude dormir e não perceber que você morria. Quantas vezes já fiz isso?
Se existe um céu para as árvores, eu espero que você esteja por lá agora. Imaginar que existe um lugar melhor pra quem só faz bem é o mínimo de consolo pra que eu continue acordando e vendo que você não me acompanha mais.
Sinta como fiquei triste em perder você!
domingo, 30 de junho de 2013
mágoa
Na verdade a gente vive nessa busca... quer acertar, mas erra.
E no erro, vai fazendo pessoas tristes, porém tudo é temporário. O tempo faz com que tantas mazelas desapareçam... sem deixar vestígios.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
pássaros coloridos
Viver é um aprendizado e tanto e, achar que por um tempo eu até pensei em desistir dessa luta diária. Hoje eu me sinto tão bem, comecei a compreender porque as coisas vem e vão. Que temos períodos, que a felicidade se constrói em momentos. Acho até que comecei a me curar de um mal que me atormentava. Eu sei que essa sensação boa vai passar, e como comida que se leva a boca. Mas quero vivê-la agora, porque a felicidade é minha por direito. Ela tem cheiro e tem sabor. Tem nome. E o que passou... passou... ora bolas, era tão fácil compreender, mas eu cega, nada via. Hoje vejo pássaros coloridos!
domingo, 24 de março de 2013
Presente poema
para Jairo, amigo querido
Quero escrever sem muito pensar,
quero escrever apenas para lhe desejar,
que na sua vida que segue...
Coisas absolutamente boas possam acontecer...
Ofertas de empregos tentadoras
carteira recheada
Um lugarzinho só seu...
Cama macia e lençol limpinho
filho crescendo saudável
amizades renovadas
e novas amizades a surgir
inesperados presentes
comida farta e boa
e bebida também!
Um ventilador sempre
por perto, pra refrescar
os calores da idade
e os pensamentos
E o silêncio, manifesto seu
contra o mundo
Que a sua vida possa
ser longa...
mesmo você acreditando
que já viveu demais
Que seu sono possa
ser profundo,
Que seus íntimos desejos
possam ser realizados
Acho que vi pouco sobre você
Acho que sei muito pouco de você
Mas creio que vi algo
novo em seus olhos nos
últimos tempos
e não falo de amor
ou de outras sentimentalidades
falo de mudanças, de fases...
da confiança, presente
que outrora pensei em te
presentear, mas cá
pra nós, você tem tudo e
mais um pouco pra ser feliz!
Parabéns!
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