Descobertas acontecem todos os dias
Você consegue ver?
elas podem ser comparadas
com pequenas formigas esforçadas
ou com mãos habilidosas
É preciso sentir a graça do mundo
rir do esquecimento
não se intimidar com os problemas
não sofrer em vão
Você consegue ver?
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
O coelho na lua
A minha mãe hoje me perguntou como andava o blog, relatei a ela, que há dias não escrevia nada, mas me veio a cabeça (e associado a insônia) uma história muito bela, que gostaria de compartilhar, já que acredito que as histórias alimentam... não só os blogs, mas principalmente as almas.
Dizem que se você observar a lua, quando ela está muito cheia e brilhante, consegue ver um vulto, com orelhas compridas, com corpo de coelho, dizem que tem até aquele rabinho de pompom.
A explicação pra isso vem de uma história ...
Há muito tempo atrás, em uma floresta de diversas árvores, flores e animais, vivia quatro amigos inseparáveis: o macaco, a lontra, o elefante e o coelho. Eles se adoravam, mas o mais querido de todos era o coelho. De fato, o coelho era muito especial, era sábio, generoso e puro. Mas sobretudo tinha um coração de ouro. muitas vezes via-se o coelho sentado no meio de uma clareira rodeado de animais e ele lhes contava histórias maravilhosas. Falava do poder de cura das plantas, do poder e da bondade e de como elas podem mudar o mundo. Falava das estrelas, dos planetas e da magia de estar vivo.
Até os animais mais ferozes vinham a essas reuniões. Vinha tigre, crocodilo, lobo... E o coelho inspirava a todos. Tanto era assim, que seus melhores amigos começaram a mudar. O macaco, tão levado e malcriado, que estava sempre planejando travessuras e pregando peças em todo mundo, passou a respeitar e a ajudar os outros. A lontra era tão gananciosa, queria os peixes só pra ela. Pois ela passou a dividir o que era seu com os outros. E o elefante era tão reservado, que nunca dizia aos outros animais onde ficavam as fontes de água, passou a compartilhar também o que sabia. O coelho tornou-se mais bondoso ainda e a bondade do seu coração passou a brilhar mais ainda.
Um dia o coelho teve uma ideia maravilhosa, chamou os amigos e disse:
- Temos muito alimento, muita água, muito amor, amizade, por que não oferecemos o que temos ao mundo a nossa volta? Há tantos pedintes, tantas crianças passando fome, vamos oferecer um pouco de nós mesmos.
Bem no momento em que o coelho estava falando, o grande espírito celestial passou e ouviu as palavras. Mal conseguiu acreditar.
E o coelho continuou: - vejam amigos, vejam a lua com seu brilho, lançando raios prateados, através da escuridão da noite, podemos fazer o mesmo com o nosso amor. Podemos transformar tristeza e aflição. Vamos dar felicidade a quem entrar na floresta amanhã.
Os outros adoraram a ideia. E naquela noite, sentados embaixo de uma árvore, à luz da lua, os quatro animais faziam planos para o dia seguinte.
A lontra prometeu que daria os peixes que conseguisse pescar. O macaco prometeu as bananas e mangas maduras que conseguisse colher e o elefante prometeu que daria água da fonte que conseguisse descobrir. E assim, eles adormeceram. Mas o coelho não conseguia dormir, pois não parava de pensar no que poderia dar.
- meu único alimento são as ervas verdes, dificilmente alguém gosta disso. Não tenho nada pra dar aos outros. E passou a noite toda pensando no que poderia dar, até que uma coisa horrível lhe veio a cabeça, lembrou-se de que gente adora comer carne de coelho. Respirou fundo e prometeu dar-se a si mesmo. E assim adormeceu.
O ser celestial que tudo ouvira, escutou aquela promessa admirável e resolveu descer a Terra, disfarçado de pedinte para por o coelho à prova. Achava inacreditável que um simples coelho fosse capaz de tão maravilhoso desprendimento.
