terça-feira, 16 de julho de 2013

cortina de peixes







Existem grandes diferenças entre o homem e a mulher, mas acho que a principal delas é que as mulheres pensam demais.
Já reparou quando seu namorado, marido, ou sei lá o que olha pra você.
Você logo se imagina numa cena de comedia romântica, aí, você vira para o sujeito e pergunta com aqueles olhos grandes, pupilas pulsantes e cílios a estremecer: - no que você está pensando?
Nesse momento você recebe um grande balde de água gelada, pois ele diz um sonoro: EM NADA.
Em nada! Ele absolutamente não está pensando em nada.
No início eu até custava a acreditar, mas de uns tempos pra cá, vi que eles realmente não pensam mesmo.
Além de não pensarem, também não conseguem enxergar coisas como o corte e a cor dos seus cabelos, a sua roupa nova, a vela que perfuma antes do jantar, a unha da cor diferente e nem uma tremenda cortina de peixes!
Aconteceu assim, a casa onde ela morava não tinha nada (lembra da música "A casa", do Vinícius de Moraes) era mais ou menos assim... Mas aos poucos, ela foi ganhando vida... um quadro, uma prateleira, uma caneca nova, taças para vinho, um cesto de roupa, uma jarra linda... e o banheiro foi presenteado com uma linda cortina de peixes.
Peixes enormes... adornam o banheiro. Os peixes são a entrada para o banho, o mergulho, o desejo de se lavar dia após dia, tirando o cheiro do mundo que carregamos em nós. Pois não é que o sujeito nem percebeu a tal cortina. E olha que os peixes prateavam na cortina... Mas o pior vem depois. Sentados na mesa, em meio a refeição, silêncio total. Os olhos dele se fixam nos dela... o que será que ele dirá (ela pensa). E ele movimenta os lábios não pra dizer que ela é a mulher que ele sonhara por toda vida, mas pra dizer que UM PEIXE não poderia estar no meio dos outros, porque ele é um peixe de água salgada.
Talvez os homens sejam mais felizes, por pensarem bem menos, ou simplesmente não pensarem em nada. Nós mulheres sempre temos algo na cabeça, sempre pensamos milhares de coisas.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A vida segue sem você




E a vida segue sem você... Olhar para a janela e ver o vazio. Que tristeza perene. Lembro quando você chegou em casa, dentro de um saco plástico, era uma pequena muda, que logo fixou suas pequenas raízes no solo de casa. Infelizmente por falta de espaço, você foi plantada na calçada, mas ficamos felizes, pois seria mais uma árvore frutífera para alegrar a vizinhança da vila. E você foi tão corajosa, segundo algumas pesquisas, você tinha tudo pra ter morrido nos primeiros meses e sequer dado nenhuma fruta. Mas generosa, cresceu e dava frutos, assim como a boa mãe amamenta os filhos. Bem verdade que eu nunca provei um fruto seu, não dava tempo. Os moleques da rua, ou lhe batiam com um pedaço de pau e derrubavam as frutas ainda verdes, ou subiam nos seus galhos fortes e comiam lá de cima, o fruto que amarrava na boca, assim como o gosto da banana verde. Nessas ocasiões, ficavam a espreita, ingerindo a fruta e espiavam minha cozinha. Viam muito pouco, pois tenho poucas coisas. Mas aquilo me irritava e logo eu abria as janelas e gritava, os moleques corriam assustados.
Mas eu nunca pediria a sua morte, pelo contrário, eu te defendia, tinha pena de você. Éramos vítimas de moleques de rua. 
Sabe o que eu gostava? 
De chegar em casa à tardezinha e ver suas folhas no chão, elas enfeitavam o quintal, lá elas ficavam amareladas, depois secavam. Também me surpreendia de ver como os insetos gostavam de você. O pouco tempo ganhava uma imensidão, quando eu pegava uma caneca de chá, depois de um dia cansativo e ficava a observar suas folhas, frutos e troncos que cresciam. Adorava quando a chuva te molhava, você bebia com voracidade a água que vinha do céu.
Sabe o que eu me lembro?
Que você foi testemunha de uma luta pra essa casinha pequena e modesta sair do alicerce e me abrigar hoje.    Você viu como fui ludibriada por tantos pedreiros, de como fiquei branca de passar massa corrida na casa toda e do tanto que ainda preciso fazer pra minha morada ficar mais "abrigável". Mas farei esse percurso sozinha, pois hoje você foi embora. De forma desastrosa, infeliz e julgo até maldosa. 
Eu me sinto culpada das tantas vezes que reclamei das crianças que me irritavam, isso favoreceu a sua morte. Mas se soubesse, nunca permitiria isso. Eu dormia, enquanto você morria. Não ouvi nem o barulho da primeira machadada. Quando acordei você não estava.
Como eu pude dormir e não perceber que você morria. Quantas vezes já fiz isso?
Se existe um céu para as árvores, eu espero que você esteja por lá agora. Imaginar que existe um lugar melhor pra quem só faz bem é o mínimo de consolo pra que eu continue acordando e vendo que você não me acompanha mais. 
Sinta como fiquei triste em perder você! 

