domingo, 15 de abril de 2012

Leituras

Final de semana = ler, e não tem coisa melhor! Como é bom ler o que a gente gosta e tem vontade...
Vou colocando aos poucos, algumas coisas que tenho lido...

A história da sopeira e da concha é um humorado e delicioso contos de fadas, escrito por Michael Ende (o mesmo que escreveu "A história sem fim" que virou filme). Tudo se passa em dois reinos, dividido por uma grande montanha, dois reinos, dois reis, duas rainhas. Os dois reinos não tinham contato, mas a vida deles começa a se envolver quando no batizado dos filhos, uma convidada é esquecida. Assim como na Bela Adormecida, a convidada, um pouco mais boazinha, presenteia as duas famílias com presentes: para um reino ela dá uma sopeira mágica, uma sopeira que tem o poder de fabricar sopa sozinha, uma sopa deliciosa e nutritiva, capaz de alimentar muitas bocas (que só funciona, com a concha mágica) e para o outro reino, ela dá uma concha mágica (que só funciona com uma sopeira mágica). Nem é preciso dizer que depois de descoberta, aonde estava a sopeira e a concha, os dois reinos, começam a travar uma grande disputa, sem nenhum sucesso. Após os reinos ficaram destruídos, foi um prato de sopa que salvou todo mundo no final. Uma graça! Quando li, fiquei imaginando uma peça de teatro, dramatizada a história deve ficar linda.


Eu já havia tentado uma vez ler Fausto de Goethe, mas confesso que a leitura me cansou... Um dia desses, vi na biblioteca, um Fausto juvenil, seria uma pequena introdução, uma adaptação da escritora Barbara Kindermann. Li, e gostei. Tudo começa quando Mefisto, um demônio, reclama a Deus que as coisas que ele criou não tem a miníma graça, mesmo o Dr Fausto (que Deus havia mencionado como um bom e estudioso homem). Mefisto aposta que pode trazer o tal homem para o mau caminho e aí, começa uma série de aventuras, quando Mefisto desce a Terra e encontra Fausto. Há passagens bem interessantes. No final, Mefisto perde a aposta e Fausto é perdoado.
De João Guimarães Rosa, "Fita verde no cabelo" é uma linda releitura do conto clássico Chapeuzinho Vermelho, que eu faço questão de colocar completa para que todos possam apreciar.

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita - Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar fambroesas.
Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então ela, mesma, era quem dizia: "Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou". A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto passa por elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
- "Quem é?"
- "Sou eu..." - e Fita Verde descansou a voz. - "Sou sua linda netinha, com cesto e com pote, com a Fita Verde no cabelo, que a mamãe me mandou."
Vai, a avó difícil, disse: - "Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus a abençoe."
Fita Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar apagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - "Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo."
Mas agora Fita Vede se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
- "Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!"
- "É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...." - a avó murmurou.
- "Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados".
- "É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta..." - a avó suspirou.
- "Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?"
- "É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha...." - a avó ainda gemeu.
Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou: - "Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..."
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um dia

Bom, li o tal falado e recomendado livro de David Nicholls, a história de Emma e Dexter, que se conhecem na formatura e passam o livro todo, em encontros e desencontros. Olha, eu achei a Emma muito boba, por gostar tanto desse Dexter. Esse Dexter, um chato! tremendo egoista. E o fim do livro! ah! nem é bom falar. Eu gostei do livro, tem passagens que o livro me fez dar uma volta ao passado, mexeu comigo, mas eu teria dado outro final, talvéz menos moralizante, parece que o Dexter, aprendeu uma lição. É aquela história, você só valoriza o que perde. Eu perdi uma Emma Morley na minha vida, não de maneira tão trágica e ao mesmo tempo idiota, mas perdi no meio da vida e aprendi a lição. Moralizante não?

domingo, 25 de março de 2012

Hoje é um dia muito especial! Se fosse alguns meses atrás, o dia 25/03 não representaria nada, mas a vida é feita para nos surpreender! Como é magnífica a vida, quando do nada nos presenteia com pessoas especiais. Quando nos dá acima de tudo: amigos! Lindo, velho rabugento, sou uma pessoa melhor quando você está por perto. Parabéns!

Mais leituras...

Esse final de semana foi de leituras, aproveitei a abonada na sexta feira, a espera no consultório médico para colocar a leitura em dia, e devolver os livros emprestados... a primeira dica, é "Lendas da África moderna" encantador e muito póetico, adorei a primeira história que conta um pouco do ofício do contador... descrevendo uma história entre a cobra e o rato. Ótima!
"Os pestes" é um livro que você lê rapidamente, a leitura é interessante e corre, as ilustrações também são ótimas. No resumo bem geral, conta a história de um casal: Sr Peste e a Sra. Peste e as maldades que um faz para o outro, é um casamento que superou a crise e que vive sob os olhos da tortura, mas eles se merecem, e por isso, estão juntos e terminam juntos também. O Sr Peste é do tipo homem nojento, não toma banho, vive sujo e tem uma barba enorme, onde ficam presos pedacinhos de comida! A Sra Peste não fica muito longe não! ela é feia, mas não aquela feia, que parece bonita aos olhos dos outros. Ela é feia de maldade, das coisas horríveis que ela também faz. Tem um olho de vidro e problemas na perna. Eles comem torta de passarinhos, e possuem numa gaiola uma família de macacos (o macaco Simão, a macaca Catarina e seus dois filhinhos) e como eles sofrem! Eles são obrigados a treinar vários números de circo - tudo de cabeça pra baixo! Sim, porque o sonho do Sr Peste é ter o primeiro grande circo de macacos de cabeça pra baixo.
Roald Dahl escritor britânico já falecido,  escreveu vários livros, principalmente para o público infantil. Fiquei surpresa ao ler sua biografia e ver que foi ele que escreveu "a fantástica fábrica de chocolates" , "Matilda", James e o pêssego gigante","Fantástico Sr Raposo" e "gremlins" incrível né! muita de suas obras viraram filmes, ver link:
 http://mardehistorias.wordpress.com/2009/12/26/roald-dahl-iv-livros-que-viraram-filme/?blogsub=confirming#blog_subscription-3
Ele foi casado 30 anos com uma atriz americana e teve 5 filhos (eu adoro a vida privada dos escritores!). Adorei conhecê-lo.