No dia seguinte, os animais ouviram um chamado: - me ajudem por favor, me perdi na floresta, tenho fome e sede. Ao ouvir, os amigos correram até o pedinte e na mesma hora, o macaco pulou na mangueira, trouxe um monte de mangas suculentas e colocou diante do homem. A lontra mergulhou no rio e pescou muitos peixes gorduchos e trouxe -os para o homem. O elefante correu até uma fonte, sugou um monte de água e trouxe para o homem beber e se lavar. O coelho se pos na frente do homem e disse: - acenda uma fogueira para eu pular dentro dela e você poderá comer a minha carne.
O ser celestial, disfarçado de pedinte ficou admirado com tanta coragem, estalou os dedos e fez um som estranho e bem ali, na sua frente surgiu uma fogueira que crepitava. O coelho sem pensar duas vezes, pulou dentro do fogo, mas nem um pelo dele se chamuscou, nem um centímetro de seu corpo queimou, pois no mesmo instante o ser celestial colocou-o na palma de sua mão e disse:
- nunca vi tanta coragem nesta Terra, seu desprendimento precisa ser contado ao mundo todo. Vou colocá-lo na lua, meu caro coelhinho, para que todos aprendam, para que todos lembrem. Você sempre aparecerá na lua cheia, sua bondade e amor brilharão com o luar prateado através de todo o imenso mundo. E foi com essas palavras que o ser celestial ergueu o coelho até o céu e colocou na lua, onde ele vive até hoje.
Dizem que se você observar a lua, quando ela está muito cheia e brilhante, consegue ver um vulto, com orelhas compridas, com corpo de coelho, dizem que tem até aquele rabinho de pompom.
A explicação pra isso vem de uma história ...
Há muito tempo atrás, em uma floresta de diversas árvores, flores e animais, vivia quatro amigos inseparáveis: o macaco, a lontra, o elefante e o coelho. Eles se adoravam, mas o mais querido de todos era o coelho. De fato, o coelho era muito especial, era sábio, generoso e puro. Mas sobretudo tinha um coração de ouro. muitas vezes via-se o coelho sentado no meio de uma clareira rodeado de animais e ele lhes contava histórias maravilhosas. Falava do poder de cura das plantas, do poder e da bondade e de como elas podem mudar o mundo. Falava das estrelas, dos planetas e da magia de estar vivo.
Até os animais mais ferozes vinham a essas reuniões. Vinha tigre, crocodilo, lobo... E o coelho inspirava a todos. Tanto era assim, que seus melhores amigos começaram a mudar. O macaco, tão levado e malcriado, que estava sempre planejando travessuras e pregando peças em todo mundo, passou a respeitar e a ajudar os outros. A lontra era tão gananciosa, queria os peixes só pra ela. Pois ela passou a dividir o que era seu com os outros. E o elefante era tão reservado, que nunca dizia aos outros animais onde ficavam as fontes de água, passou a compartilhar também o que sabia. O coelho tornou-se mais bondoso ainda e a bondade do seu coração passou a brilhar mais ainda.
Um dia o coelho teve uma ideia maravilhosa, chamou os amigos e disse:
- Temos muito alimento, muita água, muito amor, amizade, por que não oferecemos o que temos ao mundo a nossa volta? Há tantos pedintes, tantas crianças passando fome, vamos oferecer um pouco de nós mesmos.
Bem no momento em que o coelho estava falando, o grande espírito celestial passou e ouviu as palavras. Mal conseguiu acreditar.
E o coelho continuou: - vejam amigos, vejam a lua com seu brilho, lançando raios prateados, através da escuridão da noite, podemos fazer o mesmo com o nosso amor. Podemos transformar tristeza e aflição. Vamos dar felicidade a quem entrar na floresta amanhã.