domingo, 30 de junho de 2013

mágoa

A minha intenção não era magoar, mas já aconteceu. O pior é a dor que da na gente, dói no magoado e dói naquele que magoa... É uma dor lá no fundo, que pulsa um som de mágoa, mágoa, mágoa...
Na verdade a gente vive nessa busca... quer acertar, mas erra.
E no erro, vai fazendo pessoas tristes, porém tudo é temporário. O tempo faz com que tantas mazelas desapareçam... sem deixar vestígios. 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

pássaros coloridos



Viver é um aprendizado e tanto e, achar que por um tempo eu até pensei em desistir dessa luta diária. Hoje eu me sinto tão bem, comecei a compreender porque as coisas vem e vão. Que temos períodos, que a felicidade se constrói em momentos. Acho até que comecei a me curar de um mal que me atormentava. Eu sei que essa sensação boa vai passar, e como comida que se leva a boca. Mas quero vivê-la agora, porque a felicidade é minha por direito. Ela tem cheiro e tem sabor. Tem nome. E o que passou... passou... ora bolas, era tão fácil compreender, mas eu cega, nada via. Hoje vejo pássaros coloridos!

domingo, 24 de março de 2013

Presente poema





para Jairo, amigo querido

Quero escrever sem muito pensar,
quero escrever apenas para lhe desejar,
que na sua vida que segue...
Coisas absolutamente boas possam acontecer...
Ofertas de empregos tentadoras
carteira recheada
Um lugarzinho só seu...
Cama macia e lençol limpinho
filho crescendo saudável
amizades renovadas
e novas amizades a surgir
inesperados presentes
comida farta e boa
e bebida também!
Um ventilador sempre
por perto, pra refrescar
os calores da idade
e os pensamentos
E o silêncio, manifesto seu
contra o mundo
Que a sua vida possa
ser longa...
mesmo você acreditando
que já viveu demais
Que seu sono possa
ser profundo,
Que seus íntimos desejos
possam ser realizados
Acho que vi pouco sobre você
Acho que sei muito pouco de você
Mas creio que vi algo
novo em seus olhos nos
últimos tempos
e não falo de amor
ou de outras sentimentalidades
falo de mudanças, de fases...
da confiança, presente
que outrora pensei em te
presentear, mas cá
pra nós, você tem tudo e
mais um pouco pra ser feliz!
Parabéns!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

o que?

Eu tenho uma vontade de perguntar pra vida o que eu tenho feito de errado pra ela
                                                                                                                           o que minha filha?

Eu não tenho grandes aspirações... São desejos tão pequenos. São verbos:
                                                                          ESQUECER
                                                            SOBREVIVER
                                                                              REVIVER
                                                             APRENDER
                                                                            ENTENDER

Pra quem saber voltar a ACREDITAR, AMAR, USAR, VIVER, ENLOUQUECER e por um bom tempo não                                                                                                                                                                                                                         PERDER

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Somente vidas

Eu tenho um grande amor por algumas vidas...
Por aquela mulher  que superou o preconceito e as dúvidas e se casou com um ex travesti e drogado. A reportagem da TV atribui o mérito ao homem, mas vejo na mulher a figura da coragem e do amor verdadeiro.
E aquele pedreiro simples que carrega uma mulher estúpida na bicicleta.
E o velho de cabelos brancos que não soube dar valor a mulher que tinha e hoje ao ouvir o nome dela, seus olhos ficam marejados de arrependimento. 
A filha que perdeu a mãe e jamais esquecerá, mesmo tendo um marido e uma filhinha. 
A mulher quase perto dos 40 anos que ainda espera por um amor distante.
A menina que tem dúvidas quanto ao primeiro beijo e tenta simular a língua se movimentando através do espelho.
O homem com ovos de solitária na cabeça e coração despedaçado.
A vizinha velha que queria ter conhecido outros homens.
O homem que perdeu o irmão e nunca superou e entendeu por que as pessoas partem.
A senhora que antes lúcida, só pergunta agora: - Quem são vocês?
Ao homem que construiu a sua casa e agora dorme todas as noites mais tranquilo
Aquele que espera o resultado do concurso, da entrevista, da oportunidade.
A professora que nunca teve um namorado e hoje cria os sobrinhos.
Ao garoto que passa todos os dias na frente da casa da mulher, só pra vê-la chegar com seu lenço amarrado no pescoço.
Ao velho solitário que procura sexo pela internet.
A mãe adotiva que tem medo que a filha queira voltar ao orfanato para ficar com os irmãos.
A moça que compra sacolas recicláveis, mas não porque pensa na preservação, mas porque quer se preservar do contato com os homens.
Ao veterinário que quer ser piloto de avião.
A amiga que ama o amigo há mais de 5 anos, mas que ainda ajuda a comprar os presentes para a futura esposa.
A cachorra velha que foi abandonada porque não combinava com a nova casa.
A empregada que passa aquela blusa de seda da patroa e, que sempre teve vontade de experimentar.
A mãe que não se perdoa por ter gerado um filho deficiente.
Ao aposentando bissexual que escreve romances
A obesa triste que trabalha com as mãos.
A solteirona que se converteu a igreja de olho no moço de 40 anos.
Ao homem que procura até hoje pelo cheiro da namorada, após o bolero de Ravel.
A mulher que rasgou todas as fotos da sua única viagem ao exterior por conta do divórcio. 
Ao homem que não perdoou a traição da esposa.
A médica que perdeu um bebê e que morreu sem o perdão da mãe.
Ao moço estranho que só quer ser conhecido pela sua excentricidade.
A professora que se ruborizou com o elogio de um pai solteiro.
A secretária que todo dia passa pano com álcool na mesa do chefe, mas sonha ser uma grande chef de cozinha.
A menina que guarda o dinheiro para a primeira tatuagem, embora ela nem saiba o que tatuar.
A moça que cola borboletas na geladeira vazia.
o velho que nunca conheceu o mar
a casada que anseia por um jantar fora e um beijo de despedidas.
O moço que leu tanto e que se perdeu dentro de um livro.
E assim vão vivendo tantos
E quando morrem desaparecem
Para quem sabe um dia virarem estrelas no céu.