sábado, 24 de março de 2012

O casaco de Pupa





"Aquilo que a lagarta chama de fim do mundo, o resto do mundo chama de borboleta" -
 Lao Tse

Sou apaixonada por livros infantis, principalmente por ilustrações (que são tudo em um livro). As imagens desse livro, falam por si. Realmente encantador! Mas vamos para a história...

"O casaco de Pupa" - Elena Ferrándiz

Toda manhã a menina metia-se no casaco de medos que usava desde pequenina e que foi crescendo com ela. E saía pelas ruas, coberta de MEDOS.
MEDO da solidão.
MEDO que não a queiram.
MEDO que a queiram.
MEDO de voar.
MEDO de afogar-se.
MEDO de sentir-se perdida.
MEDO que tudo mude.
MEDO que tudo continue igual. Igual, igual, igual, igual...
MEDO do futuro.
MEDO de repetir o passado. Passado.
MEDO de não avançar.
MEDO de dar um passo.
MEDO dos outros
MEDO dela mesma.
O casaco ficou pesado demais e ela já não conseguia ir a lugar nenhum. Então, encheu-se de coragem e resolveu livrar-se dele!
E voou.


Esse é um livro para todas as idades e principalmente para nós mulheres. Maravilhoso!

A autora e ilustradora é Elena Ferrándiz (Espanha) e tem um blog também encantador, onde divulga seu trabalho
eis o endereço:

http://elenaferrandiz.blogspot.com.br/

Vale a pena ter o livro em mãos, eu costumo dizer, que temos que olhar para o belo, (imagens, pinturas, fotografias...) acostumar a olhar lá dentro... abrir nosso repertório visual, acolher cada vez mais na memória, imagens que nos conectem a outras imagens... esse livro é uma daquelas imagens que carrego comigo, no meu repertório.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A foto é uma história congelada

Ah! como é bom ser criança! Eu não tive problemas com a minha infância, eu posso escrever sem qualquer receio que tive uma infância feliz, eu era a boneca da mamãe, o sonho da mãe extremosa, era a menina do papai, a doçura da vovó. A menina boazinha que sempre teve juízo, que sempre se interessou por coisas precocemente, fiz o meu primeiro bolo de chocolate (com auxílio da mamãe com apenas 6 anos de idade), aprendi a pintar, costurar, bordar, inventar... cuidar da casa, sim! Porque lá no quintal da minha casa, eu tinha um armário, com centenas de gibis, uma lousa pra brincar de ser professora (e era a maior lousa da vizinhança) e uma mesinha com cadeiras, onde eu debruçava alguns caderninhos e fazia a minha economia doméstica; eu era casada com o Super Homem, ele trabalhava muito, e eu cuidava muito bem da nossa casa. Bolinho de lama, e macarrão de grama era a minha especialidade! Eu sempre tive uma queda por super herois, um apreço em ser dona de casa e uma solidão antiga. Desde pequena, eu cultivo uma dorzinha que nem sei bem o que é. Ás vezes acho que sofro de sensibilidade aguçada, tem gente que defende como medo exagerado de vida. Mas nem eu, que possuo isso, sei explicar ao certo o que é. A dorzinha passa, quando escrevo algumas palavras, quando coloco pra fora palavras entaladas em mim. Alguns poetas dizem que as palavras não servem para escrever cartas de amor, nem pra falar ao telefone, nem pra rir, chorar, mentir, proferir... dizem que as palavras servem para fabricar poemas. As palavras pra mim, soltas, leves, cambaleantes depois de um gira a gira servem pra amenizar a dor. Essa dorzinha que já contei antes.

sábado, 3 de março de 2012

Eu ainda tenho medo de acreditar de novo,
medo, medo, medo, medo,
foi o ogro da floresta,
foi o dragão de komodo
foi o princípe sapo
que me destruiu por dentro,
que me feriu por dentro,
que cravou um punhal pela frente.

às vezes, eu encontro pelo caminho
o passado
ele não sorri pra mim,
ele me evita
ele corre
ele vive e bebe ao lado de outra

Eu sou das antigas
eu tenho ansia de paixão
tenho vontade de romantismo
tenho inveja dos casais
que se amam, por hoje
porque como diz a poesia
nada é eterno

E numa noite de sol
em meio a uma multidão
dentro de uma sala
esbarrei no desconhecido
o desconhecido não era comum
e eu gosto dos incomuns
o contra me atraia

e agora a sensação de solidão
se torna menos forte
a inveja dos casais ainda continua,
mas amanhã, quando for casal
terão inveja de mim
e gosto de saber disso

Quero acreditar
mas o medo impede
que eu feche totalmente
os olhos
e pule
mesmo sem pular, já amo
e o amor, se encontra nas pequenas coisas
que você traz.