Os outros adoraram a ideia. E naquela noite, sentados embaixo de uma árvore, à luz da lua, os quatro animais faziam planos para o dia seguinte.
A lontra prometeu que daria os peixes que conseguisse pescar. O macaco prometeu as bananas e mangas maduras que conseguisse colher e o elefante prometeu que daria água da fonte que conseguisse descobrir. E assim, eles adormeceram. Mas o coelho não conseguia dormir, pois não parava de pensar no que poderia dar.
- meu único alimento são as ervas verdes, dificilmente alguém gosta disso. Não tenho nada pra dar aos outros. E passou a noite toda pensando no que poderia dar, até que uma coisa horrível lhe veio a cabeça, lembrou-se de que gente adora comer carne de coelho. Respirou fundo e prometeu dar-se a si mesmo. E assim adormeceu.
O ser celestial que tudo ouvira, escutou aquela promessa admirável e resolveu descer a Terra, disfarçado de pedinte para por o coelho à prova. Achava inacreditável que um simples coelho fosse capaz de tão maravilhoso desprendimento.
No dia seguinte, os animais ouviram um chamado: - me ajudem por favor, me perdi na floresta, tenho fome e sede. Ao ouvir, os amigos correram até o pedinte e na mesma hora, o macaco pulou na mangueira, trouxe um monte de mangas suculentas e colocou diante do homem. A lontra mergulhou no rio e pescou muitos peixes gorduchos e trouxe -os para o homem. O elefante correu até uma fonte, sugou um monte de água e trouxe para o homem beber e se lavar. O coelho se pos na frente do homem e disse: - acenda uma fogueira para eu pular dentro dela e você poderá comer a minha carne.
O ser celestial, disfarçado de pedinte ficou admirado com tanta coragem, estalou os dedos e fez um som estranho e bem ali, na sua frente surgiu uma fogueira que crepitava. O coelho sem pensar duas vezes, pulou dentro do fogo, mas nem um pelo dele se chamuscou, nem um centímetro de seu corpo queimou, pois no mesmo instante o ser celestial colocou-o na palma de sua mão e disse:
- nunca vi tanta coragem nesta Terra, seu desprendimento precisa ser contado ao mundo todo. Vou colocá-lo na lua, meu caro coelhinho, para que todos aprendam, para que todos lembrem. Você sempre aparecerá na lua cheia, sua bondade e amor brilharão com o luar prateado através de todo o imenso mundo. E foi com essas palavras que o ser celestial ergueu o coelho até o céu e colocou na lua, onde ele vive até hoje.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
fragmentos II
Rilke escreveu que o amor e a amizade existem para propiciar oportunidades para a solidão.
Ela sempre foi uma romantica e, sempre imaginou que a sua vida viria a ser um roteiro de cinema, a cada namoro, a cada conquista, o sentimento enfraquecia, mas ela não queria deixar de acreditar no que o mundo propaga. No que a voz de sua tia velha sempre lhe dizia: para toda panela há uma tampa. Sempre achou meio estranho essa comparação. Mas imaginava-se uma panela brilhante, ofuscante ainda sem a tampa. Aliás muitas tampas por ali passaram, mas algumas grandes, outras velhas ou pequenas. E quando uma tampa parecia se encaixar... logo percebia-se que não era daquela panela. Aquilo tudo era muito engraçado, mas entristecia a tal mulher. E o sentimento enfraquecia. Fez tanto pelo amor que havia se cansado. Sabia que existia outras formas de amar, mas tudo ainda era muito distante para ela. No fundo o que qualquer mulher deseja seja ela qual classe social e economica pertença é alguém pra amar e também desejar a reciprocidade. As que proclamam aos quatro ventos que não querem ter filhos, são talvez as que mais desejam que os seios venham alimentar um pedaço de você em você mesma. Mas com o tempo, o sentimento enfraquece, a libido, a sedução dá margem a uma gaveta cheia de soutiens beges e calcinhas grandes de algodão. No fundo a cada escovada de dente que se faz antes de ir pra cama, é também um pedido ao espelho, que o tempo seja generoso, que segure mais as rugas, os cabelos brancos e as linhas mais acentuadas a se formar no rosto. Mas o sentimento enfraquece.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
fragmentos
Hoje a garota tentou pela última vez, ficou sentada esperando ele passar e mais uma vez tentou falar, rememorar o passado, mas não na tentativa de voltar, mas de limpar com água limpa e cristalina os últimos pingos de sujeira que insistem em grudar no seu mais predileto casaco. Como sempre ele foi bruto, ríspido, desgradável ao ponto de deixar nela a mesma marca: a do arrependimento. Arrepende-se de tudo e principalmente por esperar uma conversa que nunca acontecerá, uma limpeza que nunca a higienizará. Pensa no tempo desperdiçado, nas chances sem muitas expectativas. Volta pisando leve, quase chorando, pega a bicicleta e percorre as ruas, já com lágrimas nos olhos. Vive só, apenas um gato vira lata a faz companhia. Dorme sozinha e seu útero em desuso dói. Até quando comprará livros de auto ajuda? Até quando se olhará no espelho e fará consigo aquele breve diálogo. Até quando se entupirá de remedios? Até quando viverá pra ver o mundo apodrecer de mesquinhez.
Só um minutinho...
Quando a vovó acordou pela manhã, ouviu batidas na porta, sabe quem era? Era o Senhor Esqueleto, que ajeitou o chapeu e disse que estava na hora da vovó ir embora com ele.
- só um minutinho, disse a vovó, antes eu tenho que varrer 1 casa.
O senhor Esqueleto sentou, afinal, tinha tempo... 1 casa varrida, vamos?
- só um minutinho, disse a vovó, tenho que ferver 2 bules de chá.
O senhor Esqueleto suspirou e esperar mais um pouquinho não faria mal, 2 bules de chá fervido, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, tenho que fazer 3 tortas.
o senhor Esqueleto revirou os olhos, ele precisava ter muita paciência mesmo, 3 tortas feitas, vamos?
- só um minutinho, tenho que fatiar 4 frutas.
O Senhor Esqueleto franziu a testa, estava demorando demais da conta, mais do que ele imaginava, 4 frutas fatiadas, podemos ir agora???
- só um minutinho Senhor Esqueleto, agora tenho que fazer 5 queijos.
O Senhor Esqueleto batia com os dedos na mesa, isso já estava passando dos limites! 5 queijos prontos, agora vamos?
- só um minutinho Senhor esqueleto, agora preciso fazer 6 panelas de comida.
O Senhor esqueleto levantou os braços e sacudiu as mãos, o que mais ele podia fazer, 6 panelas de comida feita, deu o braço para a vovò e disse: vamos?
- Só um minutinho Senhor Esqueleto, agora eu tenho que plantar 7 mudinhas de manjericão.
O Senhor esqueleto, sacudiu a cabeça, já estava ficando tarde! plantadas as mudinhas, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, eu já vou, mas antes tenho que arrumar 8 pratos de comida na mesa.
Chega! O Senhor Esqueleto já não aguentava mais, 8 pratos de comida prontos! agora vamos!
Olha só Senhor esqueleto, ali, vem meus netos!
O senhor Esqueleto respirou fundo e contou, 1,2,3,4,5,6,7,8...9
9 netos lindos correndo porta adentro, as crianças sentaram a mesa, cada uma no seu lugar.
-Agora todos os meus convidados estão aqui, e formam 10, o número 10 é o Senhor esqueleto!
Estava na hora de comemorar o aniversário da vovó, quando o bolo chegou, todo acesso, a vovó apagou como um furacão! Quando a festinha acabou a vovó, beijou todos os netos, um, por um.
E então anunciou: - Estou pronta Senhor Esqueleto, mas puxa vida, aonde estava o Senhor esqueleto, vovó, só encontrou um bilheteque dizia:
"Querida vovó
Sua festa de aniversário foi um assombro! Eu nunca me diverti tanto! Não quero perder sua próxima festa por nada neste mundo. Sinceramente. Senhor Esqueleto"
- só um minutinho, disse a vovó, antes eu tenho que varrer 1 casa.
O senhor Esqueleto sentou, afinal, tinha tempo... 1 casa varrida, vamos?
- só um minutinho, disse a vovó, tenho que ferver 2 bules de chá.
O senhor Esqueleto suspirou e esperar mais um pouquinho não faria mal, 2 bules de chá fervido, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, tenho que fazer 3 tortas.
o senhor Esqueleto revirou os olhos, ele precisava ter muita paciência mesmo, 3 tortas feitas, vamos?
- só um minutinho, tenho que fatiar 4 frutas.
O Senhor Esqueleto franziu a testa, estava demorando demais da conta, mais do que ele imaginava, 4 frutas fatiadas, podemos ir agora???
- só um minutinho Senhor Esqueleto, agora tenho que fazer 5 queijos.
O Senhor Esqueleto batia com os dedos na mesa, isso já estava passando dos limites! 5 queijos prontos, agora vamos?
- só um minutinho Senhor esqueleto, agora preciso fazer 6 panelas de comida.
O Senhor esqueleto levantou os braços e sacudiu as mãos, o que mais ele podia fazer, 6 panelas de comida feita, deu o braço para a vovò e disse: vamos?
- Só um minutinho Senhor Esqueleto, agora eu tenho que plantar 7 mudinhas de manjericão.
O Senhor esqueleto, sacudiu a cabeça, já estava ficando tarde! plantadas as mudinhas, vamos?
- só um minutinho Senhor Esqueleto, eu já vou, mas antes tenho que arrumar 8 pratos de comida na mesa.
Chega! O Senhor Esqueleto já não aguentava mais, 8 pratos de comida prontos! agora vamos!
Olha só Senhor esqueleto, ali, vem meus netos!
O senhor Esqueleto respirou fundo e contou, 1,2,3,4,5,6,7,8...9
9 netos lindos correndo porta adentro, as crianças sentaram a mesa, cada uma no seu lugar.
-Agora todos os meus convidados estão aqui, e formam 10, o número 10 é o Senhor esqueleto!
Estava na hora de comemorar o aniversário da vovó, quando o bolo chegou, todo acesso, a vovó apagou como um furacão! Quando a festinha acabou a vovó, beijou todos os netos, um, por um.
E então anunciou: - Estou pronta Senhor Esqueleto, mas puxa vida, aonde estava o Senhor esqueleto, vovó, só encontrou um bilheteque dizia:
"Querida vovó
Sua festa de aniversário foi um assombro! Eu nunca me diverti tanto! Não quero perder sua próxima festa por nada neste mundo. Sinceramente. Senhor Esqueleto"
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
O vaso de ouro
Era uma vez, há muito tempo atrás, um sultão muito malvado. Seu coração era duro como pedra, não sentia pena de ninguém. Todos tinham medo dele, do mais humilde ao mais poderoso. E ele só tinha medo de uma coisa no mundo: de envelhecer! Todos os dias passava horas e horas sentado em suas almofadas, de espelho na mão. Ficava examinando o próprio rosto. Se via um cabelinho branco, na hora mandava tingir, se percebia uma ruga, passava creme e ficava massageando pra ver se a ruga desaparecia. Ele ahava que todo mundo o temia, porque era jovem e que se um dia ficasse velho, ninguém mais o obedeceria. E para que nada lembrasse a velhice, o sultão malvado ordenou que todos os velhos fossem mortos, só queria ver rostos jovens ao seu lado. Infeliz daqueles que os cabelos ficassem grisalhos, eram conduzidos em praça pública pelos guardas e dacapitados! De toda parte chegavam mulheres, crianças, mocinhas e rapazes, para implorar ao sultão que poupasse a vida de um marido ou de um pai. Mas o sultão era inflexível! Até que um dia, resolveu anunciar a todos: "Escutai todos, eu o generoso sultão, vou conceder uma graça, aquele que conseguir recuperar o vaso de ouro que caiu no fundo do lago, perto do palácio, terá como recompensa o perdão da vida de seu pai e poderá ficar com o vaso, tamanha é minha generosidade" - "mas quem não conseguir pegar o vaso, terá a própria cabeça cortada! e isso acontecerá todas as manhãs, essa é a minha vontade.
Rapidamente na manhã seguinte, havia muitos jovens, todos queriam recuperar o vaso de ouro. Os bons nadadores achavam a prova fácil, a margem do lago era alta e quem se debruçasse um pouco percebia com nitidez, no fundo da água clara e transparente, um maravilhoso vaso de ouro. Noventa e nove dias se passaram e noventa e nove mocinhos tiveram as cabeças cortadas. Nenhum deles conseguia chegar ao vaso de ouro. Havia um mocinho chamado Asker, que se deu conta que seu pai estava começando a envelhecer, quando os cabelos brancos começaram a se misturar aos negros, levou o pai as montanhas para escondê-lo e todos os dias levava comida e fazia sua visita. Quando soube na notícia, resolveu que tentaria, estava cansado de toda noite ir até a montanha e queria que o pai voltasse a ter uma vida normal. Começou então a pensar noite e dia no vaso do sultão e não conseguia entender porque quando se olha da margem, é possível enxergar o vaso com nitidez, que parece que é só estender a mão para pegá-lo e no entanto quando se mergulha, a água fica turva e o vaso desaparece. Sem dizer nada o velho escutava o filho falar, depois pensou, pensou e perguntou:
- Diga meu filho, por acaso não haveria uma árvore qualquer na margem, junto do lugar que avista o vaso?
- Sim meu pai - respondeu o jovem, bem na margem, há uma árvore muito grande, frondosa.
-Procure lembrar meu filho, a árvore reflete na água?
- Sim meu pai, a árvore reflete.
- E o vaso não é visível justamente no meio do reflexo da árvore?
- Sim, é no reflexo verde da árvore que se avista o vaso.
- Então ouça o que eu vou lhe dizer, suba na árvore e lá que o vaso está. O que você vê é o reflexo.
Rápido como uma flecha, o rapaz desceu a montanha e no dia seguinte, pela manhã, era o primeiro a tentar capturar o vaso de ouro.
- juro por minha cabeça que encontrarei o vaso - disse o moço
- dúvido! ria o sultão.
Asker foi ao beira do lago e sem hesitar um segundo, ao invés de se jogar na água, aproximou da árvore e subiu em seus troncos, chegou ao topo da árvore e pendurado entre as folhas, encontrou o vaso de ouro. O jovem trouxe o vaso para o sultão, que impressionado disse: - eu não tinha ideia de que era tão inteligente.
- Não, respondeu Asker, sozinho eu nunca teria tido essa ideia, mas tenho um velho pai, que escondi na montanha, foi ele que adivinhou onde estava o vaso.
- Ah foi isso! - disse o sultão, então seria o caso de crer que os idosos são mais inteligentes que os mais jovens, pois mesmo estando longe do lago, um velho encontrou o que cem rapazes não viram...
E desde aquela época, no pais daquele sultão, todo mundo passou a venerar os velhos e, quando passa um velho de cabelos brancos e pele enrugada, todos lhe dão lugar e fazem reverência profunda.
A menina e os botões
Não era dada a brincadeiras de rua, não porque sua mãe não deixava, mas porque o contato humano e infantil quase não lhe fazia falta. Havia coisas que não conseguia fazer e, uma delas era subir nas escadas do escorregador do parquinho. Ela tentava, subia até o segundo degrau, mas ao terceiro suas pernas tremiam e sentia muito medo. As crianças passavam por ela em maratona, subiam as escadas, sentavam e acomodavam o bumbum lá em cima e podiam ter aquela sensação de liberdade. Pelo menos era isso que ela pensava... liberdade. Tinha alguns que abriam os braços e escorregavam como se estivessem descendo do céu a Terra. Ela engolia seco aquela vontade e se sentia muito triste. Seus pais até que tentavam ajudá-la, mas ela não permitia ajuda. Aprendera desde cedo, a lidar com as pequenas frustrações.
Mas quando chegava em casa e pisava com seus pequenos pés no tapete azul que cobria toda a sala, ela se sentia bem, rapidamente buscava a sua caixa, sua caixa de sapatos, dentro havia várias caixinhas de fosfóros e, cada uma carregava um sobrenome. Dentro de cada uma, existia vida, existia uma família. A menina minuciosamente montava sem pressa a sua cidade. Os botões de paletó eram os homens distintos que saiam logo cedo para o trabalho, as mulheres no geral ficavam em casa, cuidando dos botões menores. Era uma incrível cidade habitada por botões. Alguns tinham uma vida cheia de prazeres... enormes casas, empregados, viagens, muito dinheiro. Outros aceitavam um trabalho modesto. Não havia igrejas, os casamentos eram feitos em lindos parques, as noivas eram botões encapados de branco. Eram lindas!
A menina passava horas com seus botões. A mãe dizia que nem parecia ter uma criança em casa. A menina tinha fixação por botões e ficou assim também com as roupas das visitas, quando alguém chegava, a primeira coisa a olhar eram os botões e com isso imaginava como seria bom tê-los. Algumas vezes, acontecia de um botão se perder... alguns também se perdiam embaixo do sofá... e alguns morriam: morte natural ou jogados no lixo, por cometerem atos que fossem contra as regras da cidade dos botões. Mas o dia mais feliz para a menina era quando saia às pressas e contornava o quarteirão, chegando a casa da costureira. Ela a entendia tão bem. Das mãos habilidosas da simples costureira abria-se novas vidas, pois ela entregava a menina um pequeno saco de cor parda, que tilintava um barulho tão conhecido que enchia a menina de alegria e curiosidade. Eram novos botões... alguns já vinham velhos, maltrapilhos e logo seriam pacientes para o Dr. Henrique no hospital dos botões. Os já muito gastos eram avós que chegavam de outra cidade, alguns eram levados a habitar um pequeno asilo. Os pequenos, eram sempre as crianças... peraltas de todas as cores. Os dourados eram mulherem ricas e no geral fúteis, pois viviam a arrumar os cabelos e fazer as unhas. A costureira numa dessas entregas sorria e dizia a menina: - semana que vem haverá mais, tenho muitas roupas para consertar e fazer. A menina agradecia e saia feliz nomear os novos habitantes. Certa vez, chegou um botão que era comandante, ele era muito galanteador e muitas mulheres douradas se engraçaram por ele. Voltou ao mar e nunca mais o viram. A menina suspeitava que ele havia sido engolido pelo grande monstro feroz, que algumas vezes avançava pela cidade, quebrando e levando vários moradores embora na sua boca salivante. Sempre pedia que a mãe não deixasse Lady entrar em casa, era uma cadela sem modos e sempre provocava pânico entre os botões. O tempo foi passando e as idas a costureira continuaram, mas o número de botões fora diminuindo, muitas vezes a menina levava o saquinho pardo, mas por falta de interesse, nem abria, guardava na caixa de sapatos. Teve um dia que tomou coragem e disse que não precisava mais deles. Agora sentava na cadeira, e folheava a revista da moda, tinha ideias e queria ficar linda em saias, blusas e nas grandes coisas que gostaria de vestir.
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